Raquel Gomes
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29 Nov, 2024 - 12:25

4 chás que têm benefícios comprovados

Raquel Gomes

Dos quatro tipos de chás que existem, o chá preto e o chá verde parecem ser os chás que têm mais benefícios comprovados. Saiba quais.

Chás que têm benefícios comprovados

O chá é uma bebida mundialmente consumida. É produzido através de plantas do género Camellia e existem quatro tipos: verde, preto, branco e oolong. Fique a saber neste artigo quais os chás que têm benefícios comprovados.

Características de cada tipo de chá

De forma geral, o chá é constituído por polifenóis, cafeína, minerais, e quantidades residuais de vitaminas, proteínas e hidratos de carbono. O tipo de polifenol depende altamente do tipo de fermentação e os quatro tipos de chá variam essencialmente na sua fermentação e teor de antioxidantes.

1

Chá preto

As folhas fermentam antes de secar e dá-se uma extensa oxidação (fermentação). Uma chávena de chá preto tem aproximadamente 200mg de flavonoides, sendo os taninos os que se encontram em maior concentração.

Para além disso, o chá preto é o que maior concentração de cafeína tem dos quatro tipos de chá. No entanto a concentração de cafeína varia.

2

Chá verde

As enzimas são inativadas após a colheita (com exposição ao calor). Neste tipo de chá não ocorre qualquer oxidação e os flavonoides presentes em maior quantidade são as catequinas. Uma chávena de chá verde tem aproximadamente 126mg de catequinas e 71mg de epigalocatequina galato.

3

Chá oolong

Talvez o menos conhecidos dos quatro tipos de chá. Representa uma posição intermédia entre o chá preto e o branco. O seu processo de fermentação não é tão longo quanto o do chá preto.

4

Chá branco

É obtido através de novos botões que nasceram. Não há qualquer oxidação.

Chás que têm benefícios comprovados e os seus efeitos na saúde

Após esta breve descrição de cada tipo de chá, seguem-se alguns dos possíveis efeitos do chá na saúde:

Perda de peso

Algumas revisões sistemáticas e meta-análises já reportaram efeitos positivos do consumo de chá na perda e manutenção de peso.

Os resultados indicam que este pequeno efeito benéfico possa advir da combinação de catequinas e de cafeína presente no chá. Estes resultados são reforçados pelas meta-análises que confirmaram o efeito positivo da cafeína associada às catequinas, mas que não reportam os mesmos benefícios quando a cafeína é usada isoladamente.

Contudo, existem igualmente resultados negativos publicados. Pensa-se que a origem desta aparente contradição possa ser a etnia dos participantes, não sendo ainda totalmente confirmada.

Os polifenóis são o composto do chá que mais atenção desperta, mas muitas questões ainda têm de ser respondidas. Como por exemplo, se existem diferenças de relevo entre tomar diferentes chás ao longo do dia ou sempre o mesmo; ou se podem existir efeitos sinérgicos entre, por exemplo, as catequinas do chá verde e as teaflavinas do chá preto que possam potenciar o efeito na perda de peso.

Nunca é demais lembrar: beber chá não o fará emagrecer como se de um milagre se tratasse. Na base de todo um processo de perda de peso tem de estar uma dieta hipocalórica (onde se ingiram menos calorias do que aquelas que se gastam).

Beber chá pode ser uma boa opção para manter um bom estado de hidratação e uma boa fonte de polifenóis.

Envelhecimento e neuroproteção

Os polifenóis do chá verde parecem contribuir para a resistência ao stress. Em simultâneo, exibem também propriedades neuroprotetoras.

Uma das hipóteses é que consigam eliminar os radicais livres e regular o stress induzido por iões metálicos. Para além disto, os polifenóis conseguem induzir a expressão de algumas enzimas com atividade antioxidante o que confere uma proteção do ADN contra os danos oxidativos.

Por esta razão, acumula-se evidência de que o chá verde possa ser usado em contexto de doenças neurodegenerativas (incluindo a doença de Alzheimer).

Sublinha-se apenas que nada disto significa que o chá verde ou os seus polifenóis devam ser usados como tratamento profilático de qualquer doença ou que sejam a cura para a mesma. Isto são apenas achados científicos e mais caminho precisa de ser percorrido para que se verifiquem os efeitos a nível não só molecular como também humano.

Efeitos anti-tumorais

Os estudos epidemiológicos e algumas intervenções em humanos revelaram que as catequinas do chá verde podem ter ações protetoras contra alguns tipos de cancro.

O chá verde parece proteger contra danos no ADN induzidos por radiação UV-B. Ainda há estudos que apontam para um efeito positivo das catequinas em proteínas importantes na regulação do ciclo celular (1).

Considerando os diferentes tipos de chá, o verde parece estar associado a um menor risco de cancro do fígado, dos ovários, do endométrio e do esófago.

Relativamente ao chá preto, este foi associado a um menor risco de cancro dos pulmões.

Importa referir que o chá quente foi associado a um aumento do risco de cancro do esófago, o que indica um papel importante da temperatura (2).

A associação entre o consumo de chá verde e o risco total de cancro ainda é inconclusiva (3).

No entanto, é preciso cautela na interpretação destes achados. As concentrações não estão bem definidas e pode ser algo extremamente variável. Para além disso, não se deve ler nesta informação que o chá verde (ou qualquer outro) tenha eficácia total na proteção contra tumores.

Também não se deve extrapolar os resultados de tal forma que se considere as catequinas como cura ou como medida profilática. A investigação ainda é insipiente e são áreas que requerem estudos rígidos e com alta qualidade.

Doenças cardiovasculares

O consumo de chá verde foi associado a um menor risco de mortalidade por todas as doenças cardiovasculares.

Um consumo elevado de chá verde (quando comparado com uma ingestão nula ou baixa) foi associado a um menor risco de doença cardiovascular, AVC, doença arterial coronária e enfarte do miocárdio (2).

Assim, parece que o chá verde possa ter um papel importante na prevenção das doenças cardiovasculares. O mecanismo subjacente parece estar associado aos polifenóis e também, em parte, à cafeína.

Diabetes Mellitus tipo 2

A evidência sobre o consumo de chá verde e a incidência de diabetes tipo 2 é inconclusiva.

Alguns estudos sugerem que possa haver uma redução da glicose no sangue em jejum.

Convém referir que estes resultados podem variar muito dependendo da exposição, dose, duração e características individuais como atividade física e idade (2, 3).

Conclusão

O chá verde é, de longe, o mais estudado de todos os tipos, sendo os polifenóis o composto de destaque. Relativamente aos restantes tipos de chás, a evidência também é favorável visto que os polifenóis são um composto constante entre todos.

Existem outras infusões (hortelã-pimenta e camomila) cujos benefícios ainda estão a ser estudados, sendo os resultados ainda muito inconclusivos.

De forma geral, o consumo de chá (verde ou não) parece trazer benefícios. No entanto, não se deve generalizar esta informação.

O consumo de chá pode ser prejudicial em alguns grupos, consulte sempre o seu nutricionista.

Fontes

  1. Saeed M, Naveed M, Arif M et al. (2017) Green tea (Camellia sinensis) and l-theanine: Medicinal values and beneficial applications in humans—A comprehensive review.  95, 1260-1275. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28938517/
  2. Yi M, Wu X, Zhuang W et al. (2019) Tea consumption and health outcomes: umbrella review of meta‐analyses of observational studies in humans.  63, 1900389. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31216091/
  3. Abe SK, Inoue MJEjocn (2020) Green tea and cancer and cardiometabolic diseases: a review of the current epidemiological evidence. 1-12. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32820240/
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