Isabel Coimbra
Isabel Coimbra
20 Out, 2016 - 15:49

Crónica #11: público ou privado?

Isabel Coimbra

Talvez todas as grávidas passem pelo mesmo mas, no meu caso, está difícil encontrar a médica que me transmita a segurança que preciso.

Crónica #11: público ou privado?

É sabido que aquilo que dizemos antes de engravidar ou nos primeiros meses de gravidez pode não se manter até ao final das quarenta semanas. As experiências ao longo da gravidez, uma história que ouvimos, um livro que lemos, um profissional de saúde que agradou mais ou menos pode fazer-nos alterar os nossos planos. Já mudei de ideias várias vezes ao longo da vida e não tenho problemas com isso, chama-se, na minha perspetiva, evoluir.

Sempre desejei ser acompanhada e parir no hospital público porque considerava que era suficiente, fica muito mais barato e porque, se alguma coisa correr mal, no hospital público, estão todos os recursos. Confio no serviço nacional de saúde e cheguei a ponderar ser lá seguida em exclusivo – sempre são uns valentes euros que poupo em exames e consultas! – mas depois fomos à nossa primeira consulta na maternidade e ainda estava no gabinete quando mudei de ideias.

Não vou generalizar porque isto é uma roleta. Haverá quem tenha saído das consultas seguro, outros que não valorizam estas coisas e aqueles que aceitam o que lhes cai em rifa. E está tudo bem. Ora, a nós, calhou uma médica que não sendo bruta, fria ou mal-educada também não era o que eu precisava para me sentir tranquila. Enquanto lá estivemos, a médica não olhou para mim uma única vez. Literalmente não levantou os olhos dos papéis ou do monitor do computador uma única vez.

Aquilo que senti foi que estava a falar com uma administrativa, que registava dados num sistema e não com uma médica. Pelo caminho, ainda se trocou várias vezes quanto a algumas informações que, se não tivesse suspeitado do que afirmava, até hoje não teria feito o importantíssimo rastreio do segundo trimestre (que acabei a fazer no privado). São coisas que acontecem, naturalmente, porém, ainda que, até agora, tenha tido uma gravidez tranquila, para mim é fundamental ser acompanhada por um profissional que me transmita confiança. Alguém a quem, a qualquer momento posso enviar um e-mail com uma dúvida ou ligar num momento de aflição.

Vou perceber, rapidamente, que isso é uma coisa muito difícil de encontrar.


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