Enfermeira Isabel Silva
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17 Nov, 2017 - 17:55

A placenta prévia obstrui a passagem do bebé durante o parto?

Enfermeira Isabel Silva

A placenta prévia é uma condição que surge quando a placenta obstrui a saída do colo do útero. Grande parte das grávidas é assintomática ou apresenta perdas de sangue reduzidas.

A placenta prévia obstrui a passagem do bebé durante o parto?

A placenta é um orgão que se forma durante a gravidez e conecta a circulação sanguínea da mãe à do bebé. A sua função é fornecer oxigénio e nutrientes ao bebé, através da troca sanguínea. Também tem a tarefa vital de produzir hormonas fundamentais para a progressão da gestação.

Quando a placenta se encontra fixa num local onde provoca obstrução do colo do útero, dá-se o nome de placenta prévia. A obstrução do colo do útero faz com a passagem do bebé seja impossível. Para além disso, cerca de 80% das grávidas com esta condição têm hemorragia vaginal de cor vermelho vivo, indolor e sem causa aparente.

O que é a placenta prévia?

placenta previa

A placenta pode posicionar-se em qualquer local do útero. Na maior parte dos casos, esta adere à zona posterior alta, ficando no lado oposto ao colo do útero, por onde deverá sair o bebé.

Diz-se que a grávida apresenta placenta prévia quando esta tem uma inserção baixa e provoca obstrução do colo do útero. Esta obstrução pode ser total ou parcial.

Na realidade, a placenta não permanece no mesmo local durante toda a gravidez. À medida que o útero e a placenta crescem, a sua posição tende a mudar. Uma grávida que tenha placenta prévia durante as primeiras semanas da gestação, pode chegar à fase tardia com a mesma implantada mais acima no útero, sem que constitua obstrução à saída do bebé.

Tipos de placenta prévia

Os tipos de placenta prévia podem ser divididos em 2 categorias, de acordo com o grau de obstrução do colo do útero:

  • Placenta previa minor ou de inserção baixa: inclui os casos em que a saída do útero é parcialmente obstruída, existindo uma distância de até 2 cm entre a borda da placenta e o orifício interno do colo do útero;
  • Placenta previa completa ou major: nesta caso existe obstrução total do orifício interno do colo do útero.

A localização da placenta define o tipo de parto a ser realizado.

Quais são os fatores de risco da placenta prévia?

gravidez gemelar

Não é conhecido totalmente o motivo pelo qual algumas grávidas apresentam esta condição. No entanto, sabe-se que existem alguns fatores que contribuem para a sua ocorrência:

  • Cesariana prévia;
  • Múltiplas gestações anteriores;
  • Gravidez gemelar;
  • Histórico de placenta prévia em gestações anteriores;
  • Idade materna superior a 35 anos;
  • Histórico de aborto prévio;
  • Histórico de cirurgia uterina prévia;
  • Tabagismo;
  • Consumo de cocaína por parte da mãe.

Quais são os sintomas de placenta prévia?

placenta previa e ecografia na gravidez

Cerca de 6% das grávidas têm placenta prévia entre as 10 e as 20 semanas de gestação. Normalmente, este problema é detetado na primeira ecografia da gravidez. Grande parte destas mulheres não apresenta sintomas e em cerca de 90% destas, conforme a gravidez vai progredindo, a placenta deixa de ser prévia.

Os sintomas normalmente surgem na segunda metade da gravidez:

  • Hemorragia ligeira ou abundante;
  • Sangue vermelho vivo sem coágulos;
  • Surgimento súbito e, geralmente, em repouso;
  • Perda de sangue pela vagina indolor;
  • Pode surgir após a relação sexual.

Na maior parte dos casos a perda de sangue cessa espontaneamente, não havendo necessidade de realizar tratamento específico. Contudo, este quadro pode voltar a surgir dias ou semanas depois.

Qual é o tratamento para a placenta prévia?

O tratamento deste problema depende de alguns fatores:

  • Frequência das hemorragias e volume de sangue perdido;
  • Idade gestacional;
  • Tipo de placenta prévia.

Grávidas assintomáticas ou com perda de sangue reduzida

repouso na gravidez

Neste caso, é recomendado que a grávida mantenha repouso e abstinência sexual.

Normalmente, o parto é induzido às 37 semanas de gestação. O tipo de parto depende do tipo de placenta. Se esta provoca a obstrução completa do colo do útero, ou a sua borda está a menos de 2 cm do mesmo, é indicação para a realização de cesariana. Se, por outro lado, a borda da placenta está a mais de 2 cm do orifício do colo do útero, pode ser realizado parto vaginal, uma vez que o risco de hemorragia é reduzido.

No caso de haver hemorragia durante o parto vaginal, é imediatamente realizada uma cesariana.

Grávidas com perda de sangue moderada ou em grande volume

transferencia sanguinea

Se a perda de sangue é em quantidades mais elevadas, a grávida deve ser internada e submetida a transfusões sanguíneas. Se a idade gestacional já tiver completado as 36 semanas é recomendada a realização de cesariana.

Se, pelo contrário, a idade gestacional for inferior a 35 semanas, o tratamento da cesariana costuma ser conservador. Neste caso, o tratamento avança para cesariana apenas se a hemorragia não cessar ou se o bebé apresentar sinais de sofrimento.

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