Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
27 Jul, 2022 - 16:55

Inflação e alimentação: o impacto dos preços à mesa

Catarina Milheiro

É possível alimentar-se bem mesmo perante um cenário de alta inflação. Saiba como com a ajuda das nossas sugestões.

Numa simples ida ao supermercado já todos sentimos que os preços estão a aumentar. Mas será que sabemos qual é, na verdade, o impacto da inflação na nossa alimentação?

De facto, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que em Portugal, a taxa de inflação homóloga aumentou para 7,2% em abril – registando assim o valor mais alto desde março de 1993 e um aumento de 1,9 pontos percentuais face ao mês anterior.

Para além disto, o indicador de inflação subjacente (excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) também aumentou – registando uma variação de 5,0% (3,8% em março).

Relativamente ao índice referente aos produtos alimentares não transformados, saiba que este apresentou uma variação de 9,4% (face aos 5,8% de março). O que significa que o ano de 2022 está efetivamente a ser marcado por um aumento generalizado dos preços.

Inflação e alimentação: como tem evoluído o custo de vida em Portugal

A maioria das famílias já sente a inflação na alimentação, principalmente quando se dirigem aos supermercados para realizar algumas compras para a casa.

Pode até nem reparar num primeiro momento através das etiquetas dos produtos, mas estamos certos de que nota um aumento significativo na fatura correspondente ao total. Isto porque a verdade é que os preços dos bens alimentares essenciais estão mesmo a aumentar.

A Deco Proteste reúne um cabaz de produtos essenciais com 63 produtos, tais como: pescada, banana, 1 kg de esparguete, 1 kg de arroz, 1 kg de frango, cebola, leite, queijo, manteiga, fiambre, 1 pacote de farinha, outro de açúcar, carapau, 1 kg de carne de peru, batata, cenoura, laranja ou maçã.

Para provar o aumento dos preços, entre fevereiro e maio deste ano, o preço do cabaz de produtos essenciais da Deco Proteste ficou mais caro 21,28 euros – isto é, um aumento de 11,59% (correspondendo a 204,91€).

Contudo, nem todos os produtos têm vindo a aumentar na mesma proporção. De facto, no espaço de datas mencionado em cima no artigo, a categoria que mais aumentou foi o peixe, subindo 20,02%.

Ora, se acompanharmos as pesquisas feitas pela Deco Proteste, observamos que estamos perante um cenário um pouco assustador. Principalmente para as famílias mais carenciadas, que passam por situações difíceis e que se encontram desempregados.

É possível manter uma boa alimentação num cenário de alta inflação?

Perante um cenário de alta inflação é perfeitamente normal que as famílias se comecem a questionar sobre o facto de ser ou não possível continuar a manter uma boa alimentação, apesar dos custos elevados.

A verdade é que sim, é possível – mas é necessário estar atento a todas as promoções e comprar apenas o essencial. Por isso, o importante neste momento é fazer contas e ver onde consegue poupar o máximo possível.

Não foram só as massas que subiram cerca de 30 ou 40 cêntimos – outros bens alimentares essenciais como o arroz, ovos, bolacha-maria, cereais, manteigas e o café moído por exemplo, também aumentaram desde o início do ano.

O truque está em olhar bem para a sua despensa, fazer uma limpeza geral para ter a certeza daquilo que precisa para a semana e observar todos os folhetos promocionais dos supermercados em geral.

No fundo, tudo se resume à compra do essencial pelo menor preço possível.

Quais os produtos a que devemos dar prioridade?

Se na sua dieta inclui a carne e o peixe, então é importante pesquisar sobre todas as promoções em diferentes supermercados. Isto porque estes dois produtos foram os que mais aumentaram nos últimos meses e são por isso, aqueles em que notamos um maior aumento cada vez que precisamos de os comprar.

Opte por fazer compras semanais em vez de mensais. Desta forma vai conseguir poupar algum dinheiro, aproveitando sempre as promoções de cada semana. Por exemplo: se a carne de vitela estiver em promoção numa superfície na próxima semana, tente aproveitar para comprar bifes para uma semana.

O mesmo acontece com o peixe, sendo que este foi o produto alimentar que registou a subida mais alta de todos (tendo a pescada como referência). Assim, o ideal é proceder exatamente da mesma forma anterior.

Vá comprando à medida que vai precisando dos alimentos – e o mesmo serve para os pacotes de arroz, massas, cereais, leite, ovos, frutas e legumes.

Para além disto, fazer uma alimentação variada, consciente e equilibrada vai também depender das receitas que opta por realizar. Dica: experimente fazer uma carne estufada e aproveite para realizar 3 refeições distintas como massa à bolonhesa, carne à brás e arroz de carne.

No caso de cozer umas postas de pescada e sobrar comida, pode sempre aproveitar para fazer uma segunda refeição como uma espécie de “roupa-velha” ou então uma salada de pescada, adicionando umas ervilhas ou cenoura cozida.

Quais são os produtos alimentares mais caros atualmente?

Todas as semanas os preços dos bens alimentares sofrem alterações, sendo que numa semana os vegetais podem estar mais caros do que noutra. Mas para que consiga ter uma noção mais aproximada da inflação na alimentação, a Deco Proteste ajuda-nos a perceber os maiores aumentos.

Alguns dos produtos que sofreram aumentos nos últimos meses são:

  • Laranja;
  • Cereais;
  • Bolacha-maria;
  • Azeite virgem extra;
  • Batata;
  • Café torrado moído;
  • Atum posta em azeite;
  • Bacalhau inteiro, salgado e seco;
  • Polpa de tomate;
  • Iogurte líquido.

Como podemos ver, estão presentes alguns bens essenciais que necessitamos de comprar para incluir na nossa alimentação. Contudo, esta é uma fase em que precisamos de ser cuidadosos em relação ao orçamento e criativos nos nossos cozinhados.

Por exemplo: se o seu orçamento estiver mais apertado este mês e a polpa de tomate não for essencial, pode ser optar por uma solução caseira e mais saudável, triturando tomates e adicionando especiarias a gosto.

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