Psicóloga Ana Graça
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28 Jun, 2023 - 13:06

Ansiedade na adolescência: como ajudar?

Psicóloga Ana Graça

Muitas doenças mentais da idade adulta revelaram sintomas ou tiveram início na adolescência. Entenda a ansiedade na adolescência.

Ansiedade na adolescência: mãe a abraçar a filha

As perturbações de ansiedade são uma das mais prevalentes e, por isso, neste artigo, vamos prestar especial atenção à ansiedade na adolescência.

É verdade que a grande maioria dos adolescentes vive a sua adolescência sem dificuldades significativas, no entanto, cerca de 20% revelam perturbações psiquiátricas.

Vejamos mais sobre este tema.

A adolescência: uma fase especial do desenvolvimento

A adolescência corresponde à fase de transição entre a infância e a idade adulta. Nesta fase ocorrem mudanças físicas, nas capacidades cognitivas e no ajustamento emocional e social, que levam a que os adolescentes experimentem diferentes níveis de stress.

Habitualmente levanta questões relacionadas com a identidade e a independência e pode ser um momento de desorientação e/ou descoberta. Os adolescentes habitualmente enfrentam desafios e escolhas difíceis que podem acarretar alguma ansiedade.

Mais ainda, alguns adolescentes não conseguem atingir um ajustamento psicossocial saudável, podendo apresentar diferentes perturbações ou sintomas, de como é exemplo a ansiedade na adolescência. Estas perturbações e sintomas podem influenciar o seu desenvolvimento e funcionamento a nível individual, familiar, escolar e social.

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Compreender a ansiedade na adolescência

Adolescente a estudar matemática

Durante a adolescência, a ansiedade surge como uma característica normal, que permite aos adolescentes adaptarem-se a situações novas, inesperadas e/ou perigosas.

Para a maioria dos adolescentes a ansiedade é uma experiência comum e transitória. Contudo, a ansiedade na adolescência pode aumentar de intensidade e tornar-se crónica e disfuncional e são estes os casos que requerem especial atenção.

Relativamente às causas da ansiedade na adolescência, parecem estar essencialmente relacionadas com:

  1. medo exagerado do insucesso;
  2. sensibilidade exagerada aos sinais de perigo;
  3. resultados dos testes escolares;
  4. pressões académicas;
  5. problemas com o ambiente na sala de aula, com a autoridade ou com a relação com os pares ou família.

Mais ainda, a saúde mental dos adolescentes está intimamente relacionada com o funcionamento familiar que, por sua vez, também está dependente de dimensões mais vastas, tais como:

  • ocorrência de acontecimentos de crise a nível individual (uma doença física grave, uma depressão);
  • ocorrência de acontecimentos de crise a nível relacional (a separação, o divórcio);
  • ocorrência de acontecimentos de crise a nível social (o desemprego, a recessão económica).
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Ansiedade na adolescência: como ajudar?

Mãe a conversar com a filha adolescente

Os adolescentes podem ser confrontados com diferentes tipos de problemas ou acontecimentos stressantes para os quais podem ainda não ter adquirido estratégias que lhes permitam lidar eficazmente com estes, pelo que a ajuda dos adultos que os rodeiam é de grande importância.

Mas como ajudar a enfrenta a ansiedade na adolescência? Estas 6 dicas podem ajudar.

1.

Criar e manter relações significativas

Manter vínculos emocionais profundos é importante ao longo de todo o desenvolvimento e a fase da adolescência não é exceção. É também através destas relações consistentes de amor, cuidado e apego que acontece o amadurecimento pessoal.

Estas fortes ligações emocionais, nomeadamente entre pais e filhos, ajudam os adolescentes a sentirem-se mais capazes, mais seguros, mais competentes e ajudam a combater a ansiedade na adolescência.

2.

Deixar de lado as pressões e o perfecionismo

Ainda que subtis, mensagens que exijam alto desempenho e perfecionismo podem alimentar a ansiedade na adolescência e levar alguns adolescentes a acreditar que não são capazes de alcançar as metas exigidas, que não são suficientemente bons.

3.

Mais apoio, menos julgamento

Julgar um adolescente tendo por base a sua aparência, as suas ações ou a sua forma de ser, sem que haja uma tentativa prévia de compreensão e entendimento, pode levar a que estes se sintam menos dignos de amor e que sintam que não são aceites tal como são.

4.

Aceitar o medo e a ansiedade

A adolescência é, por excelência, a época em que os mais jovens buscam e constroem a sua própria identidade e descobrem de que forma podem fazer parte da sociedade. É uma fase de enormes mudanças, de medos e dúvidas que são perfeitamente naturais e comuns.

É importante que os adultos os ajudem a compreender que o receio e ansiedade nesta fase são normais e comuns a todos os adolescentes. Para tal, os adultos podem, por exemplo, partilhar histórias e momentos da sua própria adolescência.

5.

Procurar dar significado e propósito à vida

É na adolescência que a capacidade de refletir acerca das próprias ideias, pensamentos e sentimentos inicia. Esta nova capacidade pode também ser fonte de ansiedade. É importante que os adultos estejam disponíveis para escutar angústias e partilhar histórias.

6.

Ouvir e compreender

A empatia é uma ferramenta poderosa para reduzir a ansiedade na adolescência. Quando os jovens se sentem vistos, ouvidos e compreendidos, sentem-se mais positivos acerca de si mesmos e preocupam-se menos em ser perfeitos.

conclusão

São várias as razões que podem levar a que os adolescentes se sintam ansiosos, desde pequenos eventos de vida mais stressantes a situações mais gravosas, de trauma ou abuso.

Perante a ansiedade na adolescência são muitos os pais que se sentem impotentes, sem saber como ajudar a diminuir o sofrimento dos seus filhos. Felizmente, quando munidos da informação e estratégias adequadas, podem fazer uma enorme diferença na qualidade de vida e bem-estar dos seus filhos, ajudando a reduzir a ansiedade sentida.

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