Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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07 Mai, 2020 - 14:36

COVID-19: o que assegurar se tomar conta de animais de estimação de outras pessoas

Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária

Se tomar conta de animais de estimação de outras pessoas deve ter em conta alguns cuidados, especialmente nesta altura de pandemia.

Mulher a tomar conta de animais de estimação de outras pessoas

Tomar conta de animais de estimação de outras pessoas requer sempre bastante responsabilidade, pois implica estar responsável pelo bem-estar e saúde do animal, sendo que este não é independente e exige tempo e dedicação.

Além dos habituais cuidados, nesta altura de crise sanitária deve ter cuidados redobrados para se proteger também a si.

8 cuidados que deve assegurar se tomar conta de animais de estimação de outras pessoas

1.

Perceba o motivo pela qual existe necessidade de tomar conta do animal

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Nesta altura de pandemia, é importante perceber o porquê do tutor não poder cuidar do seu animal de estimação, pois caso o tutor tenha sido diagnosticado ou esteja em risco devem ser tomadas medidas de protecção acrescidas.

Existem várias razões para que tenha que tomar conta de animais de estimação de outras pessoas, mas nesta altura, sendo que as viagens de lazer não são realizadas, os motivos quase sempre envolvem a impossibilidade do tutor cuidar do animal devido à COVID-19.

Dentro dos possíveis cenários de impedimento devido ao coronavírus, existem vários casos:

  1. O tutor foi diagnosticado com COVID-19 e está em isolamento obrigatório, sendo que não deve contactar com pessoas nem animais, nem pode sair da sua habitação, estando assim impedido de passear o seu cão, por exemplo.
  2. O tutor esteve em contacto com alguém com COVID-19 e está em vigilância, sendo que lhe foi aconselhado isolamento, e portanto, irá manter distância de outras pessoas e animais.
  3. O tutor é uma pessoa que pertence a um grupo de risco e deve, portanto, evitar sair da sua casa, não podendo realizar determinadas tarefas, como passear o seu cão.
  4. O tutor é um profissional de saúde e não tem disponibilidade para cuidar do seu animal e garantir os seus cuidados.

Estas são as situações mais frequentes nesta altura, no entanto, podem surgir outras, que devem ser tidas em consideração.

É sempre bom saber qual a razão que impede o tutor de tomar conta do seu melhor amigo, para se proteger a si e a ele.

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2.

Utilize equipamento de proteção individual se o animal tiver estado em contacto com alguém doente

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Caso a pessoa se encontre diagnosticada ou suspeita de ter COVID-19 e precise que o seu animal seja levado para outro local que não a sua casa, deve ter o cuidado de receber o animal com todas as precauções, utilizando equipamento de protecção individual.

O animal deve ser higienizado, e se possível dar-lhe um banho, para garantir que as possíveis partículas víricas sejam eliminadas da sua superfície.

Deve utilizar sempre luvas e lavar bem as mãos antes e depois de manusear o animal, bem como proceder à sua desinfecção.

Os animais de companhia não transmitem o vírus, no entanto, convivendo na mesma casa com pessoas infetadas, é possível que partículas do vírus infecciosas se depositem no pelo do animal, e portanto, deve ser limpo para assegurar a sua remoção.

Em caso de dúvida, estando a tomar conta de animais de estimação de outras pessoas nesta altura, estas medidas de proteção individual devem ser sempre asseguradas.

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3.

Questione o tutor para perceber se este pertence a um grupo de risco

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Caso o tutor do animal pertença a um grupo de risco, e necessitar da sua ajuda para cuidar do seu animal, não se esqueça de tomar todas as medidas para proteger o tutor de possíveis contágios.

O ideal é evitar sempre entrar na casa da pessoa, e se tiver que o fazer, utilize equipamentos de protecção individual para si e para o tutor, e mantenham sempre o distanciamento de segurança.

Se a tarefa for apenas levar o animal a passear, tome todos os cuidados durante o passeio do animal e garanta que o as patas do animal são desinfectadas quando é entregue ao tutor, e a trela deve também ser desinfectada.

Caso a tarefa de tomar conta de animais de estimação de outras pessoas envolva dar-lhe comida, água, mudar caixas de areia, entre outros, utilize sempre equipamento de protecção individual e desinfete todos os locais onde tocar.

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4.

Tenha em consideração as rotinas do animal

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Os animais são muito sensíveis a mudanças, e portanto, ter alguém a tomar conta deles que não o tutor pode ser muito agressivo para eles por si só. Assim, tente perceber com o tutor quais as suas rotinas, horários de passeios, de alimentação, de brincadeira, para tentar mantê-las.

5.

Pergunte ao tutor se o animal tem algum problema de saúde

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Independentemente de tomar conta de animais de estimação de outras pessoas em altura da pandemia ou não, é sempre importante perguntar ao tutor se o animal tem algum problema de saúde e se toma alguma medicação.

Também é importante saber qual o médico veterinário que acompanha o animal, para que, no caso de acontecer na ausência do tutor, possa levar o animal para um local onde já é conhecido e têm todo o seu historial clínico.

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6.

Escolha o melhor local para levar o animal

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Dependendo do animal pode ser melhor para ele que fique na sua própria casa ou então que seja levado para um local onde existe alguém permanentemente.

Principalmente no caso dos gatos, por serem uma espécie extremamente sensível a mudanças, é preferível, em condições normais que o animal seja mantido em casa, ainda que fique sozinho. A pessoa responsável por tomar conta do animal pode deslocar-se até lá para lhe garantir os cuidados básicos.

No caso dos cães, como são animais mais dependentes de pessoas, ficarem sozinhos em casa pode não ser uma boa ideia. Então, nestes casos é preferível que vão para um hotel ou espaço que acolha animais.

Idealmente não deverá levar animais que conviveram com pessoas contaminadas para sua casa.

7.

Evite contactos muito próximos com o animal

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Esta é uma coisa muito difícil de se fazer, especialmente para quem está habituado a lidar com animais e os adora. No entanto, neste momento, é importante que sejam tomados cuidados extra, e da mesma forma que não cumprimentamos nem beijamos pessoas que gostaríamos, também o devemos fazer com os animais.

Os animais adoram lamber as caras das pessoas, é a sua forma de demonstrar carinho, porém, é muito importante evitar este tipo de carinhos, especialmente se o animal não for seu, pois existe uma probabilidade de contágio por essa vida.

Mesmo que os animais não sejam portadores do vírus nem o possam transmitir a outras pessoas ou animais, as lambidelas podem ser uma forma de o animal ficar com partículas virais na superfície da sua língua e boca, e ao lamber outras pessoas pode haver uma possibilidade remota de contágio.

Ainda que a possibilidade de tal acontecer seja pequena, nesta altura, em que o conhecimento acerca do vírus ainda não é total, devem ser tomadas todas as medidas possíveis que visam diminuir o risco de contágio.

8.

Garanta que está bem de saúde

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Muito importante para evitar o contágio, se se comprometer a tomar conta de animais de estimação de outras pessoas, é ter a consciência de que não apresenta sintomas nem que pertence a um grupo de risco.

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