Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
14 Jun, 2023 - 12:30

Transtorno alimentar infantil: saiba como identificar

Catarina Milheiro

Qualquer tipo de transtorno alimentar infantil pode ser bastante silencioso e difícil de identificar. Conheça os sinais de alerta.

Por norma, quando pensamos em distúrbios alimentares associamos condições como a anorexia ou a bulimia apenas a adultos ou jovens adolescentes. Contudo, a verdade é que um transtorno alimentar infantil pode acontecer também nos mais pequenos.

Não é de todo incomum, apercebermo-nos de que algumas crianças manifestam dificuldade na hora das refeições – e isso não significa obrigatoriamente que têm um transtorno alimentar.

No entanto, o grande problema surge quando os mais pequenos se recusam a comer vários alimentos nas quantidades necessárias para se manterem saudáveis. Nestes casos, é essencial que os pais e educadores estejam especialmente atentos a alguns sinais e em caso de dúvida, contactar de imediato o pediatra.

Independentemente do motivo que possa estar por detrás do transtorno alimentar na criança, o importante é sabermos que os mesmos podem ser silenciosos e, por vezes, difíceis de identificar. Fique connosco e conheça os sinais de alerta mais comuns.

O que é um transtorno alimentar infantil

Se também já se questionou sobre o que é um transtorno alimentar infantil e não encontrou a resposta, este artigo é para si – explicamos tudo sobre o assunto.

Como sabemos, para garantirmos um crescimento e desenvolvimento saudável na criança, a alimentação é fundamental. Os nutrientes, as fibras, as proteínas, os minerais e as vitaminas são cruciais e indispensáveis para o funcionamento do organismo e para a evolução das funções cognitivas e metabólicas.

Assim, um transtorno alimentar é uma doença caracterizada por distúrbios no comportamento alimentar que levam ao aparecimento de várias consequências para a saúde física, mental e para o bem-estar da criança em geral.

No fundo, para os pais, é essencial perceber que existem alguns comportamentos na criança que devem constituir uma verdadeira preocupação, a fim de as levar ao médico.

Por exemplo: se o seu filho tiver uma atitude em relação à comida num determinado momento, com a finalidade de melhorar a qualidade alimentar e perder algum peso e a mesma se prolonga no tempo, poderá estar perante uma transtorno alimentar.

Para além disto, quando existe uma preocupação excessiva com o corpo, a aparência e com a ingestão de alimentos, pode haver manifestações de excesso ou carência alimentar com consequências para a saúde.

O que leva as crianças a desenvolver um transtorno alimentar?

As razões podem ser muitas e variadas. Na verdade, não existe uma resposta certa, sendo que cada caso é um caso e necessita de ser avaliado clinicamente.

Contudo, na maioria dos casos, esta condição tem na sua origem alterações emocionais que levam a criança a sentir-se bastante insegura e pouco confiante – acabando por procurar no uso excessivo da alimentação ou na sua restrição a solução para o seu mal-estar.

Podemos listar os seguintes motivos:

  • falta de horários e rotinas alimentares;
  • alterações emocionais;
  • alguma criança que tenha como referência um elemento da família que faz dietas regularmente;
  • crianças criticadas frequentemente pelo seu aspeto;
  • falta de hábitos alimentares partilhados em família.

O que acontece muitas vezes numa fase inicial, é o facto de os mais pequenos fazerem tudo tão bem que os próprios pais nem se apercebem da situação. Por isso mesmo, é importante vigiar as refeições das crianças e garantir que ingerem as quantidades necessárias de alimentos com qualidade.

Que tipo de transtornos alimentares infantis existem?

  • Anorexia nervosa: quando existe uma obsessão constante em perder peso de tal forma que é negada a fome, bem como o cansaço e perda de energia. Tudo isto fará com que a criança perca peso, podendo até deixar de haver menstruação nas raparigas.
  • Bulimia: caracteriza-se por episódios de compulsão alimentar seguida pelo vómito provocado ou até períodos longos de jejum.
  • Fobia alimentar: acontece quando as crianças evitam as refeições por sentirem medo de ficaram indispostas devido aos alimentos ingeridos.
  • Alimentação seletiva: é uma atitude pouco flexível por parte da criança relativamente à alimentação. Nestes casos, é aceite uma pequena variedade de alimentos com recusa para experimentar novos.
  • Alimentação compulsiva: acontece quando existem episódios constantes de ingestão compulsiva de alimentos com alto valor calórico, havendo sempre aumento de peso.

5 sinais de alerta

1.

Alterações de peso anormais

É importante estar atento a possíveis alterações de peso de forma atípica. Ou seja, se perceber que os seus filhos ganham ou perdem peso de forma rápida demais ou que as oscilações de peso são constantes, fique atento – poderá ser um sinal de alerta.

2.

A persistência da criança com a comida

Se os seus filhos demonstrarem um comportamento diferente perante os alimentos, é essencial agir de imediato e observar com atenção. Quando as crianças começam a ser persistentes sobre o que querem ou não comer ou sobre os seus hábitos alimentares, é crucial entender os motivos. Na dúvida, marque consulta com o pediatra e juntos, verifiquem se tudo está correto.

3.

A preocupação constante com o peso e aspeto físico

Se sente que algo está diferente na atitude dos seus filhos perante a comida e se passa a vida a ouvir as preocupações deles relativamente à aparência ou ao peso, deve preocupar-se. Talvez uma conversa com eles os consiga ajudar a perceber que todos somos diferentes e que não existem pessoas mais bonitas do que outras.

Se verificar que mesmo depois da conversa que teve, os comportamentos se mantêm, o melhor é consultar o médico.

4.

Preocupação com calorias e dietas

Nenhuma criança deve preocupar-se excessivamente com aquilo que está no prato – se a refeição foi preparada com azeite ou com óleo ou se aquilo que está a comer é um assado ou frito.

No fundo, este tipo de preocupação com as calorias e com possíveis dietas não é de todo normal entre os mais pequenos e deve ser levado a sério pelos adultos. Afinal, constituem um grave risco para o aparecimento de transtornos alimentares infantis.

5.

Quando as lancheiras voltam cheias para casa

Há crianças que, sem qualquer tipo de preocupação, se esquecem de lanchar por estarem ocupadas a brincar com os colegas na escola. No entanto, é crucial que os pais estejam atentos à quantidade de comida que volta para casa na lancheira ao final do dia.

Perceber quantas refeições fizeram e o que comeram é importante para desviar possíveis comportamentos alimentares indevidos.

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