Luís Cristino (nutricionista)
Luís Cristino (nutricionista)
03 Fev, 2020 - 13:54

Alimentos ricos em histamina

Luís Cristino (nutricionista)

Fique a conhecer quais os alimentos ricos em histamina e que alimentos deverá escolher no caso de apresentar intolerância à histamina.

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A histamina encontra-se presente na maioria dos alimentos, sendo que a concentração aumenta proporcionalmente com a fermentação, a maturação e o envelhecimento dos alimentos.

Fique, então, a conhecer os alimentos ricos em histamina e, se necessário, quais os alimentos que deve evitar e os que deve incluir na sua alimentação diária de forma a reduzir a sintomatologia associada a concentrações elevadas de histamina no sangue.

A histamina encontra-se presente na maioria dos alimentos, sendo que a concentração aumenta proporcionalmente com a fermentação, a maturação e o envelhecimento dos alimentos.

O que é a histamina?

A histamina é uma amina vasodilatadora que está envolvida em processos bioquímicos de respostas imunológicas, com funções reguladoras no trato gastrointestinal, como por exemplo na secreção de ácido gástricos, e atua ainda como neurotransmissor (1).

Os valores normais, e desejáveis, no plasma sanguíneo encontram-se entre 0,3 a 1,0 ng/mL (2). Valores mais elevados, normalmente encontrados em pessoas com intolerância ou sensibilidade à histamina, podem levar ao surgimento de sintomatologias descritas abaixo. O aumento da concentração da histamina deve-se a um aumento da acumulação de histamina e a uma diminuição do seu processo de metabolização (degradação).

Qual o problema de valores altos de histamina?

A sintomatologia associada à ingestão de pequenas quantidades de histamina normalmente ocorre em indivíduos com intolerância ou sensibilidade para esta amina. No entanto, em pessoas saudáveis pode ocorrer o desenvolvimento de fortes dores de cabeça ou rubor devido à ingestão alimentar de grandes quantidades de histamina, em oposição pequenas quantidades de histamina são de fácil tolerância.

Exceder a tolerância individual à histamina dá origem a diversos sintomas dependentes da concentração. Na tabela abaixo pode verificar os sintomas mais comuns associados à concentração de histamina (2):

Histamina (ng/mL)  Efeitos Clínicos
0–1  Valor de referência 
1–2  Aumento da secreção de ácido gástrico. Aumento da frequência cardíaca
3–5  Taquicardia, dor de cabeça, rubor, urticária, prurido
6–8  Diminuição da pressão arterial (podendo levar a um quadro clínico de hipotensão)
7–12  Broncospasmos
≈100  Paragem cardíaca  

Alimentos ricos em histamina: o que evitar

Alimentos ricos em histamina: o que deve evitar comer

A histamina e outras aminas biogénicas estão presentes em muitos alimentos, e a sua presença aumenta com o aumento da maturação ou fermentação dos alimentos.

Para ocorrer a formação destas aminas nos alimentos é necessário existir aminoácidos livres, microrganismos e condições que permitam o crescimento microbiológico e atividade enzimática.

As bactérias e algumas leveduras são as principais responsáveis pela produção de histamina, pelo que os alimentos fermentados como o vinho, o queijo curado, chucrute, e a carne processada ou alimentos estragados apresentam altas concentrações de histamina (3).

Como já referido anteriormente, produtos fermentados e amadurecidos apresentam quantidades de histamina consideráveis.  Na lista abaixo estão descritos alguns destes produtos (4).

  • Bebidas alcoólicas
  • Queijos maturados, queijo processado
  • Peixe congelado
  • Alimentos enlatados (em conserva) – nomeadamente peixe enlatado como a cavala, a sardinha, o atum e o chucrute
  • Enchidos e fumados
  • Leguminosas – por exemplo a soja, o grão de bico e o amendoim
  • Vinagre
  • Pickles
  • Iogurtes
  • Chocolate e cacau em pó
  • Chá
  • Espinafres, tomates, bananas, cerejas, beringela, abacate
  • Molho de soja e molho inglês
  • Extrato de levedura

Além dos alimentos ricos em histamina, muitos alimentos, como alimentos cítricos, quando ingeridos pensa-se que são capazes de provocar a libertação de histamina, mesmo que eles próprios contenham na sua constituição pequenas quantidades de histamina (2).

Alimentos como morangos, clara de ovo, mariscos e alguns aditivos (p. ex., tartrazina) e conservantes (p.ex., benzoatos) alimentares também estão incluídos no grupo de alimentos que são capazes de estimular a liberação de histamina.

Pode-se suspeitar de intolerância ou sensibilidade à histamina quando se descartar uma causa alérgica (3).

Na tabela abaixo encontram-se uma lista de alguns alimentos que são capazes de provocar libertação de histamina (2):

Origem Vegetal  Origem Animal Outros 
Frutos cítricos Peixe  Aditivos Alimentares Artificiais
Papaia  Crustáceos  Licores 
Ananás e Abacaxi Carne de Porco  Especiarias  (canela, pimenta, cravo)
Frutos Oleaginosos Clara de Ovo  
Feijão e Ervilhas    
Cacau e Chocolate    

Alimentos ricos em histamina: o que comer

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Uma das formas de gerir a intolerância à histamina é recorrendo à evicção da mesma na dieta, sendo que não existem dietas sem histamina, mas sim dietas com baixo teor em histamina.  Assim, pessoas com intolerância à histamina devem privilegiar a ingestão de alimentos e bebidas com baixo teor de histamina.

Alimentos e bebidas com baixos níveis de histamina incluem:

  • Carne e peixe (frescos ou ultracongelados)
  • Gema de ovo
  • Legumes e frutos frescos – com a exceção dos tomates, beringelas, abacate, frutos cítricos, morangos e cerejas
  • Verduras folhosas, com a exceção dos espinafres
  • Leite pasteurizado e produtos lácteos frescos
  • Massa, arroz, pão, bolachas e quinoa;
  • Manteiga
  • Bebidas vegetais
  • Infusões que não incluam na sua constituição chá verde, preto ou mate
  • Azeite e outras gorduras vegetais

Nota final

Por fim, caso note que poderá apresente sensibilidade ou intolerância à histamina, deve incorporar na sua alimentação diária alimentos que apresentem na sua constituição baixos valores de histamina, de forma a reduzir a sintomatologia associada com o consumo de alimentos ricos em histamina.

Antes de proceder a alterações da sua dieta, é recomendado que consulte um nutricionista de forma a evitar restrições excessivas que possam colocar em risco o seu estado de saúde.

Fontes

  1. Reese, I. (2018). Nutrition therapy for adverse reactions to histamine in food and beverages. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6885995/
  2. Maintz, L et al. (2007). Histamine and histamine intolerance. Disponível em: https://academic.oup.com/ajcn/article/85/5/1185/4633007
  3. Mahan, LK et al.(2018). Krause – Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 14ª edição
  4. Hee Son, J et al. (2018). A Histamine-Free Diet Is Helpful for Treatment of Adult Patients with Chronic Spontaneous Urticaria. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5839887/#S1
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