Psicóloga Ana Graça
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18 Fev, 2021 - 15:13

Fadiga da pandemia: afinal, quando é que isto acaba? 4 dicas!

Psicóloga Ana Graça

Sente-se farto? O cansaço acumula e torna-se cada vez mais difícil cumprir as restrições e gerir a ansiedade? É a fadiga da pandemia!

Fadiga da pandemia

Primeiro, chegou o medo e a preocupação. Depois instalou-se o cansaço. Já todos se questionam, afinal, quando é que esta dura realidade acaba? De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 60% da população europeia apresenta cansaço ou fadiga da pandemia. Vamos procurar compreender melhor este fenómeno.

O que é a fadiga da pandemia?

Mãe em teletrabalho com filho no colo

Há sinais de esperança. Após sucessivas vagas, após meses a enfrentar a realidade pandémica, a vacina chegou. Todavia, levará tempo até que todos estejam vacinados e as dúvidas sobre a imunidade ainda persistem.

Os mais diversos estabelecimentos comerciais continuam encerrados. Os pais acumulam o teletrabalho com o cuidado aos mais pequenos. Muitos continuam ainda a adoecer e, nos piores cenários, a falecer, à custa deste vírus.

Não ver o fim desta pandemia tende a provocar um complexo conjunto de emoções, nomeadamente: tédio, solidão, tristeza, frustração, ansiedade, medo, raiva e ressentimento devido à perda de atividade e de relações sociais devido às restrições que vigoram.

Este complexo conjunto de emoções é aquilo a que chamamos a fadiga da pandemia, ou seja, o cansaço e o sentimento de sobrecarga por nos mantermos constantemente preocupados e vigilantes, cumprindo restrições que provocam alterações no nosso dia-a-dia (1, 2, 3).

Crianças a brincar em casa
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O que provoca a fadiga da pandemia?

Mulher a sentir-se cansada por causa das restrições da pandemia

Após um ano de tantas limitações e sacrifícios, é natural que a fadiga da pandemia se torne mais evidente e que leve a que algumas pessoas se sintam menos motivadas para seguir as orientações e os comportamentos de proteção. De facto, este cansaço tende a diminuir a perceção de risco.

A fadiga pandémica pode provocar comportamentos indesejáveis. Estes comportamentos acontecem quando as pessoas tentam superar os sentimentos/emoções desagradáveis que experienciam e, como consequências, acabam por violar as restrições em vigor.

Por exemplo, pessoas que se sentem demasiado entediadas ou para quem a solidão se tornou insuportável, podem procurar contatos sociais perigosos, como festas ilegais.

Outro exemplo, pessoas que estão extremamente zangadas e ressentidas com as restrições impostas e não conseguem lidar de forma saudável com essas emoções, tendem a rejeitar ações úteis, como o uso de máscara.

Na verdade, é quase impossível alguém não estar cansado desta realidade, mas é importante que o cansaço não leve à indiferença! Ainda não é hora de baixar a guarda! (1 ,2, 3)

Como lidar com a fadiga da pandemia?

Mulher a olhar pela janela

Apesar do cansaço, não podemos baixar a guarda. Há que manter os esforços e gerir a fadiga da pandemia. Importa conter a propagação do vírus, garantir ao máximo a proteção de todos, ao mesmo tempo que damos continuidade à nossa vida e zelamos pelo nosso bem-estar psicológico. Eis 4 dicas que podem ajudar:

1

Manter o foco naquilo que podemos controlar

Embora pareça que quase tudo está fora do nosso controle, existem ainda muitas coisas que conseguimos controlar.

Há que manter o foco nelas, nomeadamente nas escolhas mais básicas do nosso dia a dia, que nos podem ajudar a manter a saúde física e o bem-estar psicológico (rotina diária; alimentação; contacto com amigos e familiares; ocupação dos tempos livres).

2

Manter o compromisso

Somos responsáveis pelos nossos comportamentos e está ao nosso alcance controlá-los.

Assim sendo, importa manter o compromisso e cumprir aqueles comportamentos que garantem a nossa seguranças e a dos outros (usar máscara; manter distanciamento social; cumprir a etiqueta respiratória). Não é altura de desistir. A pandemia ainda está para durar e fadiga não pode vencer.

3

Zelar pelo bem-estar psicológico

O autocuidado não é um conceito vago e banal. Podemos garanti-lo através de pequenas e simples ações do dia a dia, nomeadamente: praticar atividade física; praticar atividades de relaxamento; não estar todo o dia diante do ecrã; manter uma alimentação saudável; manter o contacto com família e amigos; quando possível, sair de casa para pequenas caminhadas.

Importa ainda prestar atenção às emoções, sentimentos e pensamentos. É natural que o humor e a motivação sofram flutuações. Importa prestar-lhes atenção.

Para diminuir as emoções e momentos menos bons, há que escolher e realizar atividades prazerosas (por exemplo, ver um filme ou ler um livro).

Mulher a transformar pensamentos negativos em pensamentos positivos
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4

Acreditar na capacidade própria e, se necessário, pedir ajuda

Certamente, esta não é a primeira situação difícil que enfrentamos. Há que pensar nas estratégias que usamos anteriormente com sucesso e voltar a utilizá-las, adaptando-as à situação atual. Se tal não for suficiente, há que pedir ajuda. A Linha de Aconselhamento Psicológico do SNS24 pode ser a solução! (1, 2, 4)

Fontes

  1. Ordem dos Psicólogos Portugueses. (2020). Fadiga da Pandemia. Disponível em: https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/doc_covid_19_fadiga_pandemia.pdf
  2. Ordem dos Psicólogos Portugueses. (2021). FACT SHEET FADIGA DA PANDEMIA. Disponível em: https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/factsheet_fadigapandemia.pdf
  3. Thagard, P. (2020). What Is COVID Fatigue? Psychology Today. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/us/blog/hot-thought/202011/what-is-covid-fatigue
  4. Matheis, L. (2021). Diagnosis: Pandemic Fatigue. Psychology Today. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/intl/blog/special-matters/202101/diagnosis-pandemic-fatigue
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