Atualmente, além de estarmos a atravessar uma crise derivada da guerra na Ucrânia, estamos também a começar a vislumbrar no horizonte uma crise económica. Depois da ansiedade relacionada com a pandemia, problemas como o desemprego e a perda de rendimentos são também preocupações bem reais. Mas qual a relação entre a situação financeira instável e saúde mental?
Situação financeira instável e saúde mental: que relação?
Quando confrontados com um inimigo externo (como foi, por exemplo, a pandemia de COVID-19), é comum que outros fatores que impactam a nossa saúde física e mental não estejam tão presentes nas nossas preocupações.
Todavia, situações como desemprego, pobreza, dificuldade em manter a habitação ou em garantir as necessidades alimentares da família são extremamente prejudiciais para a saúde, ainda que tenham menor visibilidade na comunicação social.
Estes fatores sociais e financeiros não são tão visíveis. No entanto, não devem ser ignorados já que contribuem para o ampliar das complicações de saúde a nível físico e mental, ainda que tal aconteça a longo prazo.
A instabilidade financeira, o desemprego e a perda significativa de rendimentos são fatores de risco para o emergir de sintomas depressivos, para o aumento do risco de suicídio e para um consumo aumentado de álcool e outras substâncias.
A perda de emprego/rendimentos pode levar a uma menor procura por cuidados de saúde pagos, maiores dificuldades em comprar a medicação habitual e ao adiamento de tratamentos ao nível da saúde mental.
A situação de desemprego, em particular, tem o potencial de afetar negativamente a saúde mental e emocional. O trabalho oferece sensação de segurança, realização e autoeficácia, é uma oportunidade de conexão com os colegas, confere propósito e significado à vida.
Quando o emprego se extingue, leva com ele muitas destas vantagens. Não se resume apenas à perda do salário, mas também há perda de uma rotina estruturante que contribui para a saúde mental.
Situação financeira instável: como sobreviver?
Como vimos, a relação entre situação financeira instável e saúde mental é bastante estreita e perigosa para o bem-estar geral. Logo, importa adotar algumas medidas que contribuam para o bem-estar e para a saúde mental em tempos de instabilidade financeira.
Deixar a culpa de lado
A culpa da instabilidade financeira associada a fatores externos (como a pandemia ou a guerra) não nos pertence. Não nos podemos culpar pela redução dos rendimentos ou pela situação de desemprego. Atribuir culpas apenas será ainda mais prejudicial para a saúde mental.
Recorrer à rede social de apoio
Acima de tudo, devemos proteger a nossa saúde, nomeadamente a nossa saúde mental. Uma boa forma de o fazer passa por manter interações sociais frequentes e saudáveis. Estar desempregado ou com dívidas não deve ser motivo para estar só e totalmente isolado.
Fugir das interações sociais tóxicas
Durante um período tão conturbado e desgastante, tudo o que não precisamos é de relações sociais negativas. Devemos rodear-nos de quem nos quer bem, nos apoia e nos quer ver prosperar.
Criar e manter uma rotina diária
A diminuição de horas de trabalho ou desemprego podem conduzir ao aborrecimento, ao tédio, a sentimentos de desesperança, ao isolamento e à depressão. Para combater estas situações é fundamental a existência de uma rotina diária que mantenha a atividade e a motivação. Idealmente, essa rotina deve incluir:
- Ciclo regular de sono/vigília;
- Prática de atividade física;
- Tempo para desenvolver uma nova habilidade ou um novo projeto;
- Alimentação cuidada;
- Tempo no exterior da habituação, sempre que possível e com os devidos cuidados;
- Tempo de qualidade com outras pessoas.