Medicação para hiperatividade: sim ou não? Vamos procurar a resposta a esta questão!
A perturbação de hiperatividade com défice de atenção é o distúrbio neuro-comportamental mais comum na infância e caracteriza-se pela presença de sintomas de hiperatividade, impulsividade e défice de atenção.
O tratamento desta patologia inclui intervenção a nível educacional, psicológico e comportamental, sendo também avaliada a possibilidade de prescrição e implementação de terapêutica farmacológica.
Será sempre boa ideia?
Medicação para hiperatividade: será uma boa opção?
Atualmente no nosso país são comercializados e comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde dois estimulantes com indicação para a perturbação de hiperatividade com défice de atenção: o metilfenidato (comparticipado desde 2003) e a atomoxetina (comparticipada desde 2014).
O metilfenidato é o psicoestimulante mais consumido no mundo e é o principal medicamento prescrito para o tratamento desta perturbação. Assim sendo, a sua produção e o seu consumo têm vindo a aumentar mundialmente.
A medicação para hiperatividade continua a ser um tema muito controverso e a hipótese de uma eventual medicação excessiva de crianças e adolescentes, bem como do potencial abuso de medicamentos estimulantes é levantada com muita frequência. Mas afinal, será a medicação para hiperatividade uma boa opção?
Medicação para hiperatividade: sim ou não?
Como vimos anteriormente, tem-se vindo a registar uma tendência crescente de utilização de medicamentos para hiperatividade, não só no nosso país, mas em todo o mundo. Este significativo aumento pode dever-se a variados fatores, nomeadamente a um maior conhecimento acerca da doença e do seu tratamento por parte dos profissionais de saúde e da população em geral.
O tratamento da perturbação de hiperatividade com défice de atenção deve incluir uma intervenção multimodal, supervisionado por um especialista em perturbações do comportamento na infância, que inclua:
- aconselhamento e intervenção a nível educacional – por exemplo, apoio educativo individualizado ou apoio educativo especializado);
- intervenção psicológica e comportamental – visa a modificação dos comportamentos inadaptados através de esquemas de reforços que incrementam os comportamentos desejáveis e fazem diminuir os indesejáveis, bem como pretende levar crianças e adolescentes a refletir e a controlar melhor o seu comportamento, nomeadamente aprender a aguardar a sua vez e a pensar melhor antes de responder).
É no âmbito da implementação de um programa integrado de tratamento que deve ser avaliada também a possibilidade de prescrição de terapêutica farmacológica que, mais uma vez, deve ser feito sob supervisão de um especialista em perturbações do comportamento na infância.
Quanto à prescrição de terapêutica farmacológica a crianças e adolescentes com perturbação de hiperatividade com défice de atenção, as recomendações de diversas entidades vão no sentido de que esta não deve ser o tratamento de primeira linha a utilizar em todas as situações.
Assim sendo, a medicação para hiperatividade em crianças e adolescentes destina-se especialmente àquelas crianças e adolescentes que não responderam de forma adequada ao tratamento psicológico, cujos sintomas sejam moderados ou severos.
Todavia, nos casos em que a avaliação médica conclui que é pertinente iniciar terapêutica farmacológica, esta tende a ser determinante na qualidade de vida de crianças e adolescentes. Mais ainda, a intervenção farmacológica tem o benefício de ser de fácil administração e de atuar rapidamente ao nível das condutas comportamentais mais alteradas.
Perturbação de hiperatividade com défice de atenção
Esta perturbação caracteriza-se pela presença de um padrão persistente de desatenção e hiperatividade-impulsividade, que interfere com o funcionamento diário e com o desenvolvimento.
Alguns dos sintomas de desatenção mais comuns são:
- dificuldades em prestar atenção aos pormenores, bem como cometer erros por descuido nas tarefas escolares, no trabalho ou noutras atividades;
- dificuldades em manter a atenção no desempenho de tarefas ou atividades;
- parecer não ouvir quando se lhe fala diretamente;
- não seguir as instruções e não terminar os trabalhos escolares, encargos ou deveres no local de trabalho;
- dificuldades em organizar tarefas e atividades;
- evitar, não gostar ou estar relutante em envolver-se em tarefas que requeiram esforço mental mantido;
- perder objetos necessários para tarefas ou atividades;
- distração fácil por estímulos alheios;
- esquecer-se com frequência das atividades quotidianas.
Alguns dos sintomas de hiperatividade e impulsividade mais comuns são:
- agitar ou bater com as mãos ou os pés ou remexer-se quando sentado;
- levantar-se em situações em que se espera que esteja sentado;
- correr ou saltar em situações em que é inadequado fazê-lo;
- ser incapaz de jogar ou envolver-se com tranquilidade em atividades de lazer;
- estar frequentemente em movimento, agindo como se estivesse ligado a um motor;
- falar em excesso;
- precipitar as respostas antes que as perguntas tenham acabado;
- ter dificuldade em esperar pela sua vez;
- interromper ou interferir nas atividades dos outros.
Em suma…
É frequente que a intervenção ao nível da perturbação de hiperatividade com défice de atenção resulte de uma combinação de intervenções de ordem médica, psicológica e pedagógica.