Camila Farinhas
Camila Farinhas
11 Jan, 2021 - 10:48

Perguntas e respostas sobre a nova variante do coronavírus

Camila Farinhas

A nova variante do coronavírus parece tornar o vírus mais transmissível. Mas, será que é mais perigosa? Saiba a resposta a esta e outras questões.

Nova variante do coronavírus

A nova variante do coronavírus tem sido um dos assuntos mais abordados nos últimos dias, e inclusivamente levou alguns países a tomarem medidas mais severas. No entanto, é frequente os vírus sofrem algumas mutações, tal como é o caso do vírus da gripe sazonal.

Estando Portugal a bater recordes de novos casos diários, importa perceber qual o real impacto que esta mutação pode ter.

O que se sabe sobre a nova variante do coronavírus

COVID-19: ilustração do coronavírus
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Como surgiu a nova variante do coronavírus?

A nova variante do coronavírus foi identificada, pela primeira vez, a 20 de Setembro de 2020 no Reino Unido.

A linhagem B.1.1.7 (como foi chamada), inclui 17 mutações em diferentes pontos do código genético do vírus, conferindo-lhe características específicas sobretudo à sua capacidade de transmissão. Sabe-se que esta variante foi responsável por 60% das infeções no país, o que levou a novo confinamento geral no final do ano passado.

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É normal os vírus sofrerem mutações?

Sim. É normal que os vírus sofram mutações constantes para que se possam adaptar e sobreviver. Um exemplo é o vírus da gripe que sofre mutações constantes, sendo necessária a toma anual de uma vacina atualizada.

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Esta é a única variante do coronavírus que existe?

Não. Foi identificada uma variante semelhante na África do Sul, que contém algumas das mutações, mas aparentemente não estão relacionadas. Todavia, mais estudos estão a ser efetuados. Existem, ainda, relatos de outras variantes do coronavírus a circular no mundo, inclusive em Portugal.

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É a primeira vez que o coronavírus sofre uma mutação?

Não. O vírus identificado pela primeira vez, em Dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, não é o mesmo que se encontra em circulação. A mutação D614G foi identificada na Europa em Fevereiro de 2020, tornando-se dominante em todo o mundo. Outra mutação, a A222V, também se disseminou na Europa.

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O que se sabe atualmente sobre esta mutação?

Sabe-se que a nova mutação engloba alterações na proteína Spike, também conhecida como a “chave” da porta de entrada nas células do nosso corpo.

A mutação N501, altera a região mais importante desta proteína, também conhecida como a ligação ao receptor. Sendo o primeiro ponto de contacto do vírus com as nossas células, esta alteração é uma vantagem para o agente viral.

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O vírus é mais perigoso?

Atualmente, não existe evidência científica que a nova variante do coronavírus seja mais perigosa. No entanto, diversos estudos têm sido efetuados para clarificar esta questão.

O facto desta nova variante apresentar maior transmissão pode causar um colapso dos hospitais que já de si estão fragilizados. Se mais pessoas forem infetadas num curto espaço de tempo, a probabilidade do fluxo de doentes a necessitarem de cuidados especiais será mais elevada.

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A vacina COVID-19 é eficaz contra esta nova variante?

O principal alvo das vacinas COVID-19 é precisamente a proteína Spike, a molécula que se encontra na superfície do vírus e é responsável pela infeção das células do nosso corpo.

No entanto, até ao momento, estas alterações induzidas pela nova variante do coronavírus não parecem comprometer a eficácia da vacina.

Ao longo do tempo, irá perceber-se se é necessário realizar ajustes na sua composição, tal como acontece com a vacina da gripe sazonal.

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Que medidas preventivas devem ser adotadas perante a nova variante do coronavírus?

As medidas preventivas devem continuar a ser as mesmas utilizadas até então: lavagem frequente das mãos, uso de máscara, etiqueta respiratória e manter o distanciamento social sempre que possível.

Sendo a nova variante do coronavírus mais transmissível, é fundamental que se cumpram cuidadosamente as diretrizes da Direção-Geral da Saúde.

Fontes

  1. Rambaut, A., et al. (2020). Preliminary genomic characterisation of an emergent SARS-CoV-2 lineage in the UK defined by a novel set of spike mutations. Virological. Disponível em: https://virological.org/t/preliminary-genomic-characterisation-of-an-emergent-sars-cov-2-lineage-in-the-uk-defined-by-a-novel-set-of-spike-mutations/563
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