Enfermeira Filipa Pinto
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01 Fev, 2020 - 21:39

Tem dores nos ossos quando o tempo muda? Saiba por quê

Enfermeira Filipa Pinto

É daquelas pessoas que tem dores nos ossos quando o tempo muda? Será que há evidência científica que suporte este cenário?

Mulher com dor nos ossos quando o tempo muda

Não há evidências científicas de que a mudança do clima possa provocar agravamento ou aparecimento das dores ósseas ou articulares. Porém, também não há estudos científicos que comprovem o contrário. Se é daquelas pessoas que tem dores nos ossos quando o tempo muda, estas são algumas das possíveis razões que podem justificar essa situação.

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A dor, como quinto sinal vital, é uma sensação desagradável que pode limitar a capacidade de prosseguir a rotina diária. Muitas vezes, é um sinal que alerta de que algo está errado com o nosso corpo.

A definição amplamente aceite de dor foi desenvolvida pela Associação Portuguesa para o Estudo da Dor: “A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável que se encontra associada com danos efetivos ou potenciais ao nível dos tecidos ou descrita em termos de tais lesões.”

A dor corporal pode ir de desconforto moderado e localizado, a agonia. Pode ser aguda ou tornar-se um problema crónico de longo prazo.

A dor aguda tem uma função protetora que ajuda a evitar danos corporais ou situações potencialmente causadoras de lesões e protege a parte do corpo lesionada enquanto esta se regenera.

A dor crónica é definida como uma dor persistente ou recorrente durante pelo menos 3-6 meses, que muitas vezes persiste para além da cura da lesão que lhe deu origem, ou que existe sem lesão aparente.

Em pessoas com patologias osteoarticulares, os agentes atmosféricos podem influenciar no estado de saúde e no aparecimento da dor e são eles: a temperatura, a pressão atmosférica, a precipitação e a humidade. Em conjunto ou isoladamente, podem causar patologias físicas e psíquicas, pela dificuldade do organismo em adaptar-se a mudanças drásticas.

As pessoas com dores crónicas sentem agravamento dos sintomas com alterações climáticas, e na maioria dos casos isso acontece mesmo antes da mudança do tempo. Apesar de o tema ainda não ser completamente consensual, a verdade é que alguns estudos já tentaram estabelecer uma relação entre dor e variações climáticas.

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Os tendões, músculos e os ossos têm densidades diferentes e o frio e a humidade podem influenciar, provocando variações de tensão e comprimento, que podem originar dor.

Quando há uma mudança de temperatura, há vasoconstrição, ou seja, o diâmetro dos vasos sanguíneos diminui e os músculos e articulações contraem para garantir uma temperatura adequada do organismo, isso leva a uma menor produção de calor, provocado pela contração muscular e dá maior rigidez nas articulações. Ou seja, há uma menor tolerância à dor e uma maior sensibilidade, causando um maior desconforto.

A aproximação do frio torna o ar mais pesado, o que provoca eletricidade estática e humidade no ambiente, podendo causar uma pequena contracção dos nervos periféricos, situados nos membros inferiores e superiores como os braços, pernas, mãos e pés, originando desconforto e dor.

Se entendermos que a pressão atmosférica é como o “peso” do ar e se imaginarmos uma pessoa com problemas articulares, que já tem uma tendência a ter edema, quanto maior a pressão exercida por fora dessa articulação, menor será o edema.

A pressão atmosférica tende a cair antes da descida da temperatura, o que faz uma maior expansão na articulação, que esta mais sensível devido a processos inflamatórios, cicatrizes ou aderências, fazendo aumentar a dor.

Dicas para aliviar a dor e o desconforto

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Independentemente de existir ou não qualquer relação entre as alterações climáticas e o aparecimento de dores ósseas e articulares é sempre possível aliviar os sintomas de forma conservadora ou não medicamentosa através das seguintes sugestões:

  1. Controle da dor: quer seja pelo controlo medicamentoso, através do uso de medicamentos que vão controlar a dor – como analgésicos, relaxantes musculares ou mesmo antidepressivos – com a intenção de aumentar o limiar da dor; quer por estratégias como as massagens, calor e o exercício físico, que são fundamentais para complementar a terapêutica medicamentosa, tal como as medidas de proteção do aparelho locomotor.
  2. Manter a temperatura corporal: usar várias camadas de roupa no exterior e manter a casa quente.
  3. Ter uma alimentação saudável e equilibrada: incluir na dieta alimentos com antioxidantes, gorduras saudáveis (ómega 3, ómega 6, polinsaturadas e insaturadas) e vitaminas. A gordura ómega 3 é anti-inflamatória e ajuda na inflamação crónica.
  4. Aquecer as articulações: utilizar botija ou compressas com água quente, almofadas de aquecimento ou tomar um banho de imersão. O calor estimula o relaxamento dos músculos, ajuda a diminuir a dor e é um anti-inflamatório.
  5. Realizar massagens: as massagens além de relaxar melhora a circulação e reduz a dor nas articulações e músculos.
  6. Usar meias ou luvas elásticas: aquecem as articulações e estimulam a circulação sanguínea. As meias elásticas devem ser recomendadas por um profissional de saúde.
  7. Realizar exercício físico: exercitar as articulações para relaxar os músculos e diminuir a rigidez. A atividade física e os alongamentos são importantes não só para diminuir a dor nas articulações como para manter a flexibilidade e aumentar o fluxo sanguíneo. Exercícios de baixo impacto como pedalar numa bicicleta fixa ou caminhar numa passadeira podem ser realizados dentro de casa especialmente no inverno. Para além disso, o exercício físico ajuda a controlar o peso, e menos peso equivale a menos carga nas articulações.
  8. Manter os níveis de vitamina D: o sol (principal fonte desta vitamina) faz bem à saúde em geral e em particular aos ossos e articulações.

Quando ir ao médico?

O tratamento da dor de ossos passa essencialmente pelo controle da dor, quer seja pelo controlo medicamentoso, através do uso de medicamentos que vão controlar a dor – como analgésicos, relaxantes musculares ou mesmo antidepressivos -, quer por estratégias como as massagens, calor e o exercício físico, que são fundamentais para complementar a terapêutica medicamentosa, tal como as medidas de proteção do aparelho locomotor.

No entanto, é recomendado consultar um médico ou um especialista ortopedista quando a dor nos ossos dura mais do que 7 dias ou piora ao longo do tempo e é acompanhada por outros sintomas como perda de peso, diminuição do apetite ou cansaço excessivo ou perda da funcionalidade do membro.

Fontes

  1. Instituto Português de Reumatologia. Disponível em: http://www.ipr.pt/index.aspx?p=MenuPage&MenuId=232
  2. Associação Portuguesa para o estudo da dor. Disponível em: https://www.aped-dor.org/
  3. Manual MSD. Versão para Profissionais de Saúde. Outubro 2017. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/dor-articular-e-periarticular/dor-poliarticular
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