Enfermeira Isabel Silva
Enfermeira Isabel Silva
06 Dez, 2017 - 17:11

Septicemia: será um problema grave?

Enfermeira Isabel Silva

A septicemia pode facilmente tornar-se um problema fatal. Se não for tratada devida e atempadamente, este problema pode facilmente progredir para quadros mais graves.

Septicemia: será um problema grave?

A septicemia é uma infeção grave do sangue. Este problema surge quando uma infeção bacteriana em qualquer parte do corpo, como pulmões ou pele, penetra na corrente sanguínea. Torna-se uma situação perigosa porque, desta forma, as bactérias e as suas toxinas podem ser transportadas pelo corpo todo atingindo outros órgãos.

A septicemia pode rapidamente tornar-se uma ameaça à vida. Se não for tratada devida e atempadamente, em meio hospitalar, este problema pode progredir para sepsis.

Apesar de esta condição ser várias vezes confundida com sépsis, elas não são a mesma coisa. A sépsis ocorre quando a infeção se propaga por todo o organismo. Isto pode provocar coágulos sanguíneos, impedindo o oxigénio de chegar aos órgãos vitais e provocando a sua falência. Quando a sépsis ocorre associada com níveis de pressão arterial muito baixos, estamos perante um choque séptico. Em muitos casos, o choque séptico é fatal.

Quais são as causas da septicemia?

A septicemia é provocada por uma infeção grave em qualquer parte do corpo. As suas causas mais comuns são:

  • Infeções do trato urinário;
  • Infeções dos pulmões, como a pneumonia;
  • Infeções dos rins;
  • Infeções na região abdominal.

Bactérias provenientes destas infeções entram na corrente sanguínea e multiplicam-se rapidamente, provocando sintomas imediatos.

Pessoas internadas em meio hospitalar (cirurgia, por exemplo) têm um maior risco de desenvolver septicemia. As infeções secundárias em meio hospital são mais perigosas uma vez que essas bactérias podem ser resistentes a antibióticos.

Existem outros fatores que aumentam o risco de desenvolver esta condição:

  • Feridas e queimaduras graves;
  • Crianças e idosos;
  • Sistema imunitário debilitado (devido a HIV ou leucemia, por exemplo);
  • Presença de cateter urinário ou intravenoso;
  • Ventilação mecânica;
  • Pessoas sob tratamentos médicos que enfraquecem o sistema imunitário (como a quimioterapia, por exemplo).

Sintomas da septicemia

Quando a septicemia se instala, os sintomas surgem rapidamente. Mesmo nas fases precoces da doença, a pessoa afetada apresenta-se com um aspeto debilitado.

Os sintomas mais comuns são:

  • Calafrios;
  • Febre;
  • Aumento da frequência respiratória;
  • Aumento da frequência cardíaca.

À medida que a septicemia progride sem tratamento, os sintomas vão se tornando mais severos:

  • Confusão mental;
  • Náuseas e vómitos;
  • Petéquias (pequenos pontos na pele);
  • Volume urinário reduzido;
  • Circulação sanguínea comprometida.

Perante o aparecimento de sinais e sintomas de septicemia, é fundamental o tratamento hospitalar o mais rapidamente possível, para que o problema não se agrave tornando-se potencialmente fatal.

Complicações da septicemia

A septicemia pode evoluir para quadros graves e potencialmente fatais se não for tratada atempadamente.

Sepsis

A sépsis ocorre quando a infeção se propaga pelo corpo todo. Quando provoca falência de órgãos estamos perante uma sépsis severa. Pessoas com doenças crónicas, como o VIH ou cancro, apresentam um risco maior de sépsis, uma vez que o seu sistema imunitário está debilitado.

Choque séptico

Uma complicação grave é a queda abrupta dos níveis de pressão sanguínea. Quando isto acontece estamos perante um choque séptico. As toxinas libertadas na corrente sanguínea pelas bactérias podem provocar pressão arterial muito baixa e consequentemente danos nos órgãos e tecidos.

O choque séptico é uma emergência hospitalar. Pessoas com este problema são, normalmente, tratadas em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

Síndrome respiratória aguda grave (SARS)

A SARS é uma condição que representa risco de vida, que impede o oxigénio de chegar aos pulmões e sangue. A presença deste problema é fatal em cerca de um terço dos casos.

Pode provocar sequelas como danos permanentes nos pulmões e no cérebro, levando a problemas de memória.

Diagnóstico da septicemia

O diagnóstico de septicemia é um grande desafio para os profissionais de saúde. Muitas vezes, é difícil determinar a origem exata da infeção. O diagnóstico envolve, geralmente, um grande número de exames médicos.

Em primeiro lugar o médico avalia os sintomas e historial médico do doente. É feito um exame físico:

  • Avaliação da pressão arterial e da temperatura corporal;
  • Avaliação da presença de condições que possam estar associadas a septicemia (pneumonia, meningite ou celulite).

Normalmente, são realizadas uma série de análises a fluidos corporais como:

  • Urina;
  • Secreções respiratórias;
  • Sangue;
  • Secreções de feridas cutâneas.

Na presença de sinais de infeção pouco óbvios, podem ser realizados exames mais específicos como:

  • Radiografia;
  • Ressonância magnética;
  • Tumografia computarizada;
  • Ecografia.

 

Tratamento da septicemia

A septicemia é uma doença séria que necessita de tratamento hospitalar. O tratamento realizado deve ser o mais específico possível e depende de vários fatores:

  • Idade;
  • Estado de saúde geral;
  • Gravidade da doença;
  • Tolerância a certos medicamentos.

Para tratar a infeção bacteriana que está na origem do problema são utilizados antibióticos. Na maior parte dos casos, não há tempo para determinar qual é o tipo de bactéria responsável e, por este motivo, são utilizados antibióticos de largo espectro. Estes antibióticos são projetados para combater um grande leque de bactérias. Se a bactéria responsável for identificada, é utilizado um antibiótico específico para a mesma.

Para manter a pressão arterial estável e prevenir a formação de coágulos sanguíneos são, normalmente, administrados soros e outros medicamentos intravenosos para o efeito. Se o doente apresentar dificuldades respiratórias também pode ser necessária a administração de oxigénio através de uma máscara ou ventilador.

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