Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
10 Jul, 2023 - 13:39

Quando a birra não é normal: saiba distinguir

Catarina Milheiro

É normal que as crianças manifestem o seu descontentamento. Mas sabe distinguir quando a birra não é normal? Conheça os sinais de alerta.

Todos sabemos que os mais pequenos demonstram com facilidade as suas frustrações e o descontentamento perante as mais diversas situações. Mas será que sabemos identificar quando a birra não é normal?

Não há dúvidas de que as birras das crianças são um comportamento normal e que em alguma fase do crescimento dos mais pequenos, acaba por acontecer. Aliás, por vezes até vezes seguidas e por longos períodos.

Sabemos que o cérebro ainda não se desenvolveu por completo durante a primeira infância, que vai até aos 5/6 anos de idade. Ora, isto significa que, até estas idades é normal que as crianças façam birras já que não se conseguem ainda expressar muito bem. Falamos daquilo que sentem, das suas frustrações e tristezas.

No fundo, aquilo que acontece é o facto de sentirem a necessidade de serem ouvidas por não conseguirem pensar de forma racional sobre aquilo que sentem. Por outro lado, as birras também podem ser sinal de insegurança, medo ou ansiedade.

Por isso mesmo, há que analisar os possíveis fatores externos que possam estar associados e verificar o que poderá estar na origem da birra.

Quando a birra não é normal: esteja atento aos fatores externos

São vários os pais que questionam “O meu filho têm 4 anos, é normal fazer birras?” ou “Como consigo saber quando a birra não é normal?”.

Na verdade, as crianças pequenas fazem birras por diversas razões. Desde tédio, fome, frustração, cansaço, falta de atenção ou até o simples facto de desejarem ser independentes naquele momento ou situação. Contudo, há fatores externos que podem influenciar.

Falamos da falta de sono, do stress que possam sentir, dos medos e até das inseguranças, por exemplo. Por isso mesmo, é preciso estar atento aos ambientes onde a criança convive – quer familiar, como escolar, para percebermos se algo pode estar a acontecer e influenciar essas birras.

E quando a birra ultrapassa todos os limites?

De facto, lidar com crianças que fazem birras constantes é algo desafiante e que exige muita paciência e amor por parte dos pais, educadores e de todos os adultos que as rodeiam. No entanto, é normal que os pais se questionem de onde aparecem estas birras e se são ou não normais.

É possível que haja uma birra anormal se a criança estiver num ambiente muito agitado, com multidões, com sons altos, muitas luzes brilhantes, ambientes desconhecidos e mudanças rápidas que a estimulem demasiado. Nestes casos, ela pode sentir-se muito agitada e irritada e manifestar então a sua birra.

Por outro lado, há que ter atenção para as birras e as condições em que surgem, uma vez que, se forem muito frequentes ou intensas, podem ser sintomas de dificuldades emocionais ou de patologia psiquiátrica.

Doenças como a ansiedade, depressão, perturbação de hiperatividade e défice de atenção, perturbação desafiante de oposição, autismo ou até perturbação da regulação do processamento sensorial, são apenas alguns exemplos.

Quais são os sinais de alerta para os quais devemos estar atentos?

Existem alguns sinais de alerta que devem fazer com que os pais procurem ajuda médica para que consigam ter um diagnóstico claro. Além disso, este tipo de ajuda pode, muitas vezes, auxiliar a desenvolver estratégias para lidar com a criança em casa e na escola.

Tome nota dos sinais de alerta mais comuns:

  • Quando a criança não se consegue tranquilizar sozinha;
  • As birras incluem comportamentos que colocam a própria criança ou até outras pessoas em risco;
  • Quando a criança se magoa a si própria com intenção;
  • Quando as birras são muito frequentes ou prolongadas (mais do que 25 minutos);
  • Quando interferem com o bem-estar da criança quer nas relações com os amigos, quer na escola em ambiente de sala de aula.

5 dicas para reduzir as birras e comportamentos de oposição

1.

Seja claro quando existem bons comportamentos

As crianças gostam de ouvir que estiveram bem, quando sabem que se esforçaram para o fazer. Por isso, enfatize os bons comportamentos e os esforços do seu filho – quer seja em casa, na escola ou nas atividades extracurriculares.

2.

Passe tempo com o seu filho

Todos nós gostamos de um pouco de atenção individualizada, não é verdade? As crianças adoram sentir que têm os pais só para elas, nem que seja apenas durante 30 minutos ao longo do dia.

Antes do jantar aproveite para brincar com os mais pequenos da forma que eles preferirem, respeitando os gostos e opiniões e sem que sejam impostas demasiadas regras.

3.

Concentre-se apenas nas regras mais importantes

Estabelecer regras é fundamental para o desenvolvimento de qualquer criança. No entanto, por vezes exageramos no número de regras que elaboramos e nem nos apercebemos. Por isso, o ideal é aplicar apenas regras que sejam realistas e apropriadas para a idade do seu filho.

4.

Dê tempo ao seu filho

É normal que os mais pequenos demorem tempo para terminarem aquilo que estão a fazer. Avise-os atempadamente e dê-lhes espaço para fazerem as transições entre atividades ou tarefas.

5.

Estabeleça tempos de pausa para os maus comportamentos

Quando o comportamento da criança sair do controlo, estabeleça um tempo de pausa em forma de consequência. Para isso, deve afastar a criança da atenção dos adultos durante 3 a 5 minutos para lhe dar a oportunidade para recuperar e refletir sobre o seu comportamento.

Trata-se de uma abordagem para gerir a raiva e a frustração e será útil ao longo de toda a vida. Além disto, explique de forma calma e clara quais os tipos de comportamento que levam ao “tempo de pausa”.

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