Nutricionista Rita Lima
Nutricionista Rita Lima
28 Nov, 2016 - 18:08

Alimentação dos Idosos: como deve ser?

Nutricionista Rita Lima

A alimentação dos idosos requer uma atenção especial. Leia o nosso artigo para saber como garantir um bom estado nutricional a pessoas desta faixa etária.

Alimentação dos Idosos: como deve ser?
Uma alimentação saudável e equilibrada é uma mais-valia em todas as idades, mas especificamente na terceira idade, constitui um dos principais pilares para um envelhecimento ativo e saudável, com maior qualidade de vida e independência.

Assim sendo, o planeamento da alimentação dos idosos exige um olhar abrangente sobre as necessidades nutricionais desta faixa etária e das questões relacionas com a saúde, o isolamento, as dificuldades económicas, a discriminação social, entre outros.

De facto, o envelhecimento é um processo complexo, progressivo e natural, que se caracteriza por modificações morfológicas, psicológicas, funcionais e bioquímicas que influenciam a nutrição e alimentação desta faixa etária.

É também um processo dinâmico, acompanhado por um conjunto de alterações que aumentam o risco de défices nutricionais, mais precisamente de desnutrição.


Estado nutricional no idoso

Na pessoa idosa, um estado nutricional deficiente contribui, de forma significativa, para o aumento da incapacidade física, da morbilidade e da mortalidade desta população. 

Porém, a desnutrição nos idosos é, ainda hoje, frequentemente, subdiagnosticada, podendo ser confundida com sinais de envelhecimento. 

Como tal, o seu reconhecimento precoce é fundamental para uma correção adequada e atempada do mesmo e melhoria da qualidade de vida desta população.

Neste contexto, é ainda importante salientar que a evidência epidemiológica atual aponta que as consequências de inúmeras patologias associadas ao envelhecimento podem ser minimizadas por uma intervenção adequada a nível da alimentação dos idosos.

►Saiba mais sobre a desnutrição e o IMC dos idosos aqui.


Fatores que condicionam a alimentação dos idosos

medicacao

Decorrente do envelhecimento natural, podem surgir algumas limitações que afetam direta ou indiretamente a ingestão alimentar e, consequentemente, no estado nutricional do idoso. 

Dentro destas salientam-se:


1. Problemas de mastigação

Derivados de alterações na dentição ou utilização de próteses dentárias não ajustadas, que podem conduzir à diminuição ou eliminação da ingestão de certos alimentos.
 
 


2. Problemas de deglutição

Podem ser causados pela produção insuficiente de saliva e consequente secura da boca.
 
 


3. Perda ou diminuição de capacidades sensoriais

Nomeadamente no paladar, na visão ou no olfato, as quais podem condicionar negativamente a alimentação dos idosos.
 
 


4. Desenvolvimento de algumas patologias

Como infeções crónicas e recorrentes, doenças oncológicas, hipertiroidismo, doença celíaca, intolerância à lactose, entre outras. 

 


5. Desidratação

Pode ocorrer devido à diminuição do mecanismo fisiológico da sede e consequente ingestão hídrica insuficiente ou por aumento das perdas de líquidos (demência, medicamentos, entre outros).
 
 


6. Alterações gastrointestinais

Obstipação, provocada pela inadequada ingestão de líquidos e fibras, flatulência, diarreia, entre outros.

 


7. Patologia mental e psiquiátrica

Nomeadamente demências como o Alzheimer, em que o idoso se esquece de comer.

 


8. Tabaco e bebidas alcoólicas

O tabagismo pode diminuir o apetite e conduzir a desnutrição. Já o álcool pode agravar os sintomas de algumas patologias, como a hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia e provocar prejuízo cognitivo, hepatopatia, entre outros.

 


9. Medicamentos 

É muito comum um idoso tomar diversos medicamentos, sendo, por isso, de extrema importância ter em atenção as possíveis interações entre os diversos fármacos e a interação entre fármacos e alimentos. 

Por outro lado, os medicamentos podem conduzir à diminuição da absorção e aumento da excreção de determinados nutrientes e a alterações do metabolismo, que poderão potenciar a desnutrição no idoso.

Todos estes fatores se traduzem em necessidades nutricionais particulares nesta fase do ciclo de vida. 

Necessidades Nutricionais dos Idosos

doencas cardiovasculares


Com efeito, nesta faixa etária as necessidades energéticas poderão eventualmente diminuir, devido a um decréscimo da atividade física e da consequente redução da massa muscular.

No entanto, as necessidades diárias de proteína e micronutrientes (vitaminas e minerais) mantêm-se inalteradas ou aumentadas.

No que diz respeito aos minerais, é importante salientar o cálcio, o ferro, o fósforo, o magnésio, o potássio, o selénio e o zinco, como potenciais candidatos a carência. 

Relativamente à gordura, o idoso deverá evitar a ingestão excessiva de qualquer tipo de gordura, em particular as gorduras saturadas, no sentido de prevenir doenças cardiovasculares.

No entanto, a restrição de gorduras não é aconselhada para aqueles que apresentam muito baixo peso ou pouco apetite. 

De facto, nestas situações, a adição de maior teor de gordura às refeições pode ser uma forma de aumentar o valor energético das refeições e de ajudar o idoso a ganhar algum peso.  

Por outro lado, muitos idosos sofrem de obstipação e outros problemas intestinais. Neste sentido, e para ajudar a minimizar estes problemas, o consumo de alimentos ricos em fibras, como cereais integrais, fruta e legumes deve ser encorajado.

Todavia, uma ingestão exagerada de fibra também não é aconselhada, na medida em que pode interferir com a absorção de outros nutrientes essenciais. 

Para ajudar os intestinos a funcionarem normalmente, é também muito importante beber bastante água diariamente.


Malefícios de um estado nutricional inadequado​

Como já referido, nesta etapa do ciclo de vida, um estado nutricional inadequado, traduz-se, maioritariamente, em desnutrição, uma condição que contribui de forma significativa para a deterioração da capacidade física e para o aumento da morbilidade e da mortalidade.

Porém, também existem situações de obesidade, que também em idades avançadas, é indesejável, pois aumenta consideravelmente o risco de diabetes, doenças cardiovasculares, dislipidemia, entre outros.

Assim, e sendo este o grupo que apresenta uma maior taxa de crescimento na sociedade, é importante saber em que deverá consistir a alimentação dos idosos.


Alimentação dos idosos: Nutrientes e alimentos base

Os idosos, tal como a população em geral, em caso de ausência de patologia, devem seguir uma alimentação saudável e equilibrada, tanto quanto possível próxima das recomendações da Nova Roda dos Alimentos

Assim, é importante enumerar alguns alimentos essenciais para garantir um bom aporte dos micronutrientes enumerados, assim como de proteína, hidratos de carbono e fibra, de acordo com as necessidades: 


1. Cálcio

leite


Lacticínios, hortícolas de folha verde escura, frutos secos/oleaginosos (nozes, amêndoas…).

 


2. Ferro

Carne (principalmente vermelha), pescado, gema de ovo, leguminosas (feijão, grão de bico …), frutos oleaginosos, hortícolas de folha verde escura.

 


3. Fósforo

frutos secos


Lacticínios, carne, pescado, gema de ovo, frutos secos, leguminosas. 

 


4. Magnésio

Cereais e derivados pouco refinados, leguminosas, frutos oleaginosos, fruta fresca.

 


5. Potássio 

fruta


Fruta, batata, hortícolas, leguminosas, frutos secos. 

 


6. Selénio

Pescado, carne, cereais e derivados pouco refinados.

 


7. Zinco

gema de ovo


Pescado, carne, gema de ovo, lacticínios, leguminosas, frutos secos.


10 Dicas para quando o idoso não se quer alimentar

  1. Evite que o idoso salte refeições e passe mais de 3h sem comer;

  2. Prepare-lhe refeições de pequenos volumes e nutricionalmente adequadas;

  3. Promova o consumo de alimentos nutricionalmente completos, ricos em proteína e fibra e pobres em açúcares, gordura e sal;

  4. Altere a textura dos alimentos, triturando-os ou liquidificando-os, caso o idoso tenha dificuldades de mastigação ou deglutição;

  5. Melhore as características organoléticas das refeições, de modo a que elas tenham mais cor, sabor, formas, texturas e aromas, para aumentar o apetite;

  6. Torne o momento de refeição agravável e o ambiente calmo;

  7. Confecione maior volume de alimento e congele as porções em recipientes individuais para que o idoso, de forma independente, possa consumi-los noutras refeições;

  8. Promova a ingestão de água ou infusões regularmente, mesmo que o idoso não sinta sede;

  9. Evite que ele consuma bebidas alcoólicas;

  10. Caso seja possível, pratique alguma atividade física para estimular o apetite.

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