É muito difundido no mundo da musculação que existem dois tipos de hipertrofia: a miofibrilar e a sarcoplasmática. Entre profissionais e praticantes, há quem acredite que determinados tipos de treino influenciam e potenciam o crescimento de miofibrilas e sarcoplasma de forma independente, favorecendo mais um em detrimento do outro.
Acredita-se que o treino pesado, com poucas repetições, potencia o crescimento das microfibrilas, resultando em músculos mais fortes e funcionais. Já um treino com maior número de repetições e cargas mais leves aumenta o sarcoplasma.
A teoria assenta no facto de o sarcoplasma ser composto por fluido, onde não ocorre contração, logo, será possível aumentar o músculo sem aumentar a força.
Assim, reza a lenda que o treino de força, com cargas pesadas e um número reduzido de repetições provoca hipertrofia miofibrilar. Para conseguir hipertrofia sarcoplasmática, deve-se optar por um treino de resistência, com cargas mais leves e um maior número de repetições. Porém, a convicção de que existem dois tipos de hipertrofia, não tem rigor científico.
Qual é a diferença entre miofibrilas e sarcoplasma?
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As miofibrilas são filamentos longos e finos que compõem o tecido contrátil. São compostas por proteínas, como a actina e a miosina, e o seu número e forma variam de acordo com o músculo a que pertencem.
Como é que funcionam? Os músculos, ao contrair, fazem os filamentos finos (actina) deslizar sobre os filamentos grossos (miosina).
O sarcoplasma contém substâncias químicas que são essenciais à contração muscular que referimos acima e é composto por adenosina, fosfocreatinina, glicogénio e trifosfato e quantidades elevadas de glicossomos e mioglobina. Ou seja, um não vive sem o outro.
A que se devem, então, as diferenças de resultados?
Pois, percebemos a pergunta e queremos ajudar. O tamanho do sarcoplasma é determinado pelo tamanho das miofibrilas. Vários estudos revelaram que, na verdade, não é possível aumentar o conteúdo sarcoplasma, sem que o crescimento microfibrilhar ocorra. A facto de treinos tão diferentes provocarem adaptações tão diferentes, está relacionado com outros motivos, nomeadamente:
- Melhoria da coordenação;
- Melhoria do controlo muscular;
- Aumento da saída de sinais a partir dos centros supra-espinhais;
- Ativação dos músculos sinergistas e agonistas elevada;
- Redução da activação dos músculos antagonistas;
- Melhoria do acoplamento dos interneurônios da coluna vertebral;
- Alterações na condução descendente que reduzem o défice bilateral;
- Entrada compartilhada para os neurónios motores;
- Níveis mais elevados de activação muscular;
- Aumento da adrenalina e alterações das conexões dos neurónios motores;
- Aumento da densidade capilar;
- Aumento do volume do número de mitocôndrias;
- Aumento da atividade de enzimas oxidativas e glicolíticas.
Recomendamos que faço um registo rigoroso dos seus hábitos para que consiga perceber o que é que, em determinada altura, pode ter estado na base das diferenças de resultados. E não se esqueça de pedir um acompanhamento com um profissional da área.