Nutricionista Rita Lima
Nutricionista Rita Lima
01 Mar, 2017 - 17:33

10 mitos sobre alimentação infantil que precisam de ser desmistificados

Nutricionista Rita Lima

Conheça 10 mitos sobre alimentação infantil que podem estar a prejudicar a saúde do seu filho e saiba a verdade no nosso artigo.

10 mitos sobre alimentação infantil que precisam de ser desmistificados

Tal como na alimentação em geral, também sobre a alimentação das crianças circula, principalmente nos meios de comunicação social, muita informação errada, constituindo os chamados mitos sobre alimentação infantil.

Atualmente, a obesidade infantil é um verdadeiro problema de saúde pública e uma epidemia mundial urgente de resolver. Neste sentido, é crucial desmistificar os mitos sobre alimentação infantil que poderão estar a contribuir para o agravamento deste problema.

De facto, existem alimentos ou hábitos alimentares que muitos pais consideram saudáveis, mas que, na verdade, podem estar a contribuir para o aumento de peso da criança.

Vejamos então quais os maiores mitos associados à alimentação infantil.

10 mitos sobre alimentação infantil

Mito 1: Sumos de fruta são tão saudáveis como a fruta em natureza

sumos de fruta e mitos sobre alimentação infantil

Um dos mitos sobre alimentação infantil mais persistente. Muitos pais pensam que como a fruta é saudável, que os sumos de fruta são uma opção igualmente boa.

No entanto, os sumos de fruta tendem a ter um valor energético muito superior, na medida em que são constituídos por várias peças de fruta, e praticamente não contêm fibra, uma vez que esta se perde no processo de elaboração do sumo.

Mito 2: A ceia é fundamental

Após o nascimento, a criança demora alguns meses até adquirir um horário de refeições semelhante ao dos adultos. Mas, a partir dos seis meses, a ceia pode ser dispensada.

Não quer dizer que seja proibida, mas apenas deve ser dada se a criança pedir ou se já tiver passado pelo menos 2 horas desde o término do jantar, não devendo a criança ser acordada de propósito para comer ou “ beber leite”.

Até porque, a ingestão de qualquer alimento, incluindo o leite, à noite fica na superfície dos dentes acabando por facilitar o aparecimento de cáries, principalmente em crianças mais pequenas que ainda não lavam bem os dentes.

Mito 3: Os cereais são a melhor opção para um bom pequeno-almoço

criancas e cereais de pequeno almoco e mitos sobre alimentação infantil

Os cereais são, muitas vezes, a opção mais fácil para o pequeno-almoço das crianças, visto que são rápidos de prepara e ingerir e existe sempre uma variedade que seja do gosto da criança.

No entanto, praticamente todos os cereais infantis contêm uma grande quantidade de açúcar e/ou gordura, não sendo, de todo, opções saudáveis para a criança começar o dia.

O pão ou as tostas são versões muito mais interessantes para o pequeno-almoço da criança.

Mito 4: O ovo deve acompanhar a carne ou a peixe

Os ovos são excelentes fontes de proteína, pelo que não devem ser encarados como um acompanhamento da carne e do peixe, mas sim como um substituto.

De facto, é bastante frequente os pais acharem que uma refeição à base de ovos é insuficiente para satisfazer as necessidades nutricionais dos filhos, o que constitui um verdadeiro mito.

Com efeito, o ovo além de ser tão bom fornecedor proteico como a carne e o peixe, é ainda rico em minerais (como o ferro, selénio, fósforo) e vitaminas (vitaminas do complexo B, vitamina A, vitamina D e vitamina K), sendo, por isso, um alimento muito completo.

Mito 5: O iogurte é uma sobremesa saudável

crianças e iogurte e mitos sobre alimentação infantil

Este é mais um dos grandes mitos sobre alimentação infantil. O iogurte é, frequentemente, encarado como uma sobremesa saudável para as refeições principais.

Contudo, tendo em conta que o iogurte é um alimento rico em cálcio e que o cálcio é um inibidor da absorção do ferro contido na carne ou no peixe, facilmente se depreende que o momento imediatamente após uma refeição não será a melhor altura para ingerir iogurte.

A fruta, pelo contrário, principalmente aquelas mais ricas em vitamina C, como os citrinos, potenciam a absorção do ferro, sendo uma opção muito melhor para a sobremesa das crianças.

Além disso, os pais têm, por norma, bastante receio em dar às crianças iogurtes magros, visto que acham que elas ainda não têm idade suficiente para ingerir laticínios magros.

Como tal, os iogurtes que as crianças comem chegam a conter um teor muito elevado de hidratos de carbono e açúcar, o que torna esta opção relativamente desequilibrada.

Mito 6: Se a criança recusar o mesmo alimento duas vezes, deve-se desistir

Este é mais um mitos sobre alimentação infantil. Não deve desistir nem à primeira nem à segunda tentativa! É natural que a criança rejeite alguns alimentos quando os prova pela primeira vez, que derivam da surpresa pelo sabor novo e não do facto de não gostar.

Ainda assim, se a criança recusar um alimento, não pressione e tente de novo uns dias mais tarde. Mas tente.

A evidência científica mais recente tem demonstrado que é necessário tentar cerca de 8 vezes até se certificar que a criança não gosta mesmo.

Mito 7: O primeiro alimento sólido do bebé tem que ser a papa

criança a comer papa e mitos sobre a alimentação infantil

O primeiro alimento do bebé não tem que ser obrigatoriamente a papa. Para todo o processo de diversificação alimentar, apesar de existirem recomendações, não há regras absolutas.

Atualmente é cada vez mais frequente iniciar a diversificação alimentar pela sopa em detrimento das papas de cereais, visto que é nutricionalmente mais completa e apresenta menor valor energético.

Um dos motivos para esta escolha reside no padrão de crescimento desejável durante o 1º ano de vida e no aumento da prevalência da obesidade infantil, sendo particularmente importante iniciar a diversificação alimentar com as sopas no caso de bebés com excesso de peso.

Mito 8: A criança deve comer tudo passado enquanto não tiver dentes

Os dentes começam a surgir por volta dos seis meses. Mas podem surgir antes ou depois, dependo do desenvolvimento da criança.

Por outro lado, a partir dos seis meses, a criança pode começar a comer alguns alimentos para além do leite, papas ou purés, como pedaços de pão ou banana.

Para estes alimentos, de mastigação fácil, a criança utiliza as gengivas, não os dentes, estimulando os movimentos da língua e dos maxilares e promovendo o desenvolvimento da dentição.

O prolongamento de uma alimentação sob a forma de papas ou purés é assim contra-indicado, acrescentado o facto de que se a criança não aprender o processo de mastigação, irá mais tarde recusar a alimentação normal da família, como por exemplo a sopa não passada.

Contudo, é de referir que não deverá deixar a criança sozinha enquanto estiver a comer pois, tal como mencionado, este será ainda um processo de desenvolvimento e aprendizagem.

Mito 9: Se a criança não come tudo o que lhe é servido, devo forçar

crianca que nao quer comer

É importante que não pressione o seu filho a comer. As crianças têm necessidades diferentes dos adultos e têm uma maior capacidade de respeitar a sensação de saciedade e os estímulos que o organismo lhes dá.

Desde que a criança esteja a crescer saudável e de acordo com os percentis, não se deve preocupar que ela coma mais quantidade do que aquela que ela pede.

Por fim, referir que não deve utilizar os alimentos como castigo ou recompensa. Quantas vezes se ouve “se comeres o peixe, deixo-te comer um chocolate no fim”?

Este é um conceito errado que retira aos alimentos o seu valor real, atribuindo uma conotação negativa a determinados alimentos saudáveis como legumes ou peixe.

Mito 10: Todas as crianças deveriam tomar suplementos de vitaminas

Este é um dos maiores mitos sobre alimentação infantil. Na verdade, se a criança tiver uma alimentação saudável, variada e equilibrada, não necessita de qualquer suplemento, visto que consegue retirar dos alimentos as quantidades de vitaminas e minerais que necessita.

A única exceção poderá ser a vitamina D, uma vitamina importante na manutenção da saúde óssea e que é obtida através da dieta ou da exposição solar da pele.

De facto, estudos têm reportado uma deficiência nesta vitamina na população portuguesa, especialmente nas crianças.

Assim sendo, as crianças poderão estar em risco de aporte inadequado, podendo ser necessário recorrer à suplementação especialmente nos meses de inverno (com menor exposição solar).

Contudo, antes de dar qualquer suplemento ao seu filho consulte o seu médico ou nutricionista.

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