Share the post "Excesso de produção de suor? Saiba tudo sobre a hiperhidrose"
A hiperhidrose é uma patologia caracterizada pelo excesso de produção de suor (sudorese), situação esta designada de hipersudorese. É uma patologia benigna que afeta cerca de 1% da população a nível mundial e cerca de 150 mil portugueses.
Esta situação é involuntária no indivíduo, uma vez que a produção de suor é um mecanismo de termorregulação essencial do nosso organismo, controlado pelo Sistema Nervoso Autónomo (SNA), que envia um estímulo maior do que o que devia às glândulas sudoríparas écrinas, provocando um aumento da sudorese em certas zonas.
Por norma, a hiperhidrose causa grandes incómodos para os portadores, podendo interferir com algumas atividades profissionais, bem como afetar a auto-estima e o bem-estar da pessoa, podendo ser um fator inibitório para o portador, alterar a forma como este se relaciona com o mundo ao seu redor, bem como pode levar à depressão.
Hiperhidrose: sintomatologia

Geralmente esta doença manifesta-se na infância, com tendência para agravar na fase da puberdade/adolescência, no entanto é mais predominante no sexo feminino.
Esta transpiração excessiva manifesta-se geralmente na palma das mãos (hiperhidrose palmar), axilas, face, virilhas e planta dos pés. Pode-se manifestar só numa região como em todas as áreas referidas anteriormente.
No caso da hiperhidrose com manifestação na face, verifica-se frequentemente também rubor intenso involuntário.
Os sintomas agravam com o calor e situações de stress e melhoram, podendo mesmo cessar, durante o período de repouso (sono) da pessoa.
Devido aos sintomas referidos, os portadores desta patologia apresentam frequentemente isolamento social, bem como algumas pequenas limitações no seu dia-a-dia, como por exemplo:
- Andam sempre com algumas mudas de roupa, para uso em SOS, pois mancham a roupa facilmente, principalmente na zona das axilas e meias;
- Evitam o uso de calçado aberto, como por exemplo sandálias ou chinelos;
- Evitam cumprimentar as pessoas, com o receio que sintam as mãos ou face sudoréticas;
- Evitam escrever em papel, devido à grande probabilidade de o molharem com as mãos;
- Evitam conduzir devido ao risco de o volante se tornar escorregadio e perderem o controlo da condução;
- Entre outras.
Hiperhidrose: tratamento adequado

Inicialmente este tipo de problemas é gerido com a aplicação de várias terapêuticas, no entanto nem sempre esta via de atuação é suficiente, podendo ser necessário o recurso a outros tratamentos mais invasivos.
Um dos tratamentos possíveis, que pode não resultar em todas as pessoas é a iontoforese, que utiliza um equipamento que usa elétrodos ligados a uma corrente de baixa intensidade, bloqueando a produção das glândulas sudoríparas.
Em determinados casos de hiperhidrose das axilas, a aplicação de toxina botulínica pode estar indicada, no entanto os resultados são temporários, podendo durar entre 3 a 6 meses, podendo ser necessário repetir o tratamento várias vezes.
Em último caso, pode-se recorrer à simpaticectomia torácica superior bilateral, que é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo.
Este tratamento cirúrgico apresenta uma duração aproximada de 15 a 30 minutos, e é realizado sob anestesia geral e por videotorascopia, removendo as fibras do SNA que inervam as zonas afetadas pela hiperhidrose, bilateralmente, através de uma ou duas incisões de cerca de 1 cm abaixo de cada axila.
Para tratamento do rubor facial é aplicado um clip de titânio no nervo simpático.
Quais os resultados possíveis?
Os resultados são imediatos e a cirurgia não exige internamento hospitalar, o doente tem alta no próprio dia da cirurgia. Ao fim de 2 ou 3 dias não sentirá qualquer desconforto e poderá voltar ao seu trabalho.
As complicações possíveis da simpaticectomia torácica são:
- Anidrose, ou seja, as mãos ficam secas e quentes, podendo ter de recorrer à aplicação de um creme hidratante;
- Hipersudorese compensatória, ou seja, a deslocação da transpiração para outras partes do corpo, como por exemplo, costas, no peito ou nas coxas.