Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
17 Mar, 2017 - 15:31

Transplante de medula em idosos: em que consiste, quando e como proceder

Mónica Carvalho

Atualmente já é uma prática mais comum, mas há cerca de 15 anos, o transplante de medula em idosos era inexistente. Saiba mais sobre o tema.

Transplante de medula em idosos: em que consiste, quando e como proceder

O transplante de medula em idosos, adultos ou crianças é um procedimento complexo realizado na fase de tratamento de várias doenças, estando na sua maioria relacionadas com leucemia.

Contudo, para saber sobre a sua necessidade de implementação, o paciente deverá passar por uma fase de avaliação da doença através de aspirado medular (mielograma) realizado sistematicamente na crista ilíaca, exceto se a localização de um tumor o impedir.

Nos doentes mais idosos o aspirado pode fazer-se no esterno já que, apesar de estarmos perante um risco mais elevado de complicações, se obtém uma maior densidade celular. Confira tudo sobre o tema do transplante de medula em idosos.

O que é a medula óssea?

A medula óssea é a “fábrica” onde o nosso sangue é produzido e localiza-se no interior dos ossos, onde se produzem os vários elementos do sangue e do sistema imunitário: glóbulos brancos ou leucócitos, glóbulos vermelhos e plaquetas.

Cada uma destas células tem funções de grande importância na manutenção da saúde do organismo.

Em que consiste o transplante de medula óssea?

transplante de medula óssea em transplante de medula em idosos

Quando surge uma leucemia, a produção de glóbulos brancos fica descontrolada pelo processo maligno ou cancerígeno que afeta estas células. Deste modo, o funcionamento da medula óssea saudável torna-se cada vez mais difícil, diminuindo progressivamente a produção de células normais, dando lugar ao aparecimento de anemia, infeções e hemorragias que levam à morte do doente se a situação não for tratada.

Habitualmente, o tratamento é feito com quimioterapia, que consiste na utilização de várias combinações de medicamentos muito fortes que conseguem, em muitos casos, controlar a doença. Mas pode não ser suficiente.

Impõe-se, então, a transplantação de medula óssea que, apesar de ser um procedimento invasivo, não implica uma intervenção cirúrgica ou operação. É feita como uma transfusão de sangue, dada através de um catéter colocado numa veia. As células transplantadas circulam no organismo do doente e vão instalar-se nos locais que mais favorecem o seu desenvolvimento, ou seja no interior dos ossos.

Transplante de medula: quando é necessário?

Existem variadas condições e doenças do sangue e do sistema imunitário cujo tratamento passa pelo transplante de medula:

  • Leucemias, principalmente da leucemia mielóide aguda;
  • Linfomas, mieloma múltiplo e outras neoplasias;
  • Produção anormal de células sanguíneas;
  • Aplasia medular;
  • Mieloma Múltiplo;
  • Pacientes cuja medula tenha sido destruída por tratamentos de radiação.

Transplante de medula em idosos

transplante de medula em idosos

Há apenas 15 anos, o transplante de medula em idosos era um procedimento impensável. Indivíduos com mais de 55 anos estavam excluídos de qualquer estratégia terapêutica semelhante, devido à toxicidade do procedimento e aos factores de risco associados à população sénior:  diabetes, dificuldades respiratórias e hipertensão.

Atualmente, a situação é bastante diferente. Um número cada vez maior de transplantes são realizados em idosos para combater leucemia, linfoma e mieloma múltiplo. A eficácia da técnica para esse público foi motivada por avanços na medicina, como a redução da intensidade da quimioterapia e a melhoria dos cuidados de apoio.

De acordo com estudo publicado na revista Biology of Blood and Marrow Transplantation, existem mais de 100 mil sobreviventes desse tipo de transplante nos Estados Unidos. A expetativa é de que esse número duplique em 2020 e chegue a 500 mil em 2030.

Mecanismos de cura pelo transplante de medula em idosos

A cura pelo transplante de medula em idosos acontece principalmente por dois mecanismos.

Primeiro, o paciente precisa de estar no chamado estado de doença mínima residual, ou seja, com o menor número de sinais possíveis da doença. Para tal, é submetido a grandes doses de medicamentos que, ao mesmo tempo, também destroem o sistema imunológico do doente.

Só depois o paciente receberá transplante de medula, o que significará que passará a ter o sistema imunológico de outra pessoa e isso pode acarretar muitos outros riscos, entre os quais se inclui a rejeição.

Nos últimos anos, foram traçadas estratégias de tratamento que tornam esse procedimento menos agressivo para a população idosa, possibilitando a preservação do que resta de saudável no corpo e que podem garantir uma sobrevida significativa ao paciente.

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