Nutricionista Rita Lima
Nutricionista Rita Lima
01 Jun, 2017 - 16:51

Suplementação na Grávida: o que é realmente importante?

Nutricionista Rita Lima

A suplementação na grávida merece especial atenção visto que pode ajudar a prevenir problemas de saúde para o feto e para a mãe. Leia o nosso artigo e descubra quais os nutrientes primordiais.

Suplementação na Grávida: o que é realmente importante?

Durante a gravidez, o metabolismo basal da mulher aumenta consideravelmente, assim como as suas necessidades nutricionais, que, muitas vezes, não conseguem ser suprimidas apenas pela alimentação. Neste contexto, surge a necessidade de suplementação na grávida.

Existem alguns suplementos que se recomendam a praticamente todas as grávidas, como o ácido fólico, o iodo e a vitamina D, mesmo que estas apresentem um estilo de vida saudável.

A suplementação noutros nutrientes procura responder a necessidades nutricionais específicas e apenas deve ser tomada por indicação médica e após realização de análises laboratoriais que a justifiquem.

Por outro lado, é importante referir que os fenómenos de adaptação do organismo da grávida às necessidades do feto e da gravidez conduzem naturalmente a uma gravidez saudável, através de uma alimentação variada e equilibrada, sem necessidade de suplementação na grávida.

Quando se justifica a suplementação na grávida?

gravida fumadora

A necessidade de recorrer a suplementação advém do facto de muitas mulheres / grávidas não se alimentarem suficientemente bem para as suas necessidades e, por conseguinte, apresentarem défices nutricionais.

Já para não falar que uma parte da população feminina pode sofrer, voluntariamente, de um aporte insuficiente em certos nutrientes, mais precisamente:

  • Grávidas Vegetarianas;
  • Grávidas que sofrem de alergias ou intolerâncias alimentares;
  • Gravidas que apresentam algum problema renal ou digestivo que provoque o aumento de perdas;
  • Grávidas que estão “de dieta”;
  • Grávidas Fumadoras;
  • Grávidas que sofrem de problemas socio-económicos, entre outras.

Suplementação na grávida: o que é mais importante?

suplementacao na gravida

1. Ácido fólico

Recomenda-se que a grávida inicie a toma de ácido fólico assim que decide começar a tentar engravidar, visto que esta vitamina é essencial para o correto desenvolvimento do tubo neural do feto durante as primeiras semanas de gravidez.

Com efeito, quantidades suficientes de ácido fólico ajudam a reduzir o risco de defeitos no tubo neural do bebé, tais como espinha bífida ou a anencefalia, na medida em que o ácido fólico ajuda a que o tubo neural se desenvolva adequadamente.

Para além dos suplementos recomenda-se um a dieta rica em folato, que pode encontrar-se nos vegetais de folha verde, como os espinafres, no ovo, leguminosas, produtos lácteos fermentados e cereais enriquecidos.

As recomendações vão no sentido de consumir cerca de 400mcg diários de ácido fólico antes da conceção e durante o primeiro trimestre de gravidez.

2. IODO

O desenvolvimento cerebral do feto depende, entre outros fatores, do fornecimento materno das hormonas tiroideias, cuja síntese depende de iodo.

As hormonas da tiroide estão envolvidas em múltiplas funções reguladoras do funcionamento do organismo e a sua carência poderá comprometer diversas funções. Daí a importância crucial deste micronutriente para as grávidas.

Uma alimentação pobre neste mineral pode provocar um desequilíbrio no funcionamento da tiroide materna e, consequentemente, aumentar o risco de hipotiroidismo e lesões cerebrais na criança.

Uma vez que não é sintetizado pelo organismo, o iodo deverá ser obtido a partir de fontes alimentares e/ou de suplementação. O consumo de iodo deve rondar cerca de 200 microgramas diárias, tanto na gravidez como na etapa pré-concecional.

Dentro dos alimentos ricos neste oligoelemento salientam-se o peixe, as algas e leguminosas. De acordo com as recomendações atuais, o sal comum usado no dia-a-dia deve ser também substituído por sal iodado.

Atualmente a orientação é que, antes de engravidarem, as mulheres recebam um suplemento diário de iodo de 150 a 250 µg/dia. O suplemento deve ser depois mantido durante a gravidez e enquanto a mãe estiver a amamentar.

3. VITAMINA D E CÁLCIO

A vitamina D e o cálcio estão intimamente relacionados pelo seu papel conjunto no metabolismo ósseo.

Vitamina D

Com efeito, a vitamina D ajuda a absorver o cálcio a nível intestinal, sendo este mineral necessário para a correta formação dos ossos.

Entre as fontes de vitamina D encontram-se os ovos, a maioria dos peixes, as verduras de folha mais escura e a luz solar. De facto, cerca de 90% do fornecimento desta vitamina depende da exposição à luz solar.

Um passeio diário de cerca de 15 minutos com a pele exposta ao sol entre Maio e Outubro pode ser suficiente.

No entanto, isto sem sempre é possível e aproximadamente um terço das mulheres têm baixos níveis de vitamina D, especialmente aquelas que não podem receber uma quantidade suficiente de sol (pelo que se torna necessário a ingestão com alimentos ou suplementos).

As recomendações rondam as 10 mcg diárias durante a gestação e amamentação.

Cálcio

Já o cálcio provem de alimentos como os lacticínios (sendo esta fonte mais biodisponível), vegetais de folha verde e alguns tipos de peixe, nomeadamente a sardinha.

Como existem muitas grávidas que restringem este tipo de alimentos poderá justificar-se a sua suplementação.

Além disso, como o feto acumula o cálcio que é mobilizado do esqueleto da mãe e depositado maioritariamente durante o terceiro trimestre da gravidez, a suplementação na grávida deve ser encorajada, de modo a que sejam repostas as reservas esqueléticas de cálcio da mãe.

4. Ferro

A falta de ferro na gravidez dá origem, na maioria dos casos, ao problema mais frequente na grávida: a anemia.

A anemia resulta da diminuição do número e do tamanho dos glóbulos vermelhos ou numa diminuição da concentração de hemoglobina no sangue para um valor abaixo da referência para a idade e para o sexo.

As principais causas são nutricionais, ou seja, por falta de aporte, na maioria dos casos, de ferro, visto que este mineral tem como função formar parte da hemoglobina.

Neste sentido, a anemia pode comprometer o transporte de oxigénio aos tecidos do corpo, sendo tanto mais grave quanto menos ferro e hemoglobina existirem.

A anemia está associada a um risco aumentado de doenças maternas e fetais, sobretudo quando a hemoglobina está abaixo dos 10,5 g/dl.

A dose diária recomendada de ferro duplica durante a gravidez e passa aproximadamente de 18 miligramas para 27 miligramas por dia (particularmente no terceiro trimestre).

Nesse sentido, o primeiro cuidado para diminuir a probabilidade de sofrer de de anemia é ter uma alimentação equilibrada, que concilie o ferro de origem vegetal (ferro não heme) com o ferro de origem animal (ferro heme), este último que é o mais facilmente absorvido pelo organismo (cerca de 25%).

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Além da alimentação, para colmatar este aumento das necessidades que a gravidez gera, a suplementação em ferro, sobretudo a partir do segundo trimestre, é, normalmente, necessária.

Esta suplementação com ferro deve ser feita por via oral, de forma regular, diária, e na dose indicada, para que a gravidez decorra de forma saudável.

5. Ómega 3

Embora não se considerem imprescindíveis para os adultos, certos estudos sugerem que o desenvolvimento do sistema nervoso do bebé pode ser favorecido pelo consumo de ácidos gordos ómega 3.

Para as mulheres grávidas estima-se uma ingestão mínima diária de 200 mg de ómega 3, o que pressupõe um consumo de duas porções de 100-150 g de peixe gordo por semana.

Dado que estas quantidades são difíceis de alcançar na alimentação contemporânea, aconselha-se a sua suplementação na grávida.

6. OUTROS NUTRIENTES

Os restantes nutrientes (por exemplo, magnésio, zinco, vitamina A, entre outros) não devem ser suplementados sem indicação médica, visto que apenas se justificam em situações particulares.

Neste sentido, também os suplementos multivitamínicos só devem ser tomados após indicação médica.

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