Nutricionista Mafalda Andrade
Nutricionista Mafalda Andrade
30 Jun, 2017 - 16:15

Dieta do ADN: quando a ciência fala mais alto!

Nutricionista Mafalda Andrade

Saiba mais sobre a dieta do ADN e de como esta é personalizada de acordo com o seu código genético. Uma dieta revolucionária mas que ainda é pouco conhecida.

Dieta do ADN: quando a ciência fala mais alto!

A dieta do ADN oferece aos seus seguidores uma descoberta detalhada dos seus genes, percebendo assim o funcionamento do metabolismo e a predisposição que pode existir para certo tipo de doenças, como a obesidade, cancro, diabetes, doenças cardiovasculares e doenças neurodegenerativas.

Com a dieta do ADN, cada pessoa é encarada como única e sabe-se que cada organismo reage de forma diferente aos vários tipos de alimentos. Nesta, a dieta é personalizada de acordo com o seu código genético, levando em conta os polimorfismos e as alterações genéticas gerais de algumas populações.

Deste modo, é possível obter informações de como o seu corpo ­reage, por exemplo, à ingestão de carne vermelha, de uma determinada fruta ou de um prato de massa e adaptar o seu plano alimentar de acordo com essa informação, por forma a promover o emagrecimento.

O que é o ADN e como podemos relacioná-lo com a alimentação?

o que e o adn

O ADN é o código genético do ser humano, presente em todas as suas células. Há muito tempo, os cientistas debruçaram-se sobre este assunto, tentando decifrar todos seus mistérios.

O peso da genética na obesidade é algo fundamentado pela ciência. Desde 2001, quando foram divulgados os primeiros resultados do Projeto Genoma (que possibilitou o mapeamento de todas as bases químicas que formam as moléculas do ADN), grupos de cientistas de todo o mundo começaram a usar as informações derivadas deste projeto para entender melhor a relação dos genes com a alimentação. Afinal, comprovou-se que os fatores ambientais, como a dieta e a prática de exercício físico, podem regular a atividades dos genes, despertando-os ou, ao contrário, reduzindo sua expressão.

Usar as informações presentes no código genético para construir uma dieta parece ser uma escolha lógica. Se o corpo metaboliza mais devagar os hidratos de carbono, por exemplo, a probabilidade de aumentar o peso é superior. Portanto, no plano alimentar a ser realizado, reduz-se a ingestão deste nutriente.

Se, por outro lado é a intolerância à lactose que está a promover a retenção de líquidos, originando um peso mais elevado, deve-se evitar esse componente, e por aí adiante.

Para quem deseja emagrecer, os resultados dos estudos da dieta do ADN são animadores, pois segundo essas pesquisas, quem se submete à dieta do ADN, ou mapeamento genético, perde peso 3 a 4 vezes mais rápido do que as que seguem dietas comuns. Contudo, sobre a eficácia desta dieta, a ciência ainda não tem uma resposta definitiva.

Como funciona a dieta do ADN

colheita de material genetico

O primeiro passo da dieta do ADN é procurar um profissional de nutrição, especializado na área da alimentação associada à genética, que prescreva o exame e o saiba interpretar depois. Na maior parte das vezes, a dieta do ADN é indicada para pessoas com obesidade resistente, ou seja, que não respondem a tratamentos com medicação ou mudanças na alimentação.

O passo seguinte é fazer uma colheita do material genético que será enviado para ser examinado. O material pode ser retirado tanto do sangue como da saliva, já que o ADN é comum a todas as células.

A colheita de sangue pode ser feita em qualquer laboratório e não é preciso estar em jejum ou qualquer tipo de preparação. Por sua vez, a colheita de saliva deve ser feita após 30 minutos de jejum, no mínimo, para que não haja nenhum alimento na região que contamine a amostra.

Durante o exame, são procuradas e detetadoss os polimorfismos do ADN, associados à maneira como o corpo reage aos alimentos. Em linhas gerais, eles fornecem informações sobre o metabolismo, absorção de nutrientes, resposta a atividade física, intolerâncias alimentares, entre outros.

Alguns testes também oferecem a possibilidade de serem avaliados dados sobre a forma como o corpo responde ao exercício físico. Neste caso, são fornecidas informações que demostram se o organismo beneficia mais do exercício aeróbico ou de força, por exemplo.

De acordo com os resultados de cada perfil, é feita uma interpretação dos riscos e são apresentadas sugestões nutricionais para que possa adotar um plano alimentar de acordo com os seus resultados genéticos aliados a outros dados avaliados.

Dois exemplos de exames utilizados na dieta do ADN:

Há várias versões dos exames de ADN utilizados no mercado.

  • O DNA Fit é o mais utilizado na Inglaterra e analisa 45 mutações genéticas associadas à capacidade do organismo responder à atividade física e aos alimentos;
  • No Brasil, duas das opções mais utilizadas são o Pathway Fit e o Genómica Nutricional. Eles avaliam que alimentos são melhor digeridos e absorvidos. Adicionalmente, é determinado o tipo mais adequado de exercício, conforme a composição genética que determina a composição das fibras musculares.

Vantagens da Dieta do ADN

dieta do ADN vantagens

Compreender melhor a interação entre genes e nutrientes seria uma ótima alternativa para os profissionais da saúde.

A possibilidade de poder elaborar um plano dietético que atenda às necessidades de cada indivíduo aliando à prevenção de doenças, seria um grande avanço dentro da área da saúde.

1. Informação mais completa sobre o paciente

Por mais que a análise do ADN não mostre propriamente factos sobre o paciente, ela pode dar novas informações ao profissional de saúde.

2. Recomendações personalizadas e individualizadas

As dietas comuns são baseadas em recomendações gerais de nutrição para toda uma população, no entanto nem sempre as pessoas respondem a essas recomendações da mesma forma.

A análise da dieta do ADN permite detetar alimentos e nutrientes essenciais para cada perfil.

3. Mais do que apenas alimentação

Alguns genes analisados verificam outras características do paciente relacionadas com a perda de peso. Existe um gene que, por exemplo, mostra se a pessoa possui fibras musculares rápidas, lentas ou mistas, e isso influencia em como responde a cada tipo de exercício físico, possibilitando uma recomendação personalizada de treino.

4. Não é só para perda de peso

A dieta do ADN pode encontrar estratégias para ajudar pessoas que têm dificuldade em ganhar peso, assim como atuar na prevenção de várias doenças.

Desvantagens da Dieta do ADN

dieta do ADN desvantagens

Não há dúvidas de que existe uma predisposição genética para a obesidade, mas a pesquisa nesta área está ainda no início. Ainda há muito para descobrir sobre os genes envolvidos na acumulação e na perda de peso.

  • Não existem dados a longo prazo de indivíduos que adotaram a dieta do ADN e tiveram benefícios cinco ou dez anos depois.
  • Estudos realizados em determinada população não podem ser aplicados a outras, pois as características genéticas são diferentes e os resultados podem também ser distintos.
  • Procedimento restrito a apenas alguns países.
  • Apesar do valor dos exames ter caído, no entanto, ainda é bastante caro solicitar essa análise genética da dieta do ADN.

Conclusão

Na opinião de um especialista, os exames genéticos podem ser úteis, mas nunca como os definidores do tratamento, de forma isolada. O tratamento deve ser estabelecido considerando-se o histórico do paciente (números de tentativas prévias de emagrecimento, número de fármacos usados e história familiar, entre outros fatores), doenças e a presença ou não de transtornos alimentares.

Se todos estes fatores forem considerados, o teste genético pode ser aplicado, desde que com o acompanhamento de um profissional de saúde habilitado.

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