Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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19 Mai, 2020 - 08:05

Dermatite por malassezia: saiba o que é e como identificar

Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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Já ouviu falar em dermatite por malassezia? Apesar de ser uma doença de pele mais frequente em cães, também pode afetar os felinos.

Cão com dermatite por mallassezia

A Malassezia pachydermatis é um tipo de levedura que está presente na pele de uma forma natural, fazendo parte da flora microcobiana da pele, protegendo-a assim, de outros agentes patogénicos.

Algumas doenças do animal podem levar a uma desregulação, sendo que pode haver uma proliferação descontrolada da levedura, provocando uma dermatite por malassezia.

Esta é uma doença mais frequente em cães do que em gatos, no entanto, a levedura também pode surgir em felinos, apesar de ser mais raro desenvolverem a doença.

Causas de dermatite por malassezia

Síndrome de Cushing nos cães

Como já referimos, esta levedura faz parte da flora natural da pele, em números controlados, porém, por qualquer alteração da imunidade do animal, o número de leveduras pode aumentar consideravelmente levando a uma infeção na pele.

Esta desregulação pode acontecer sempre que o sistema imunológico esteja debilitado ou a barreira protetora da pele esteja lesionada. Os fatores mais comuns para o desenvolvimento de dermatite por malassezia são:

  • Predisposição racial, como por exemplo os Labradores Retrivier, têm maior tendência para desenvolver este problema
  • Sistema imunológico debilitado, por stress ou doenças concomitantes que enfraqueçam as defesas do animal
  • Doenças que afetam a barreira da pele natural, como por exemplo doenças endócrinas como Síndrome de Cushing, ou animais com alergias ou pele atópica
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Sinais de dermatite por malassezia

Cão com dermatite por mallassezia: lesões no pelo e na pele

A doença pode apresentar-se de duas formas: uma mais localizada e outra generalizada. As áreas do corpo mais afectadas são as axilas, virilhas, pescoço, à volta da boca, zonas interdigitais e no ouvido, que neste caso podem levar também a uma otite por malassezia.

Uma característica muito frequente em dermatite por malassezia é o odor rançoso característico, que muitas vezes leva o tutor a procurar o médico veterinário.

Outros sinais frequentes em dermatite por malassezia são:

  1. Prurido (comichão) que pode ser ligeira numa fase inicial, mas rapidamente pode passar a ser intensa, fazendo com que o animal esteja constantemente a lamber e a coçar, o que faz com que, muitas vezes, o animal faça feridas a si próprio.
  2. Eritema, ou seja, pele avermelhada.
  3. Hiperqueratose, ou seja, espessamento da pele, em casos crónicos, dando um aspeto de pele engrossada.
  4. Descamação (caspa).
  5. Escurecimento da pele, especialmente em zonas onde o animal lambe muito como as zonas interdigitais.
  6. Alopécia (falhas de pelo).
  7. Exsudado ceroso castanho no ouvido caso leve a otite.
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Diagnóstico de dermatite por malassezia

O diagnóstico é feito com base nos sinais clínicos e avaliação do médico veterinário na consulta. É importante a realização de uma boa anamnese e diagnóstico de outros problemas concomitantes.

Para confirmação do diagnóstico é possível realizar uma citologia de pele, observando ao microscópio a presença de malassezias. Como é uma levedura que faz parte da flora natural da pele, só pode ser considerado que existe dermatite por malassezia, caso se observa mais do que três por campo de visão.

Também se pode confirmar o diagnóstico através de uma boa resposta à terapia instaurada.

Para procurar a causa subjacente da proliferação podem ser necessárias análises sanguíneas e outros exames complementares que o médico veterinário ache necessário e recomende a sua realização.

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Tratamento da dermatite por malassezia

Primeiro banho ao cão: tutora a aplicar champô

O tratamento da dermatite por malassezia baseia-se em banhos com champôs antifúngicos e desinfectantes, à base de clorexidina e miconazol. Caso existam feridas pode ser necessário também a administração de terapia antibiótica, mediante prescrição do médico veterinário.

Em casos mais severos, nos quais o tratamento tópico não seja eficiente, o médico veterinário pode também prescrever medicação com antifúngicos orais em comprimidos.

Uma vez que é uma infecção que causa muito prurido, pode ser necessário, nos primeiros dias, juntar medicação que reduza essa comichão para aliviar o animal e impedir que se coce. Por norma, a medicação antipruriginosa utilizada são corticosteróides.

O médico veterinário pode também prescrever alguns suplementos para a pele com ómegas para ajudar a fortalecer a barreira da pele. O cuidado com a alimentação é igualmente importante uma vez que alguns nutrientes auxiliam na recuperação da barreira cutânea, com é o caso do zinco, selénio, vitaminas A, complxo B e E.

O mais importante, para além da terapêutica para a dermatite por malassezia, é chegar à causa primária e fazer também o seu tratamento, caso contrário o tratamento para a malassezia por si só pode não ser o suficiente e o animal terá recidivas.

Em caso de otite por malassezia o animal pode necessitar de limpeza dos canais auditivos com produtos apropriados de limpeza e tratamento tópico com gotas auriculares.

Em casos crónicos, pode ser necessário dar banhos com este tipo de champôs com regularidade.

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Prevenção de dermatite por malassezia

A melhor forma de prevenir esta situação é através de uma boa limpeza e higiene do animal e ambiente. Mantenha sempre a pele do animal seca e os ouvidos também, de forma a evitar otites e dermatites.

Uma boa alimentação, escovagem e cuidado com o pelo também previnem dermatite por malassezia.

Caso o animal tenha propensão para este tipo de problema, esteja atento aos primeiros sinais e leve-o de imediato ao médico veterinário.

Fontes

  1. The Canadian Veterinary Journal – Canine Malassezia dermatitis. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5603939/
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