Dr. Rafael de Castro Nobre
Dr. Rafael de Castro Nobre
24 Mar, 2023 - 08:25

Otoplastia: cirurgia de correção das orelhas em abano

Dr. Rafael de Castro Nobre

A otoplastia é uma cirurgia para harmonizar a forma das orelhas em abano e que pode ser realizada em crianças e adultos.

Otoplastia: mulher com mão na orelha

A otoplastia nada mais é que a cirurgia corretiva da aparência da orelha e pode oferecer um verdadeiro impulso emocional, para além de seus benefícios estéticos.

Saiba tudo sobre este procedimento.

Otoplastia: o que é?

Provavelmente, nenhuma outra característica física facial clama por cirurgia estética mais do que orelhas salientes – as chamadas orelhas em abano, que basicamente são a deformidade auricular mais comum. Essa alteração pode ser uma fonte de constrangimento e incómodo, especialmente em crianças em idade escolar.

Assim, a otoplastia, cirurgia corretiva da aparência da orelha, pode ser realizada em qualquer idade – desde que seja depois das orelhas atingirem o tamanho máximo, algo que ocorre normalmente entre os 5 e os 6 anos de idade. Os adultos também podem optar pela otoplastia para deformidades auriculares não tratadas enquanto jovens.

A cirurgia facial torna possível corrigir muitas falhas que geralmente podem diminuir a autoconfiança. Ao mudar a sua aparência, a cirurgia pode ajudar a mudar sua opinião sobre si mesmo.

Por que razão as orelhas assumem este formato?

Existem diversas alterações que podem ser encontradas nas orelhas, sendo que a mais comum são as vulgarmente designadas “orelhas em abano” ou “orelhas descoladas”.

Trata se de uma alteração congénita que se vai acentuando com o crescimento. Visualmente, são orelhas afastadas da cabeça e geralmente grandes.
As orelhas preminentes têm como principal causa uma hipertrofia da Concha ou má formação da Anti-hélice.

O que é a otoplastia?

Mulher com as chamadas orelhas em abano

O termo otoplastia designa a cirurgia que tem como objetivo harmonizar a forma e a posição da orelha.

O objetivo da otoplastia é definir as orelhas, colocando-as na sua posição natural, com um contorno suave, um bordo posterior harmonioso e sem evidência de intervenção cirúrgica, ou seja, sem cicatriz visível.

Esta cirurgia é utilizada para tratar:

  • A posição da orelha, deixando-a mais próxima da cabeça;
  • Algumas deformidades decorrentes de trauma ou infeções;
  • Orelhas muito grandes – uma condição rara chamada macrotia – causando desproporcionalidade à face do paciente e, consequentemente, desconforto emocional e diminuição da autoestima;
  • O formato da orelha.

Como é feita a otoplastia?

As técnicas de otoplastia variam de acordo com o tipo de correção necessária, sendo que a técnica específica escolhida pelo cirurgião determinará a localização das incisões e as cicatrizes resultantes.

A correção cirúrgica das orelhas salientes utiliza técnicas para criar ou aumentar a prega da Anti-hélice (é a maior e mais profunda concavidade da orelha externa) e reduzir a cartilagem aumentada da Concha (é a depressão mais profunda da orelha).

As incisões para otoplastia são geralmente feitas na superfície posterior da orelha. Quando são necessárias incisões na parte frontal da orelha, elas são feitas dentro das dobras para ficarem ocultas.

As técnicas são individualizadas, tendo o cuidado de não distorcer outras estruturas e evitar uma aparência pouco natural. A otoplastia é normalmente feita nos dois ouvidos para otimizar a simetria.

Quem é um bom candidato a otoplastia?

Crianças com máscara a jogar num tablet
1.

Crianças

  • Geralmente com 5-6 anos de idade ou quando a cartilagem da orelha é
    estável o suficiente para correção.
  • Saudável, sem doença com risco de vida ou infeções crónicas do ouvido
    não tratadas.
  • Consciente e colaborante, de modo a seguir bem as instruções.
  • Capaz de comunicar os seus sentimentos e não expressar objeções
    quando a cirurgia é discutida.
2.

Adolescentes ou adultos

  • Saudável, que não tem uma doença com risco de vida ou condições.
    médicas que podem prejudicar a cirurgia.
  • Indivíduo com uma perspetiva positiva e objetivos específicos em mente
    para cirurgia.
  • Não fumador.

Otoplastia: dúvidas frequentes

Médicos a fazer cirurgia

É preciso anestesia?

A otoplastia é um procedimento que se realiza com anestesia geral ou
anestesia local + sedação
.

As crianças são geralmente operadas com anestesia geral, enquanto
adolescentes e adultos podem ser submetidos a anestesia geral ou anestesia
local com sedação, dependendo da complexidade da cirurgia e do que o
cirurgião e o anestesiologista entenderem ser o mais adequado no seu caso
particular.

Internamento ou ambulatório?

Na maioria dos casos, é possível ter alta hospitalar no próprio dia da cirurgia ou no dia seguinte à cirurgia.

Quanto tempo demora a cirurgia?

Em média demora cerca de 1h para cada orelha, podendo demorar mais, mediante o tipo de cirurgia e a técnica cirúrgica utilizada.

Como é o pós-operatório, tempo de recuperação e regresso à rotina?

Um penso volumoso, mas não compressivo, é colocado durante as primeiras 48h pós-operatórias. Após a sua remoção, o paciente deverá usar uma fita a tapar as orelhas 24h/dia (crianças) ou à noite (adultos) durante 6-8 semanas.

Para manter a pressão longe dos ouvidos, deve evitar-se dormir de lado. O paciente deve fazer o esforço de tentar não esfregar ou aplicar força excessiva nas incisões.

Quando as cicatrizes estiverem completamente cicatrizadas deverá:

  • De manhã (durante um ano): colocar nas orelhas e na cicatriz um protetor solar 50+;
  • À noite (durante seis meses): colocar um gel de silicone na cicatriz.

O paciente pode voltar à escola ou trabalho dentro de 1 semana e retomar a atividade física e desporto, dentro de 1 mês.

Quais os riscos associados?

Estão descritas na literatura as seguintes complicações, entre outras, sendo raras: hematoma (acumulação de sangue), infeção, condrite (infeção da cartilagem).
A deformidade residual é uma complicação frequente devido à “memória” da cartilagem.

Otoplastia: mitos e verdades

Verdade

“Orelha de abano” é uma herança genética?

As variantes da anatomia que resultam na proeminência das orelhas são hereditárias, porém não se manifestam em todas as pessoas que têm a sua predisposição genética. No entanto, o mais comum é que estas pessoas tenham vários familiares com o mesmo problema.

Depende

Vou ficar com cicatrizes visíveis?

A correção cirúrgica implica, na maioria das vezes, a exposição da cartilagem auricular através de uma incisão retroauricular. Com a orelha permanentemente posicionada mais perto da cabeça, as cicatrizes cirúrgicas ficam escondidas atrás da orelha ou dentro dos vincos naturais da orelha de modo a não ficarem visíveis.

Mito

Vou ter alterações na audição com a cirurgia?

Uma mudança na forma da orelha não afetará a audição. Embora as dobras e concavidades do ouvido sirvam para concentrar e localizar as ondas
sonoras, a cirurgia de remodelação das orelhas não produzirá uma alteração percetível na audição.

Mito

É possível reverter a forma das orelhas com moldes?

Algumas terapias, quando aplicadas nas primeiras semanas de vida, podem trazer bons resultados por meio da moldagem com aparelhos. No entanto, após esta fase, a maneira mais eficaz de correção das orelhas é mesmo a cirurgia.

Como é constituída a orelha?

Ilustração da anatomia da orelha e ouvido interno

A orelha é formada por uma lâmina de cartilagem elástica de formato irregular, coberta por pele fina.

Tem várias depressões e elevações:

  • Concha: é a depressão mais profunda;
  • Hélice: constitui a margem elevada da orelha;
  • Anti-hélice: é a maior e mais profunda concavidade da orelha externa;
  • Trago: é uma projeção na parte medial da orelha, sobreposta à abertura do meato acústico externo;
  • Lóbulo: é uma estrutura não cartilagínea que consiste em tecido fibroso, gordura e vasos sanguíneos, onde, na cultura ocidental, se usam os brincos.

O Pavilhão Auricular normal, está separado em cerca de dois centímetros e
forma um ângulo inferior a 25 graus com a porção lateral da cabeça.

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