Danielle Paiva
Danielle Paiva
19 Set, 2019 - 16:00

Linfocitose: a quantidade aumentada de linfócitos e as suas causas

Danielle Paiva

Num quadro de linfocitose há um aumento de linfócitos no sangue periférico. Conheça as funções dos linfócitos na defesa do sistema imunitário.

Linfocitose

linfocitose é o aumento de linfócitos no sangue periférico, revelados pelas análises ao sangue.

O sistema imunitário, ou sistema de defesa, representa a principal barreira do hospedeiro contra as infeções, quando em bom funcionamento, tem a capacidade de realizar uma resposta rápida e efetiva contra os patógenos invasores.

Observa-se também um aumento do número de linfócitos em algumas patologias, entre os praticantes de atividade física extrema, mas também um aumento que pode ser benéfico ao sistema imunitário, para os praticantes de atividade física regular e moderada.

Funções dos linfócitos

Os linfócitos originam-se na medula, alguns migram para o timo, outros permanecem lá, se caracterizam por conta do local de amadurecimento e são assim classificados (1):

  • Linfócitos B – diferenciam-se em plasmócitos que são as células produtoras de anticorpos. Os anticorpos são um tipo particular de proteína, desenvolvidos para a defesa do organismo contra agentes nocivos
  • Linfócitos T – estimulam a produção dos linfócitos B e produzem diversas citocinas;
  • Células NK (natural killer) – destroem as células tumorais e actuam também na imunidade

Os linfócitos T dividem-se em linfócitos T auxiliares ou helpers (LTh), linfócitos T citotóxicos (LTc) e linfócitos T supressores (LTs).

Os auxilixares (LTh), possuem um receptor CD4 na superfície, que é o principal alvo do vírus causador da SIDA, o HIV. Esta célula é o mensageiro mais importante do sistema imunitário, na medida em que, envia mensagens para os diversos leucócitos a fim destes realizarem um conflito imunológico contra o agente agressor.

Os LTh têm uma função reguladora e servem principalmente para estimular o crescimento e proliferação de LTc e LTs contra os agentes externos, os antígenos. Nas infecções virais e bacterianas e nas doenças autoimunes podem surgir linfócitos atípicos.

A capacidade do sistema imunitário para reconhecer antígenos depende dos anticorpos formados pelos linfócitos B e dos receptores expressos pelos linfócitos T.

 Valores de referência de linfócitos

Linfócitos: conheça os tipos existentes e as respetivas funções

Segundo o Ministério da Saúde, os valores de referência para a análise de linfócitos, utilizados a partir de 2018 são os seguintes (2):

  • 25 a 33%
  • 1,00 – 3,20 (10^9/L), ou seja, entre 1000 e 3200 por milímetro cúbico de sangue

A fórmula relativa é calculada contando-se 100 células e expressando em percentagem de cada subtipo. Este resultado é obtido pelas análises de sangue.

Linfócitos altos, são aqueles com valores acima do limite superior, mais de 33% ou 3200 mm3. As alterações de valores podem ter várias causas, por isto a importância da avaliação pelo médico, para a interpretação dos resultados. Os valores de referencia podem sofrer variações entre laboratórios.

Causas da linfocitose

A linfocitose ocorre quando o organismo necessita de uma maior quantidade de linfócitos na corrente sanguínea. Em situações como a prática de exercícios intensos, stress e anormalidades endócrinas, observamos esse aumento.

Entre as causas mais importantes de linfocitose temos (3):

  • Linfocitose fisiológica da infância (do nascimento até aos 2 anos) com valores que podem chegar até 8000 linfócitos mm³
  • Infeções, como a tosse convulsa, rubéola, varicela, influenza, e em geral todas as doenças exantemáticas da infância. Também o vírus Epstein-Barr, vírus Coxsackie, adenivírus tipos 25 e 12, toxoplasmose e citomegalovírus, ou infeções como brucelose, tuberculose e sífilis secundária
  • Situações diversas: alergias medicamentosas, doença do soro, esplenectomia ( retirada do baço), doença de Addison, hipopituitarismo, hipertiroidismo e em fumadores crónicos, e também nas beta-talassémias intermédias e outros síndromes hemolíticos crónicos
  • Síndromes linfoproliferativas crónicas, principalmente a Leucemia Linfática Crónica, e os linfomas não-Hodgkin leucemizados

A atividade física moderada e regular traz consigo uma série de benefícios.

Estudos têm revelado que, nestes casos, existe uma ligeira estimulação da proliferação dos linfócitos que poderia, inclusive, promover um aumento da resistência às infecções do trato respiratório superior (4).

O aumento dos linfócitos não é uma doença, mas uma consequência de algumas patologias, ou estados temporários, portanto não existem sintomas específicos.

Muitas vezes, esse aumento do número de linfócitos é descoberta ao acaso, quando faz exames de rotina ou para outra doença.

De um modo geral, pode apresentar febre, má disposição, perda de peso, sintomas que estão presentes em várias doenças.

As suas análises apontam linfocitose? O que deve fazer?

Zona: sintomas, fatores de risco e tratamento

As análises ao sangue irão demonstrar as quantidades de linfócitos circulantes na periferia, mas só a avaliação do médico pode dizer se há uma patologia associada ou não.

Caso observe uma alteração de valores nas suas análises ou tenha alguma das doenças aqui relatadas, deve procurar orientação médica. Perda de peso sem causa aparente, febre que não passa ou cansaço que está sempre presente, são sempre sinais de alerta e também devem ser investigados.

Linfocitose na infância

As doenças mais comuns da infância são, geralmente, processos virais, portanto auto-limitados, nestes processos temos resposta imune acentuada, com aumento do número de linfócitos (5).

Fontes

  1. Martinho, Ana. et al. (2004). A Diversidade de Linfócitos T e a sua Importância na Resposta Imunitária Celular Específica. Disponível em:
    http://home.uevora.pt/~sinogas/TRABALHOS/2003/Diversidade.pdf
    2. Ministério da Saúde Portugal – Valores de referência 2018. Disponível em:
    http://www.acss.min-saude.pt/wp-content/uploads/2018/09/tabela.pdf
    3. Brito, D.V.S. (2010). Valor do estudo das Linfocitoses por Citometria de Fluxo. Disponível em:
    https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/755/1/tese%20final%20PDF.pdf
    4. Dias, Rodrigo. et al. (2010). Efeito da atividade física sobre a funcionalidade de linfócitos de ratos, Disponível em:
    http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/4mostra/pdfs/339.pdf
    5. Pediatria – Infecções da Infância. Disponível em
    http://www.msdlatinamerica.com/profissionais_da_saude/manual_merck/secao_19/secao_19_265.html
    6. Silva, A.M. et al. (2003). Hematologia: métodos e interpretação, ed. Roca
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