Nutricionista Ana Neto
Nutricionista Ana Neto
09 Jan, 2017 - 19:03

Cirurgia Bariátrica: saiba mais

Nutricionista Ana Neto

A cirurgia bariátrica é utilizada globalmente no tratamento da obesidade. Leia um pouco mais sobre este método.

Cirurgia Bariátrica: saiba mais
A cirurgia bariátrica é uma parte devidamente estabelecida na gestão da morbilidade nos pacientes obesos.

Os pacientes que procuram este tipo de cirurgias, por norma, apresentam um extenso histórico de tentativas de perdas de peso.

Em Portugal, os critérios para admissão para cirurgia bariátrica são:
 
  • IMC ≥ 40 Kg/m2 (obesidade grau 3)
  • IMC ≥ 35 Kg/m2 (obesidade grau 2) com presença de, pelo menos, uma comorbilidade associada.
Além dos critérios relacionados com o Índice de Massa Corporal (IMC), existem outros que têm que ser cumpridos, nomeadamente a tentativa prévia de outras medidas com objetivo de redução ponderal (sem sucesso), ausência de distúrbios psicológicos ou a ausência de dependência de álcool ou estupefacientes.


Tipos de cirurgia bariátrica

Existem vários tipos de cirurgia bariátrica para o controlo do risco nos pacientes obesos. Atualmente, a maior parte das cirurgias são feitas por laparoscopia.

Esta abordagem tem a vantagem de apresentar uma baixo risco de complicações, menos dor pós-operatória, uma curta estadia no hospital e grande eficácia na recuperação.

Atualmente existem 3 técnicas cirúrgicas diferentes:
 
  1. Cirurgia puramente restritiva
  2. Cirurgias malabsortivas
  3. Cirurgias mistas

As restritivas possibilitam, mediante saciedade precoce favorecida pela redução da capacidade gástrica, a diminuição do volume de alimentos ingeridos. As técnicas malabsortivas, mediante exclusão de um segmento do intestino delgado, propõem a redução da absorção de alimentos, e as mistas, por sua vez, associam uma restrição mecânica ao bolo alimentar a uma má absorção intestinal,


1. Banda gástrica ajustável

banda gastrica ajustavel

Um dos metidos cirúrgicos realizados com o objetivo de reduzir a ingestão alimentar é colocar um anel à volta do estômago na sua parte mais alta, dando a essa parte do estômago a forma de uma ampulheta.

O primeiro conceito de utilização de banda gástrica surgiu em 1978. Nos anos subsequentes têm sido feito aperfeiçoamentos a esta técnica, sendo que atualmente as mais utilizadas são as bandas insufláveis.

As bandas insufláveis têm acopladas um balão que se encontra ligado a um pequeno reservatório colocado por baixo da pele do abdómen normalmente sob as costelas esquerdas ou sob o apêndice xifóide. Esse dispositivo vai servir para encher ou esvaziar a banda provocando o efeito, respetivamente, de redução ou aumento do estoma, dificultando ou facilitando a passagem dos alimentos.

Trata-se de uma operação puramente restritiva, com a vantagem da quase inexistência de anemias quer por falta de ferro quer por falta de vitamina B12. A grande vantagem em relação às restantes cirurgias restritivas é manter o estômago intacto, a possibilidade de reconversão a qualquer altura, a variação do calibre do estoma consoante as necessidades do doente.

No entanto, a sua utilização em doentes pacientes com apetência excessiva por alimentos doces e com elevado teor de gorduras, e assim como com graus de obesidade mais elevados, deve ser bem ponderada dada a menor taxa de sucesso da banda nesse tipo de casos.

Outra das grandes vantagens desta técnica cirúrgica é a facilidade com que esta técnica é reproduzida por laparoscopia e, como tal, ser acessível a um grande número de Centros e cirurgiões.
 
 


2. Bypass gástrico

bypass gastrico

Após a observação de que as mulheres operadas de gastrectomia subtotal por doença ulcerosa péptica, tendiam a perder peso e que, além disso lhes era muito difícil aumentar de peso após a operação, deu-se a tentativa de aplicar o mesmo princípio à obesidade, criando a chamada técnica de “Bypass” gástrico.

Desde o seu aparecimento, múltiplas modificações lhe foram introduzidas na tentativa de melhorar a perda de peso e minorar as complicações.

Como todos os procedimentos cirúrgicos, este procedimento pode acarretar algumas consequências, quer a curto quer a longo prazo. Uma possível a longo prazo trata-se de anemia por falta de ferro, deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, deficiência de cálcio e/ou vitamina D e síndrome de Dumping, entre outros.

Apesar do número de complicações parecer elevado, ocorrem apenas em cerca de 10 a 20% dos doentes e não são ameaçadoras para a vida sendo, geralmente, fáceis de resolver.

O “Bypass” gástrico em Y de Roux é considerado atualmente como a técnica “gold standard” da cirurgia bariátrica e é a mais praticada em todo o Mundo.
 
 


3. Gastrectomia Vertical Calibrada

gastrectomia vertical calibrada

Também chamada vulgarmente de “Sleeve”, é uma técnica em que se retira cerca de 2/3 do estômago com o objetivo de reduzir a sua capacidade e provocar restrição. Ao mesmo tempo, retira-se é realizada a produção de hormonas responsáveis pela fome , nomeadamente, a grelina.

Consegue-se, assim, o duplo efeito de restringir a quantidade de alimentos ingerida de cada vez e, por outro lado, um importante efeito hormonal que se traduz na redução da fome nos intervalos das refeições. Além disso promove uma sensação de saciedade precoce.

É uma cirurgia tecnicamente mais simples que um “bypass” gástrico e, talvez por isso muito divulgada e utilizada hoje em dia. No entanto tem muitos pormenores a observar e as taxas de morbilidade e mortalidade não são inferiores às do “bypass”.
 
 


4. Balão gástrico

balao gastrico

Esta é uma técnica utilizada na redução de peso corporal, contudo, é considerada uma técnica endoscópica e não cirúrgica.

► Saiba mais sobre balão gástrico aqui.


A Vida depois da cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica pode ajudar a obter resultados impressionantes na perda de peso, mas não deve ser vista como uma cura milagrosa e mágica para a obesidade.

Pessoas que realizam a cirurgia devem seguir à risca as mudanças no estilo de vida que lhes são recomendadas, que consistem num plano alimentar rigoroso e na prática de exercício físico, de modo a evitarem o ganho de peso de novo, assim como outras complicações a longo prazo.

É de notar, ainda, que a perda repentina de peso pode originar ou agravar outros problemas do foro psicológico e mental, até porque não é incomum o relato de pacientes que realizam a cirurgia e dizem não verem problemas como depressão e ansiedade desaparecerem.
 

Em suma…

A primeira linha de intervenção na perda de peso deve ser sempre o seguimento de um plano alimentar equilibrado e saudável concomitantemente com a prática de exercício físico. Tal deve-se ao facto de não se poder negligenciar os riscos que a cirurgia acarreta – assim como o compromisso com as mudanças no estilo de vida após a realização da mesma.

Contudo, pesando bem os prós e contras, e tomando a decisão de forma consciente, a cirurgia bariátrica pode ser uma ajuda enorme no processo de perda de peso.


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