Teresa Santos
Teresa Santos
30 Set, 2020 - 09:25

Vacina da gripe 2020: tudo o que precisa saber

Teresa Santos

Este ano, devido à COVID-19, a vacina da gripe reveste-se de uma maior relevância. Saiba para quem esta vacina é gratuita e por que é importante tomá-la.

Mulher a tomar a vacina da gripe contra o vírus H1N1

A gripe é uma doença contagiosa que, apesar de ser geralmente inofensiva, pode trazer algumas complicações, no caso de pessoas com doenças crónicas ou com mais de 65 anos de idade. Este ano, devido à pandemia de COVID-19, a vacina da gripe assume uma importância ainda maior.

A vacina da gripe ajuda a evitar a doença, assim como as complicações que lhe estão associadas. Como o vírus que causa a gripe está em constante mutação, é necessário renovar anualmente a imunidade em relação a ele, tomando precisamente a vacina da gripe.

Vacina da gripe 2020: informações gerais

Programa Nacional de Vacinação inclui três novas vacinas

A transmissão da gripe pode acontecer antes dos sintomas aparecerem; durante a sua manifestação; ou mesmo depois dos sintomas terem surgido. O pico da infeção pode durar entre 4 a 5 dias, embora a recuperação total da doença possa demorar aproximadamente duas semanas.

Como já adiantámos, os grupos de risco como os idosos ou os doentes crónicos podem desenvolver outras complicações, tais como pneumonia e/ou descompensação de doenças pré-existentes.

Doentes crónicos

Os doentes crónicos fazem parte dos grupos de risco e, por isso, é fortemente recomendada a vacinação destas pessoas. Porém, há algumas patologias crónicas que tornam a toma desta vacina ainda mais fundamental. Alguns desses problemas crónicos são:

  1. Patologias do foro respiratório
    • Doença pulmonar obstrutiva crónica (bronquite crónica, enfisema pulmonar), fibrose quística, fibrose pulmonar intersticial, pneumoconioses, displasia broncopulmonar
    • Asma sob terapêutica com corticoides inalados ou sistémicos
  2. Do for cardiovascular
    • Insuficiência cardíaca crónica
    • Cardiopatia congénita
    • Cardiopatia hipertensiva
    • Cardiopatia isquémica
  3. Renal
    • Síndroma nefrótica
    • Insuficiência renal crónica
  4. Hepático
    • Hepatite crónica
    • Cirrose
    • Atresia biliar
  5. Hematológica
    • Hemoglobinopatias
  6. Imunodepressão
    • Infeção por VIH
    • Asplenia ou disfunção esplénica
    • Quimioterapia imunossupressora (antineoplásica ou pós-transplante)
    • Terapêutica com fármacos biológicos ou DMARDS (Disease Modifying AntiRheumathic Drugs)
  7. Doenças Metabólicas
  8. Diabetes mellitus
  9. Doenças genéticas
    • Trissomia 21
    • Défice de alfa-1 antitripsina sob terapêutica de substituição
  10. Obesidade
  11. Transplantação
  12. Terapêutica com salicilatos

Para que serve a vacina da gripe?

paciente a tomar a vacina da gripe de forma gratuita

Todos os anos, são identificados os subtipos do vírus Influenza (causador da gripe) responsáveis pelo maior número de casos de gripe no inverno seguinte.

A partir daí, é possível criar vacinas que ofereçam imunidade e defesas contra esta infeção, impedindo que a doença se replique de forma descontrolada. Assim, mesmo quem não é vacinado tem menos probabilidade de desenvolver um quadro de gripe tão severo.

Reações

Como outras vacinas, a vacina da gripe também pode causar reações locais, nomeadamente:

  • Dor
  • Eritema (vermelhidão)
  • Formação de um nódulo duro no local de injeção
  • Febre
  • Mialgias

Nestes casos, pode aplicar gelo na zona da injeção e tomar paracetamol (em caso de dor e/ou febre).

Contra-indicações

Apesar de serem poucas, a vacina da gripe tem algumas contra-indicações a saber:

  1. Antecedentes de reação anafilática a qualquer um dos componentes da vacina, tais como aos excipientes ou às proteínas do ovo.
  2. Antecedentes de Síndroma de Guillain-Barré nas 6 semanas seguintes à administração de uma dose da vacina.
  3. Doença febril, moderada ou grave, ou doença aguda. Nestas situações, a toma da vacina deve ser adiada.

Vacina da gripe no contexto da pandemia de COVID-19

profissional de saúde a realizar o teste covid-19

Na atual conjetura de pandemia de COVID-19, a administração da vacina da gripe pode ter um papel determinante. Por isso mesmo, foram adotadas medidas excecionais, no que respeita à vacinação gratuita contra a gripe.

Entre essas medidas estão: a antecipação do início da época de vacinação; a vacinação faseada; e a contemplação de profissionais cujo trabalho oferece maior risco da ocorrência de surtos. Assim, foram estabelecidas duas fases de vacinação.

Fases de vacinação gratuita

  • 1ª fase: a partir de 28 de setembro, destina-se a residentes, utentes e profissionais de estabelecimentos de respostas sociais, doentes e profissionais da rede de cuidados continuados integrados, profissionais do Serviço Nacional de Saúde e grávidas.
  • 2ª fase: a partir de 19 de outubro, pessoas com idade igual ou superior a 65 anos e doentes crónicos ou imunodeprimidos.

E quem não está abrangido pela vacinação gratuita?

Os demais indivíduos que não fazem parte dos grupos anteriormente descritos podem tomar a vacina da gripe, se assim desejarem. Para isso, precisam de uma receita médica, podendo adquirir a vacina numa farmácia. Nestas situações, o Estado comparticipa-a em 37% (1).

É gripe ou COVID-19?

Mulher a verificar febre com termómetro

Os sintomas da gripe são também partilhados pela COVID-19, o que torna mais difícil a distinção entre as duas doenças. Efetivamente, ambas são infeções respiratórias, com sintomatologias e modos de transmissão idênticos. Porém, importa sublinhar que se tratam de doenças diferentes.

Os vírus que estão na origem destas patologias são distintos e, se para a gripe existe uma vacina e a maioria da população já tem alguns anticorpos, o mesmo não acontece para a COVID-19.

Mulher com gripe em casa
Veja também COVID-19, gripe e constipação: quais as principais diferenças?

A ordem dos sintomas

Para ajudar a distinguir as duas doenças de forma mais rápida e simples, a comunidade científica tem colocado a hipótese da ordem pela qual os sintomas das duas doenças se manifestam poder ser uma “chave” para conseguir diferenciar uma patologia da outra.

Alguns estudos, como o levado a cabo pela Universidade da Califórnia do Sul, adiantaram que, enquanto na COVID-19 é habitual surgir febre; tosse; dor de cabeça/garganta ou muscular; náuseas ou vómitos; e diarreia; em quadros gripais, é mais habitual a sintomatologia aparecer com a seguinte cadência: tosse; dor muscular; dor de cabeça; dor de garganta; febre; náuseas e/ou vómitos; e diarreia (2).

Porém, há uma margem de erro a considerar neste estudo, além da própria circunstância de muitas das pessoas infetadas com o novo coronavírus poderem permanecer assintomáticas.

Por todas estas razões, tomar a vacina da gripe este ano pode mesmo fazer toda a diferença, até para quem nunca a recebeu. Também nunca é demais reforçar que se tiver sintomas como febre (superior a 38ºC), tosse (seca e persistente) e/ou dificuldade respiratória, deve sempre contactar a linha de Saúde 24 (808 24 24 24) e seguir todas as indicações e recomendações que lhe forem dadas do outro lado da linha.

Fontes

  1. Direção-Geral da Saúde. Norma nº 016/2020. Vacinação contra a gripe. Época 2020/2021. Disponível em: https://www.dgs.pt/normas-orientacoes-e-informacoes/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0162020-de-25092020-pdf.aspx
  2. Joseph R. Larsen, Margaret R. Martin, John D. Martin, Peter Kuhn, James B. Hicks. Modeling the Onset of Symptoms of COVID-19. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpubh.2020.00473/full
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