A andropausa, também chamada de insuficiência androgénica parcial do homem (PADAM, em inglês), caracteriza-se pela redução do índice de testosterona corporal, diminuição da libido, entre outros aspetos relacionados com a sexualidade e com a atividade física (1).
No homem, um dos sinais frequentes no envelhecimento é a lentidão das respostas sexuais, nomeadamente a resposta erétil, o que lhes causa algum incómodo, tendo em vista que costumam associar a rapidez na ereção com maior excitação e envolvimento no ato sexual, o que nem sempre é verdade.
Que alterações acontecem na andropausa?

A andropausa consiste numa síndrome clínica e num quadro bioquímico, resultante do envelhecimento do homem, devido à lenta e progressiva diminuição dos níveis séricos de testosterona. Tudo junto resulta numa síndrome de insuficiência androgénica que afecta, negativamente, os órgãos, os sistemas e as suas funções.
A idade de início pode ser tão precoce como os 40 anos ou tão tardia como entre os 65 e os 70 anos de idade. A andropausa pode causar alterações significativas na qualidade de vida e afectar negativamente a função de múltiplos órgãos.
que Sintomas acompanham o envelhecimento do homem?
O envelhecimento do homem é, de facto, acompanhado por sintomas e sinais que se associam a uma deficiência androgénica, entre os quais:
- Diminuição da massa e força muscular
- Aumento da gordura abdominal, principalmente visceral
- Resistência à insulina
- Diminuição da libido;
- Diminuição pilosa
- Osteoporose;
- Diminuição da performance cognitiva
- Depressão
- Angústia
- Insónia
- Sudorese
- Disfunção erétil
- Diminuição da sensação de bem-estar geral
Que alterações acontecem nas relações sexuais?

No que toca as relações sexuais, uma das mudanças observada está relacionada com as ereções, com a diminuição da rigidez do pénis. Quando os homens atingem os 60/70 anos, a ereção não tem a mesma firmeza, comparativamente com a alcançada uns anos antes.
Na verdade, o processo continua o mesmo: o pénis enche-se de sangue, o que aumenta o seu tamanho e torna-o mais rígido. As ereções são semelhantes ao que ocorreria anteriormente, mas não são tão firmes, grandes e vigorosas, como no passado.
É importante que os homens, de todas as idades, tenham conhecimento da fisiologia da resposta sexual ao longo do tempo . É fundamental que os casais reconheçam as mudanças que estão a ocorrer no corpo de cada um, como parte do processo de envelhecimento e não como um instrumento de avaliação do relacionamento ou do interesse sexual do seu parceiro.
Um dos principais problemas relacionados com a andropausa e também a menopausa é a aceitação da nova realidade sexual. A sexualidade pode ser exercida de várias formas, não apenas pela penetração na relação sexual e, mesmo nestes casos, há soluções para melhorar a qualidade do sexo. Fale com o seu andrologista (1).
Quais são os principais Sintomas da andropausa?

Os sintomas dividem-se em alterações sexuais, alterações neurológicas e alterações físicas (2):
Alterações sexuais
- Diminuição da qualidade erétil (particularmente ereções noturnas)
- Diminuição do desejo sexual
- Disfunção erétil
- Diminuição da libido
- Maior dificuldade em atingir o orgasmo
- Diminuição da sensibilidade no pénis
Alterações neurológicas
- Falhas na concentração
- Nervosismo
- Perturbações da memória
- Humor depressivo
- Insónias
- Falta de energia
- Falta de sensação generalizada de bem-estar
- Diminuição da actividade intelectual
- Alterações na orientação espacial
- Fadiga
- Situações depressivas e irritabilidade
Alterações físicas
- Redução da massa muscular
- Aumento da gordura visceral
- Mudanças da densidade óssea
- Queixas nas articulações e nos ossos
- Diminuição da pilosidade ( queda de pelos e cabelos)
- Aumento da adiposidade
- Ligeira ginecomastia (aumento do volume das mamas)
- Hipoplasia testicular
- Redução da força
Como fazer o Diagnóstico da andropausa

Enquanto a menstruação é sinal claro de entrada na menopausa, no caso dos homens o diagnóstico não é tão evidente. Na andropausa não há um parâmetro objetivo indicando que iniciou o processo. Os sintomas mais comuns surgem entre os 45 e os 55 anos e resultam de um défice de androgéneo.
É possível perceber, de forma indireta, que o paciente entrou na andropausa, analisando a sintomatologia clínica e diretamente, através de exames, verificando a diminuição do nível de testosterona (1).
O diagnóstico é feito através de um análises ao sangue, para medir a quantidade de testosterona, de um espermograma, para quantificar a produção de espermatozoides, uma densitometria óssea e do exame do toque retal, para avaliar as condições da próstata (2).
QUAL É O Tratamento da andropausa?
No que respeita ao declínio da testosterona, a intervenção clínica passa muitas vezes por submeter terapias de substituição, no sentido de uma melhoria do estado funcional, na prevenção de doenças, no aumento da qualidade de vida e na redução do risco de consequências físicas e psicológicas, nomeadamente a reposição hormonal.
A introdução da atividade física e mudanças de hábitos de vida são o tratamento inicial ideal. Existem, também, medicamentos que são prescritos para melhorar o desempenho sexual.
Como em qualquer questão relacionada com a sua saúde, o ideal é consultar o seu médico de família ou andrologista, especialmente, pelo risco de enfartes e AVC (acidentes vasculares cerebrais) associado a estes medicamentos (2).
Quando deve procurar o médico?
Alguns sintomas sexuais da andropausa afetam o homem ao nível sexual, exercendo, igualmente, uma forte influência negativa ao nível relacional e emocional, predominantemente, na autoestima e no bem-estar.
As mudanças físicas e a expetativa com relação ao desempenho sexual podem levar os doentes a estados de depressão. Todos os homens devem passar por uma consulta a partir dos 40 anos, para que se possa avaliar a sua condição geral e prepará-los para o início da andropausa e das mudanças que estão por vir.
- CHAVES, Elisangela. 2017.ESTESC- Coimbra. Andropausa: como a atenção básica pode ajudar o idoso a enfrentá-la Disponível em https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/22672/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20ANDROPAUSA%2020.10.2017.pdf.
- PEREIRA, Ana Luía. 2015.ISPA. IMPACTO DO PROCESSO DE ANDROPAUSA NA SATISFAÇÃO RELACIONAL, SEXUAL E AUTOIMAGEM. Disponível em http://repositorio.ispa.pt/bitstream/10400.12/4513/1/19743.pdf