Farmacêutica Cátia Rocha
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01 Out, 2018 - 19:06

Medicamentos que as grávidas não podem tomar: fique atenta!

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Em geral, a lista de medicamentos que as grávidas não podem tomar é extensa, devendo ser evitados, a menos que sejam absolutamente necessários. Fique atenta.

Medicamentos que as grávidas não podem tomar: fique atenta!

Está grávida ou a pensar engravidar? É essencial conversar com os seus profissionais de saúde sobre os medicamentos que as grávidas não podem tomar.

Deve ainda questionar acerca de todos os medicamentos que toma, sejam eles medicamentos sujeitos a receita médica ou não, suplementos alimentares, fitoterápicos, dietéticos ou vitaminas.

Muitas mulheres precisam de tomar medicamentos durante a gravidez para controlar a sua condição de saúde. Em alguns casos, evitar ou interromper um medicamento durante a gravidez pode ser mais prejudicial do que tomar esse medicamento.

Por outro lado, sabemos que tomar certos medicamentos durante a gravidez pode aumentar o risco de defeitos congénitos, perda de gravidez, prematuridade, morte infantil ou deficiências de desenvolvimento.

POR QUE EXISTEM MEDICAMENTOS QUE AS GRÁVIDAS NÃO PODEM TOMAR?

medicamentos que as gravidas nao podem tomar

Aproximadamente 2 a 3% de todas as deficiências congénitas resultam de medicamentos tomados para tratar uma doença ou sintoma.

Os medicamentos tomados pela mulher grávida atingem o feto sobretudo através da placenta, o mesmo trajeto percorrido pelo oxigénio e pelos nutrientes necessários para o crescimento e o desenvolvimento do feto. Os medicamentos que a mulher grávida toma durante a gravidez podem afetar o feto de várias formas:

  • Podem atuar diretamente sobre o feto, provocando lesões, desenvolvimento anómalo (levando a deficiências congénitas) ou morte;
  • Podem afetar a função da placenta, normalmente por vasoconstrição dos vasos sanguíneos da placenta, reduzindo assim o aporte de oxigénio e nutrientes ao feto. O resultado poderá ser um bebé com baixo peso e subdesenvolvido;
  • Podem provocar contração dos músculos do útero, lesionando indiretamente o feto ao reduzir o aporte de sangue ou ainda provocando um trabalho de parto prematuro.

De qualquer modo, a forma como um medicamento afeta o feto depende do estágio de desenvolvimento do feto, da potência e da dosagem do medicamento.

Também podem afetar o feto indiretamente. Por exemplo, medicamentos que reduzem a pressão arterial da mãe podem reduzir o fluxo sanguíneo para a placenta.

De qualquer modo, é preciso ter cuidado e ser muito seletivo ao consultar fontes on-line sobre a segurança de medicamentos durante a gravidez. O ideal é, usar sim, essas informações para iniciar uma conversa com um profissional de saúde.

QUAIS OS MEDICAMENTOS QUE AS GRÁVIDAS NÃO PODEM TOMAR?

medicamentos diferentes

Alguns medicamentos são altamente tóxicos e nunca devem ser tomados por mulheres grávidas, pois causam deficiências congénitas graves. Um exemplo clássico e amplamente conhecido é a talidomida.

A malformação dos membros em milhares de recém-nascidos foi reconhecida como um efeito secundário grave da Talidomida nos anos de 1950/1960, quando foi amplamente receitada às grávidas para atenuar os enjoos matinais. Milhares de mulheres abortaram no final da década de 50 e início da de 60, um efeito também atribuído à talidomida.

Alguns medicamentos podem, ainda, ter efeitos depois de serem interrompidos. Por exemplo, a isotretinoína, um medicamento usado para tratar distúrbios da pele, fica armazenado na gordura sob a pele e é libertado lentamente.

A isotretinoína pode causar deficiências congénitas se a mulher engravidar dentro de duas semanas depois de interromper o medicamento. Por esse motivo, as mulheres são aconselhadas a esperar pelo menos 3 a 4 semanas após a interrupção do medicamento antes de engravidar.

De realçar que os estudos de teratogenicidade (capacidade de produzir malformações congénitas no feto) são muito limitados.

Portanto, se recorrermos à evidência disponível, a lista de fármacos comprovadamente teratogénicos nos humanos é relativamente pequena:

  • Agentes androgénicos;
  • Anticonvulsivantes em geral;
  • Anti-inflamatórios não esteroides;
  • Antimetabólitos e agentes alquilantes;
  • Antitiroideus (propiltiouracilo e metibazol);
  • Bloqueadores dos recetores da angiotensina II;
  • Hipoglicemiantes orais;
  • Inibidores da enzima de conversão da angiotensina;
  • Lítio;
  • Misoprostol;
  • Opiáceos, benzodiazepinas;
  • Talidomida;
  • Tetraciclinas;
  • Varfarina.

É assim de extrema importância não se cingir a qualquer lista e não tomar qualquer medicamento sem consultar um profissional de saúde habilitado a esclarecer acerca da segurança deste para a mãe e para o feto.

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