Psicóloga Ana Graça
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19 Out, 2018 - 11:06

Tricotilomania: tudo o que precisa saber sobre esta perturbação

Psicóloga Ana Graça

A tricotilomania é uma doença compulsiva, em que as pessoas tendem a arrancar os cabelos ou os pêlos do seu corpo. Saiba tudo sobre esta grave doença!

Tricotilomania: tudo o que precisa saber sobre esta perturbação

Apesar de serem várias as pessoas que sofrem de tricotilomania, este distúrbio psiquiátrico continua a ser desconhecido da grande maioria das pessoas.

A tricotilomania não é um simples mau hábito que as pessoas têm quando estão distraídas ou um simples tique. É sim uma doença psiquiátrica que está integrada no grupo das perturbações do espectro obsessivo‐compulsivo e que pode causar grande mal-estar e sofrimento a quem dela padece.

Compreender a tricotilomania

tricotilomania e arrancar cabelos

De forma simples, podemos definir tricotilomania como o ato de arrancar de forma recorrente, repetitiva e compulsiva o próprio cabelo/pêlo, sem fins estéticos, tendo como resultado uma perda capilar/pilosa significativa. Habitualmente mais prevalentes no sexo feminino, os sintomas de tricotilomania tendem a iniciar cedo na adolescência (entre os 11 e os 13 anos).

Nesta perturbação, de forma geral, as pessoas usam as mãos para arrancar os cabelos/pêlos, no entanto, podem também recorrer a determinados objetos, como pinças. Os cabelos são a parte pilosa mais comummente arrancada, mas também podem ser afetados os pêlos das sobrancelhas, pestanas ou de qualquer outra parte do corpo.

O ato de arrancar cabelo geralmente acontece como mecanismo de regulação das emoções e tende a ocorrer durante atividades sedentárias ou em momentos de maior aborrecimento (por exemplo, a ver televisão, durante uma viagem de carro, ao esperar por alguma atividade), procura de conforto (por exemplo, ao adormecer) ou de maior ansiedade.

Pode gerar irritações cutâneas, infeções e lesões no local e, habitualmente causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida (embaraço; vergonha; problemas escolares; ansiedade; depressão). Mais ainda, a tricotilomania é, frequentemente, acompanhada por outras perturbações mentais, tais como perturbação depressiva ou outro tipo de sintomas repetitivos centrados no corpo (por exemplo, beliscar a pele; roer as unhas).

Quais as causas da tricotilomania?

mulher com problemas de stress e ansiedade

As causas desta patologia não são inteiramente conhecidas e nem todos os investigadores estão de acordo, todavia, as hipóteses explicativas mais apontadas nos estudos realizados são:

  1. Interação complexa de fatores biológicos, psicológicos e sociais;
  2. Trauma infantil (níveis elevados de carência emocional; experiências traumáticas da infância);
  3. Tentativa de lidar com níveis elevados de ansiedade ou stress;
  4. Como forma de regular um estado interno de desequilíbrio sensorial e satisfazer uma necessidade biológica, mesmo que através de um comportamento auto-destrutivo.

Como identificar a tricotilomania?

sessao com psiquiatra

Antes de mais, para que o diagnóstico de tricotilomania se verifique, importa despistar que a perda capilar não se deve a doença dermatológica mas sim a causa psiquiátrica. O ato de arrancar o cabelo pode ocorrer em breves episódios distribuídos durante o dia ou durante períodos menos frequentes logo, os sintomas podem variar ao longo do curso da doença, sendo de destacar os seguintes critérios:

  1. Comportamento recorrente de arrancar os cabelos, resultando em perda de cabelo;
  2. Repetidas tentativas para diminuir ou parar de arrancar o cabelo;
  3. Arrancar o cabelo causa sofrimento clinicamente significativo ou comprometimento social, ocupacional ou em outras áreas importantes de funcionamento.

Em suma…

Se tem o hábito de arrancar cabelos e/ou pêlos do corpo, se despende muito tempo neste hábito que sente como incontrolável, se deixa de sair de casa, de fazer coisas e se isola devido a esta compulsão, deve procurar ajuda especializada na área da saúde mental.

O tratamento da tricotilomania pode envolver várias especialidades, desde o médico de clínica geral, ao dermatologista, ao psiquiatra e ao psicólogo clínico, sendo que quanto mais precocemente a doença for diagnosticada, mais cedo tem início o tratamento e melhor é o prognóstico.

Existe ainda um longo caminho a percorrer para que a compreensão acerca da tricotilomania seja plena, contudo, os tratamentos de que dispomos atualmente permitem já que as pessoas que padecem desta patologia aprendam estratégias comportamentais de controlo de impulsos, que consigam diminuir a ocorrência das compulsões e que vivam com maior bem-estar emocional.

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