Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
16 Fev, 2024 - 09:00

Automedicação: perigos do uso de medicamentos sem prescrição

Catarina Milheiro

Ainda que comum, ter uma pequena farmácia em casa pode ser arriscado. Conheça os perigos da automedicação.

A automedicação é um comportamento comum na nossa sociedade, especialmente em países onde os medicamentos prescritos trazem comprimidos a mais do que necessitamos para o devido tratamento – como é o caso de Portugal.

Os motivos que levam a que alguém se automedique podem ser vários. No entanto, os mais comuns são a dificuldade em conseguir uma consulta com o médico de família e a crença de que conhecemos bem o nosso corpo e sabemos de imediato que comprimido precisamos.

Ou seja, na maioria das vezes em que nos encontramos doentes, a tendência é para identificarmos a doença e tomarmos um medicamento que pensamos ser o mais indicado para tratarmos os sintomas em questão.

Aliás, é bastante comum existir uma pequena farmácia nas casas de banho ou nas cozinhas das nossas casas. Por norma, contém medicamentos para as dores, febre, anti-inflamatórios e até outros um pouco mais específicos.

O grande problema surge quando não nos apercebemos de que esta facilidade do acesso a medicação, aumenta a exposição aos perigos da automedicação.

Estamos perante um hábito que faz parte do dia-a-dia de muitas pessoas. Por isso mesmo, explicamos melhor quais são os perigos deste comportamento. Fique connosco.

Automedicação: um hábito comum, mas que necessita ser controlado

Como sabemos, os medicamentos são substâncias químicas que causam efeitos no nosso corpo e que podem ou não interagir com a medicação que cada pessoa precisa de fazer. Nesse sentido é crucial percebermos que ainda que comum, a automedicação pode ser altamente perigosa para a nossa saúde.

Na verdade, são diversos os detalhes que fazem com que a automedicação constitua um risco para o nosso bem-estar e saúde física e mental. Quando tomamos medicamentos sem qualquer tipo de orientação médica, não sabemos se estamos a recorrer à medicação correta e se a dosagem está certa, por exemplo.

Para além disto, o risco da automedicação aumenta nas mulheres grávidas, que podem correr o risco de perder o bebé ou de causar algum tipo de malformação.

O que potencia a utilização de medicamentos sem prescrição?

Todos nós a determinada altura nas nossas vidas, já nos automedicamos. Ou porque nos sentimos engripados, ou porque estávamos com febre, dores de garganta ou até uma simples dor muscular. E a verdade é que este hábito se torna ainda mais fácil, quando o acesso a alguns medicamentos é livre.

O que queremos dizer é que alguns medicamentos são vendidos sem que seja preciso apresentar uma receita médica na farmácia. Falamos de determinados anti-inflamatórios, medicamentos para a tosse, pomadas para dores musculares e até calmantes ou comprimidos para dormir com origem natural.

A comercialização livre deste tipo de medicação faz com que, na maioria dos casos, os medicamentos sejam utilizados de forma inadequada, em dosagens incorretas e elevadas, por vezes. Ora, tal comportamento pode fazer com que se causem danos gravíssimos no nosso organismo, podendo em casos extremos, levar à morte.

Além disto, saiba que a automedicação de forma desmedida pode ainda dificultar o diagnóstico de uma doença. Isto é, ao mascarar constantemente os sintomas de uma determinada doença, vai fazer com que a mesma seja descoberta mais tarde, dificultando assim o tratamento numa fase tardia.

Os 6 perigos da automedicação

1.

Reações alérgicas

Cada medicamento é composto por diferentes princípios ativos e cada um com as suas indicações específicas. Por isso, existem algumas combinações de substâncias e interações medicamentosas com outros produtos que podem surgir quando nos automedicamos sem aconselhamento médico.

Tudo isto pode desencadear reações alérgicas, desde as mais simples até às mais severas que necessitam de hospitalização urgente. Assim, o recomendado é perguntar sempre ao seu médico o que pode ou não tomar, para que não coloque a sua saúde em risco.

2.

Intoxicação

Cada medicamento tem uma concentração específica de um determinado princípio ativo e cada pessoa, consoante as suas características, necessita de uma quantidade diferente. Na verdade, um dos grandes perigos da automedicação é não considerar este tipo de fatores.

Aliás, tudo isto pode causar uma intoxicação e levar a situações agudas (como a hospitalização).

Além disto, saiba que a interação com outros medicamentos e a forma como estas substâncias são armazenadas também merecem toda a atenção. Afinal, são fatores que podem alterar a sua estrutura e que comprometem a eficácia.

3.

Dependência

Alguns medicamentos podem causa dependência quando administrados de forma errada ou durante muito tempo. No fundo, o organismo fica viciado em receber aquela substância e faz com que a pessoa só se sinta bem apenas na sua presença.

Ora, este tipo de comportamento acarreta um risco enorme para a sua saúde de uma forma geral, podendo comprometer os órgãos como o coração, o fígado, rins ou até os pulmões.

4.

Atrasos nos diagnósticos de doenças

Por norma, quando nos sentimos mal a tendência é para tomarmos um comprimido de imediato que nos alivie os sintomas. Contudo, enquanto optamos por adotar essa atitude, é crucial relembrarmo-nos que os sintomas são apenas sinais que o organismo emite para nos avisar de que algo está errado.

Por isso, é importante perceber que a automedicação pode ser altamente perigosa por mascarar sintomas que podem significar uma doença grave ou um problema de saúde que deve ser tratado. Atitudes como esta, podem dificultar o tratamento e acabar por comprometer o nosso estado de saúde.

5.

Resistência aos medicamentos

Sabia que a automedicação pode causar resistência aos medicamentos? A verdade é que a resistência acontece quando utilizamos um medicamento por muito tempo, ou quando usamos uma substância errada para tratar de algum problema.

Ou seja, o que acontece é o facto de o organismo não conseguir dar resposta à ação dos medicamentos. Tudo isto, acaba por resultar num tratamento ainda mais complexo e demorado.

6.

Efeitos secundários inesperados e intensos

Qualquer medicamento pode causar efeitos secundários – podemos observar esta informação nas bulas que acompanham cada embalagem. E essas reações podem variar de pessoa para pessoa, consoante a sua condição física, sensibilidade e até história clínica.

Por isso mesmo, um dos perigos mais comuns da automedicação é precisamente o aparecimento de efeitos secundários inesperados e de forma intensa devido ao uso inadequado de medicamentos.

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