Psicóloga Ana Graça
Psicóloga Ana Graça
23 Ago, 2024 - 20:00

Saúde mental infantil: os mais pequenos também sofrem!

Psicóloga Ana Graça

Em alturas de crises ou de mudanças, toda a família enfrenta desafios. A saúde mental infantil também requer especial atenção.

Saúde mental infantil

O tema da saúde mental infantil ainda é tabu para muitos e desconhecido para outros. Quais são os sintomas de alerta e como reagir quando há um problema deste tipo?_

A todos, em diferentes momentos das nossas vidas, quer sejamos adultos ou crianças, são exigidas adaptações, mudanças e muita, muita resiliência. Os mais pequenos também sofrem nessas alturas, pelo que há que prestar especial atenção à saúde mental infantil.

Saúde mental infantil

Desde que entramos em 2020, o mundo tem trazido enormes desafios à saúde de todos nós, nomeadamente à saúde psicológica. Vivemos uma pandemia, enfrentamos as notícias de uma guerra geograficamente próxima, entramos numa crise energética e financeira… E, a par disto tudo, temos as nossas vidas e conflitos pessoais, que não se interrompem com as notícias do jornal.

Seja porque têm problemas familiares, porque perderam recentemente alguém de quem gostavam muito, porque as situações de desemprego e dificuldades financeiras se avolumam… As famílias enfrentam, atualmente, enormes exigências – bem como os diversos impactos psicológicos. Isto é tão válido para adultos, como para crianças e adolescentes.

De facto, os mais pequenos também sofrem e requerem uma atenção e uma proteção muito especial perante qualquer cenário de crise. Mas como ajudar as crianças a lidar com o stress e com mudanças importantes? Vamos tentar ajudar.

Os mais pequenos também sofrem!

7 dicas para os ajudar!

Sabemos que os mais pequenos também sofrem e que a nossa ajuda é fundamental para garantir o seu bem-estar psicológico. Mas como fazê-lo? Eis 7 dicas.

Menino em casa a espreitar pela janela
1

Refletir em família sobre como a criança se tem sentido

Importa pensar sobre a criança/adolescente e sobre a forma como se tem sentido ultimamente. Está a passar por um período que já se sabe mais difícil, como um mau momento na família ou na escola? Ou, sem motivo conhecido, isola-se e mostra-se triste ou irritada com regularidade?

De forma sincera, há que procurar analisar os comportamentos e as experiências dos últimos tempos, e tentar perceber se a criança/adolescente manifesta alguns sinais de alerta.

  • Tristeza
  • Ansiedade e preocupação
  • Agitação ou irritabilidade
  • Dificuldades em divertir-se
  • Maiores dificuldades de concentração
  • Maiores dificuldades em relacionar-se com os outros, comportamento mais agressivo ou necessidade de se isolar
  • Maior dependência em relação aos adultos de referência
  • Alterações ao nível do sono e apetite
  • Queixas de dores (por exemplo barriga e/ou cabeça)
2

Usar a experiência obtida

Os pais devem tentar utilizar experiências anteriores em favor do bem-estar dos mais novos. Em alturas menos fáceis, o que correu bem e podem repetir? O que não correu assim tão bem e devem evitar? Reinventem, juntos, essas estratégias e ações.

3

Recorrer ao humor

Recorrer ao humor não significa não de reconhecer a gravidade de qualquer situação-problema, nem desvalorizar junto das crianças a importância dos seus sentimentos – ou de eventuais crises, em casa ou fora.

O humor é uma estratégia saudável e eficaz para lidar com situações difíceis e ajuda adultos e crianças a diversificar e a controlar as emoções e os pensamentos. Traz alegria, tranquilidade e alívio.

4

Normalizar os sentimentos dos mais pequenos

Os mais pequenos também sofrem e aqueles que possuem maior compreensão sobre a realidade que os rodeia podem apresentar mais sentimentos de incerteza, insegurança e inquietação.

Desde que estejam capazes de o fazer, é importante que crianças e adolescentes compreendam que, diante de situações menos fáceis, é normal sentir alguma angústia e preocupação. Precisamos normalizar esses sentimentos.

Partilhem conversas em família, para que os mais pequenos compreendam que não são os únicos a senti-los, mas tenham sempre o cuidado de lhes garantir que qualquer que seja o problema vai passar. Devemos frisar que, em momentos difíceis, é importante tentar tirar partido do que se pode aprender, e da melhor forma possível.

5

Reforçar a paciência, a atenção e o mimo

As crianças precisam do amor e da atenção dos adultos durante períodos difíceis. Assim sendo, dêem-lhes mais tempo, mais atenção, mais carinho, tranquilidade e mais oportunidades para brincar e relaxar.

6

Assegurar a rotina

As rotinas dão-nos uma sensação de segurança e previsibilidade. Importa ajudar os mais pequenos a adotarem rotinas saudáveis no seu dia a dia. Comer bem e horas, deitar-se cedo, descansar, fazer menos horas de tecnologias, etc.

7

Esclarecer as dúvidas

É normal que os mais pequenos tenham dúvidas. Porquê uma crise financeira? Porque é que os adultos estão mais ansiosos? Porquê tantas notícias na televisão? Porquê há uma guerra? São porquês que importam responder.

Importa esclarecer os mais pequenos, de forma tranquilizadora. É importante que percebam, de acordo com a sua idade e nível de desenvolvimento, o que está a acontecer, seja na escola, em casa, no país ou no mundo.

Como conclusão

Como vimos, os mais pequenos também sofrem e é natural que, perante situações de mudanças, bullying ou diversos tipos de conflitos, sintam mais ansiedade e preocupação. É importante que os pais se mantenham atentos à saúde mental infantil e conversem com as crianças sobre o que as preocupa e sobre o que estão a sentir.

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