Há baby showers. E depois há baby showers organizados pela minha prirmã. Há vários dias que estava proibida de entrar em casa da minha avó sem tocar à campainha, fazer grande alarido, mover-me lentamente e assim dar tempo aos “trabalhadores” para que tudo fosse escondido. Obedeci. No fim de semana fomos obrigados a sair de casa com as galinhas e, no sábado, só fomos autorizados a regressar já noite dentro.
Estava tudo nervoso, menos eu. Ele só queria arranjar desculpas para ir a casa – sim, é um cusco irremediável – e o resto da família estava em carga, com prazos apertados e várias normas ISO a cumprir, porque a encarregada não perdoa. À hora marcada, ela aguardava-nos a quinhentos metros de nossa casa (o local da festa), obrigou-nos a sair do carro, vendou-nos e repetiu em loop: confiem em mim.
Eu confiei mas suei frio só de pensar no ridículo de tudo aquilo. Para mim e para ela, isto é importante, gostamos de festas, de surpresas, de pormenores cuidados, de mimos, mas dei por mim preocupada com o que pensavam aqueles que nos esperavam no jardim, a revirar os olhos a tanto frou frou frou. Uma pessoa pode ser um pouco insegura de vez em quando, ok?
E lá estavam, mais de cinquenta, entre família e amigos. O meu coração encheu-se quando vi que alguns fizeram 600 km outros 140 km, de propósito, só para nos dar um abraço, outros saíram a voar do trabalho para fazer 50 km em menos de nada e chegar a tempo, ou deixaram um grande projeto a meio para estar presente ou ainda passaram as noites a trabalhar para que nada falhasse. Se calhar, não fiz tudo mal nesta vida para receber esta avalanche de amor.
A festa foi bonita, a comida estava deliciosa, a decoração um mimo e as prendinhas não faltaram. Mais do que as palavras, as imagens mostram o melhor deste dia que apesar de fresquinho foi muito quentinho. A minha coisa preferida foram uns cartões com desejos para o Pedrinho, onde cada um deixou algumas mensagens – copiem porque é mesmo giro!
Depois disto, eu tremo de medo do dia em que vou ter que retribuir tudo isto e meio que torço baixinho para que a festa de casamento não saia, nunca lhe passe pela cabeça querer um baby shower nem me passe pela minha fazer-lhe uma qualquer surpresa em forma de festa porque eu não lhe chego nem à pontinha dos calcanhares.
Veja também:
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- #2: não são perguntas normais
- #3: ninguém nos diz isto
- #4: terato… quê?
- #5: tenho medo
- #6: já faltou mais…
- #7: vamos lá fazer um bebé!
- #8: positivo!
- #9: hallo, hallo, estás aí?
- #10: vão ser avós!
- #11: público ou privado?
- #12: um exibicionista
- #13: como assim não sou imune?
- #14: que fome é esta?
- #15: cansam-me
- #16: são puns, pessoas!
- #17: salvem-me das férias
- #18: as papas, os morangos e a morcela
- #19: está tudo no sítio
- #20: as grávidas inventam
- #21: habemus mau feitio
- #22: planear para não panicar!
- #23: eu não quero um baby shower
- #25: uma lufada de ar fresco
- #26: quero relatos, não sermões!
- #27: diz que gravidez não é doença
- #28: nada para vestir
- #29: mixórdia de cenas#30: temos que falar sobre isto
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- #31: calem-se porra!
- #32: Bêbada de amor
- #33: Tenho que voltar a isto
- #34: Uma gravidez santa
- #35: O meu plano de parto