A osteopatia craniomandibular, também denominada por osteopatia temporomandibular ou periostite mandibular, é uma doença rara que afeta determinadas raças de cães em idade jovem, tratando-se de uma doença que provoca muita dor devido à proliferação óssea. É importante um diagnóstico precoce para que seja possível prevenir complicações severas.
O que é a osteopatia craniomandibular?
A osteopatia craniomandibular é uma doença inflamatória, não neoplásica, em que ocorre uma proliferação óssea que afeta, quase exclusivamente, os ossos do crânio e mandíbula, especialmente na zona da articulação.
A proliferação óssea resulta em excesso de osso que, a longo prazo, pode resultar em que o animal deixe de conseguir fechar a mandíbula. Este crescimento ósseo anormal ocorre ciclicamente ao longo do primeiro ano de vida do cão.
A causa deste problema ainda não está bem estabelecida, pensando-se ter uma componente genética, no entanto, pode ser também desencadeada por outras causas, como infeções bacterianas como a E. coli ou víricas como a esgana durante este período de desenvolvimento.
As raças mais afectadas são West Highland White terriers, Scotish terriers, Boston terriers, Bull Terrier. Outros terriers e raças também podem ser afetados, ainda que com menos frequência.
Sinais de osteopatia craniomandibular
Os sinais desta patologia dependem da gravidade e do estado em que está a proliferação óssea, no entanto, o que mais carateriza esta patologia é a dor ao abrir a boca.
Os sintomas mais comuns presentes nesta doença são:
- Relutância e dor ao abrir a boca
- Anorexia, deixar de comer, devido à dor ao mastigar
- Sialorreia, salivação em excesso, muitas vezes é o único e primeiro sinal, no entanto, este pode ser um sinal comum a várias outras patologias, por isso é importante sempre que veja o cão a babar-se de mais levá-lo de imediato ao veterinário
- Inchaço visível ou à palpação da zona da articulação
- Febre intermitente sem mais nenhum sinal evidente.
Diagnóstico de osteopatia craniomandibular
A osteopatia craniomandibular é uma doença pouco prevalente e, por essa razão, pode então ser apontada como primeira hipótese de diagnóstico, dada a sua raridade.
Todavia, através dos sinais clínicos e ainda mais se o animal fizer parte da faixa etária e grupo de raças com incidência, será evidenciada como um possível diagnóstico pelo médico veterinário.
Para confirmação do diagnóstico é apenas necessário uma radiografia à zona da cabeça, onde se pode observar uma proliferação óssea em excesso.
Tratamento de osteopatia craniomandibular
A osteopatia craniomandibular pode ser uma doença auto-limitante, ou seja, que se resolve sem qualquer tratamento, sendo que após o período de crescimento e desenvolvimento, a partir do primeiro ano de idade, é possível que a proliferação comece a regredir e o animal pode até ficar completamente recuperado.
Enquanto o animal apresentar sintomatologia, é necessário tratamento. Este será apenas conservativo, ou seja, não existe uma cura ou tratamento propriamente direcionado para eliminar a doença, a medicação administrada é apenas para o controlo dos sintomas do animal.
Grande parte dos animais não consegue alimentar-se devido à grande dor, portanto é de extrema importância fazer com que o animal se alimente, quer seja forçando a alimentação com uma seringa ou através de alimentação com uma sonda que pode ser introduzida pelo médico veterinário se este considerar ser necessário. Pode também ser preciso a administração de fluidoterapia enquanto o animal se encontra hospitalizado.
Para a inflamação e alívio de dor o médico veterinário pode prescrever corticosteróides ou anti-inflamatórios não esteróides, bem como analgésicos mais fortes, se necessário. Por vezes é necessário muito tempo com medicação para que o animal comece a demonstrar melhorias e, em alguns casos, mesmo com a medicação não apresenta melhorias significativas.
Prognóstico de osteopatia craniomandibular
O prognóstico desta doença em cães é muito relativo, dependendo dos danos causados pela proliferação óssea na zona dos ossos afetados. Caso a doença seja auto-limitante, o prognóstico é favorável e o animal pode inclusive melhorar significativamente.
Caso o animal fique com a alterações na articulação ou osso que não possam ser removidas, o prognostico não é muito positivo. Apesar de não ser uma doença que provoque a morte do animal, muitas vezes, devido aos danos causados e ao facto do animal não comer, a eutanásia pode ser considerada.
Como prevenir o aparecimento de osteopatia craniomandibular?
Uma vez que se trata de uma doença com componente genética, é importante ter isso em consideração e não reproduzir animais que tenham ou que tenham tido este defeito.
Em raças que são propensas ao desenvolvimento de osteopatia, alguns estudos indicam que a castração pode ser benéfica impedindo o desenvolvimento da doença.
Uma vez que a doença pode também estar relacionada com alguns vírus e bactérias é importante manter sempre o animal protegido e com as vacinações em dia.
- Huchkowsky SL. Craniomandibular osteopathy in a bullmastiff. Can Vet J. 2002;43(11):883-885. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC339767/