Farmacêutica Cátia Rocha
Farmacêutica Cátia Rocha
18 Out, 2017 - 12:56

Beber água do mar: sim ou não?

Farmacêutica Cátia Rocha

Beber água do mar, diluída em água mineral, é uma teoria que se tem vindo a tornar popular. No entanto, isto pode tornar-se prejudicial à sua saúde! Saiba porquê.

Beber água do mar: sim ou não?

Há milénios que são bem conhecidos os efeitos fatais da ingestão de água do mar no seu estado natural: vómitos, diarreia, desidratação e, caso se insista, convulsões, coma e morte. Mas qual a real diferença entre este facto e os potenciais benefícios de beber esta água?

A água do mar contém mais minerais, um pH alcalino e é mais rica em cálcio e magnésio, tornando-se, um revitalizante celular com elevada biodisponibilidade. Na teoria faz sentido que seja benéfico para a saúde, desde que conhecendo a proporção correta.

No entanto, podemos questionar acerca da poluição associada à água do mar, com especial relevo para as regiões costeiras. A água terá só minerais e micronutrientes? Não podemos garantir que esta água, não sendo tratada, não tenha por isso diversas fontes de contaminação, nomeadamente microrganismos capazes de provocar doenças. Sendo assim, recomenda-se sensatez na sua utilização.

O QUE SE SABE ACERCA DA COMPOSIÇÃO DA ÁGUA DO MAR?

agua do mar

Em cada Kg de água do mar há, em média, 35g de compostos dissolvidos, chamados sais inorgânicos. Isso significa que a água do mar é constituída por 96,5% de água pura e 3,5% de sais.

Os sais representam a maior parte das espécies químicas dissolvidas na água do mar, tendo como principais constituintes: cloro, sódio, sulfato, magnésio, cálcio, potássio e bicarbonato. Estes constituintes estão diretamente associados com uma propriedade da água do mar conhecida como salinidade.

Todos estes minerais têm benefícios bem documentados e comprovados. No entanto, a água do mar não tem salinidade uniforme em todo o globo. Por exemplo, a água menos salina do planeta é a do Golfo da Finlândia, no Mar Báltico. O mar com maior salinidade é o Mar Morto, no Médio Oriente, onde o calor aumenta a taxa de evaporação na superfície e há pouca descarga fluvial. Outro fator a considerar é o local da colheita relacionado com a poluição. Já foram realizados estudos comparativos de água profunda (200m) e superficial e as diferenças são notórias.

A água do mar, que é bombeada de uma profundidade superior a 200m, é associada às seguintes características:

  • Baixa temperatura;
  • Alta pureza;
  • Rica em nutrientes;
  • Atividade bacteriana mínima ou inexistente (devido à localização com pouco acesso a radiação solar, é minimizada a atividade bacteriana);
  • Menor fotossíntese do plâncton vegetal.

Assim, é seguro assumir que a água do mar profundo possui alto teor em minerais em comparação com outras fontes de água. Por outro lado, não será seguro assumir que a recolha da água para consumo poderá ser realizada em qualquer local nem sem qualquer tipo de tratamento.

OS BENEFÍCIOS SÃO EXCLUSIVOS DA ÁGUA DO MAR?

Os benefícios referidos encontram-se particularmente associados ao magnésio e ao cálcio.

Principais benefícios do cálcio:

ossos fortes
  • Fortalecimento dos ossos (e prevenção de doenças associadas aos mesmos como a osteoporose);
  • Prevenção da obesidade;
  • Proteção dos músculos cardíacos;
  • Promoção da saúde dentária;
  • Controlo de estados de hipertensão (em conjunto com outros minerais);
  • Promoção de um meio interno alcalino.

Principais benefícios do magnésio:

mulher com bastantes enxaquecas
  • Pele mais hidratada e tonificada;
  • Coadjuvante na produção de colagénio.
  • Fortalecimento dos músculos;
  • Diminuição de dores crónicas/enxaquecas;
  • Relaxamento de músculos doridos;
  • Promoção da saúde cardíaca;
  • Prevenção da diabetes tipo 2.

Todos estes benefícios são cientificamente reconhecidos. Assim sendo, não será injusto referir que estes elementos podem ser repostos, reforçando o consumo através de outros tipos de alimentos, conhecidos por serem particularmente ricos nestes minerais ou até através de uma solução de reidratação comercial após exercício físico intenso por exemplo.

Importa destacar o efeito nefasto do consumo elevado de NaCl (cloreto de sódio, vulgarmente conhecido como sal) em patologias como a insuficiência cardíaca, insuficiência Renal, hipertensão arterial e litíase das vias urinárias. Para estes doentes, beber água do mar, sob qualquer forma, representa um elevado risco e não devendo ser encarado com ligeireza.

O facto do pH da água do mar ser alcalino é também uma vantagem, que pode ser conseguida através do consumo de água engarrafada com pH mais elevado, assim como através de alimentos alcalinizantes.

Veja também:

Artigos Relacionados