Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
19 Mai, 2023 - 11:27

O que fazer quando a avó quer ser mãe?

Catarina Milheiro

Quando a avó quer ser mãe, pode acabar por existir uma tensão grande no seio familiar. Saiba o que pode fazer para alterar esta situação.

Não há dúvidas de que os papéis que vamos desempenhando ao longo da vida se podem tornar bastante desafiantes. Primeiro somos filhos, depois crescemos e aprendemos a ser o genro ou a nora. Mais tarde surgem os nossos próprios filhos e rapidamente aprendemos a ocupar outros papéis. Neste caminho, descobrimos na nossa mãe e a nossa sogra no lugar de avó.

Por vezes, esta descoberta traz dissabores e problemas surgem quando não conseguimos, por algum motivo, lidar com todas estas relações entre as mulheres na família – sobretudo quando a avó quer ser mãe.

De facto, quando começamos a observar alguns comportamentos possessivos das avós sob os netos, começamos a refletir sobre o assunto. E, numa primeira fase, aquilo que devemos fazer é conversar e perceber de que forma podemos alterar a situação.

No entanto, nem sempre é fácil para uma avó perceber que poderá estar a ter atitudes e comportamentos menos positivos ou adequados. Então, o que fazer?

Quando a avó quer ser mãe: entenda os motivos

Ser mãe não significa que a nossa relação com as nossas mães e sogras se altere. Claro que numa primeira fase, durante a gravidez, podemos estar um pouco alteradas devido às hormonas, mas à partida nada muda na relação que temos com as mulheres que nos rodeiam.

E, quando algo muda, a tendência é para que seja positivo. Por exemplo: uma mãe de primeira viagem pode ver na sua mãe/sogra um enorme apoio durante e após a gestação, e criar ainda mais laços entre mãe/filha/neto.

No entanto, as relações também podem evoluir no sentido oposto. O que significa que quando a avó quer ser mãe, podemos encontrar-nos numa situação bastante aborrecida.

Por vezes, acabamos por deixar passar algumas atitudes e comportamentos que até nem gostamos muito, mas como foi a “primeira vez”, não falamos no assunto – na esperança de que não se volte a repetir.

Contudo, o erro está precisamente aí: quando deixamos passar ao lado algo que não apreciamos ou que não queremos que faça parte da educação dos nossos filhos, devemos agir de imediato. Ou seja, devemos conversar de imediato com a pessoa em questão – neste caso, as avós.

Experimente ter uma conversa e perceber o que poderá estar na origem de uma atitude tão possessiva. Será um trauma da infância? Serão ciúmes? Ou simplesmente o entusiasmo desmedido de ser avó? De facto, os motivos podem ser vários, por isso mesmo o ideal é conversarem.

3 exemplos de atitudes incorretas das avós

1.

Postar uma fotografia do neto nas redes sociais contra vontade dos pais

Sabemos que as redes sociais fazem parte do dia a dia da maioria das pessoas. E as avós não ficam de fora.

Quando a avó quer ser mãe, a tendência é para desautorizar os pais em vários níveis. Um deles pode ser este: o de publicar fotografias dos netos nas redes sociais para que os amigos vejam. No entanto, quando os pais preferem proteger os mais pequenos e optam por não partilhar a cara dos filhos na internet, a família deve respeitar.

2.

Competição constante

Há avós que optam por adquirir tudo o que uma mãe precisa para a chegada do bebé, também para as suas casas. Ora, esse tipo de comportamento pode ser um pouco estranho, principalmente quando percebemos que existem carrinhos de bebé, chupetas, biberons, mantas, alcofas, etc… Tudo a multiplicar em casa dos avós.

Em alguns casos pode, até, nem ser uma ação feita com maldade ou com qualquer tipo de má intenção – pelo menos, não de forma consciente. Mas noutros, a sensação de que a avó está constantemente a competir com a mãe é algo que perturba muito as relações familiares – sobretudo quando esta competição é verbalizada em frente às crianças.

Nestas situações os pais devem conversar com as avós e explicar que não há motivos para existir esse tipo de sentimento, já que os papéis que cada um tem são totalmente distintos e todos têm o seu valor.

Quando estas conversas não resultam, a tendência é para as famílias cortarem relações ou passarem menos tempo juntas.

3.

Contrariar as regras impostas pelos pais e ditar novas

E o que fazer quando a avó quer interferir na educação dos netos?

Quando a avó quer ser mãe existe uma certa tendência para deixar que os netos não cumpram com as regras que foram impostas pelos pais e que sejam ditadas novas normas a cumprir.

Por exemplo: se os pais referem que não querem que os filhos joguem no tablet durante as refeições, então toda a família deve respeitar essa regra, sem que existam incentivos para que os pequenitos façam o contrário.

Contrariar as regras que são impostas pelos pais não deve ser uma atitude regular, principalmente por parte dos avós. Claro que existem situações menos graves em que, por norma, os avós são mais permissivos.

Mas estamos, aqui, a falar sobre as avós que são possessivas e que têm um instinto maternal ainda muito ativo, que agem quase como se fossem as mães e como se as próprias mães não percebessem nada do assunto. Há um conjunto de ações que são colocadas em prática e que constituem num comportamento inadequado para com os pais da(s) criança(s).

Quando nos deparamos com este tipo de situações a tensão no ambiente familiar pode aumentar bastante e a situação pode tornar-se difícil de lidar e de resolver.

O ideal é tentar sempre resolver tudo através de uma ou duas conversas em que explica à avó o seu ponto de vista. Caso não seja suficiente para haver uma mudança de atitudes e comportamentos, reduzir o tempo entre avós e netos de forma temporária poderá ajudar a aliviar a tensão e a refletir.

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