Rúben Ausina
Rúben Ausina
11 Nov, 2022 - 10:10

Sintomas das alergias respiratórias e cuidados a ter

Rúben Ausina

Os sintomas das alergias podem ser muito incómodos e interferir negativamente na sua qualidade de vida. Saiba mais sobre este assunto.

O termo alergia é utilizado para descrever uma reação imunitária excessiva a um ou a vários alergénios (substâncias que produzem uma reação exagerada no sistema imunitário), que pode ser inofensiva para a maior parte das pessoas, mas induz uma resposta imunitária manifestada por diversos sintomas em pessoas com predisposição para a doença.

As alergias respiratórias e/ou oculares são o tipo de alergias mais comum a nível mundial, afetando cerca de 400 milhões de pessoas.

Esta condição pode interferir muito negativamente na qualidade de vida da pessoa, afetando grande parte das suas atividades diárias, uma vez que os sintomas das alergias respiratórias podem ser muito incómodos.

Este tipo de alergia pode-se manifestar essencialmente por rinite, asma ou conjuntivite e pela exposição a diversos alergénios, sendo os mais comuns:

  • ácaros (domésticos e não domésticos);
  • pólen;
  • fungos;
  • poluição atmosférica;
  • pelos de animais (essencialmente domésticos).

Quais são os sintomas das alergias respiratórias?

Mulher com alergia ao pólen

Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) estima-se que cerca de 25% da população portuguesa sofre de rinite alérgica e 10% de asma alérgica, com a sua prevalência em constante aumento.

Outros dados recolhidos pela Federação Europeia das Associações de Pessoas com Alergias e Doenças das Vias Respiratórias (EFA) revelam que cerca de 30% da população europeia sofre de alergias respiratórias, e entre 10% a 20% dos adolescentes com idades compreendidas entre os 13 e os 14 anos sofre de rinite alérgica grave.

No que toca à sintomatologia deste tipo de patologia, esta pode-se manifestar de duas formas: durante todo o ano ou persistente (perene), sendo as causas mais comuns ácaros, fungos e animais, e intermitente (focada em períodos sazonais), relacionada maioritariamente com pólen e fungos.

1.

Rinite alérgica

A rinite alérgica (condição alérgica mais comum) afeta as vias respiratórias superiores e caracteriza-se pela inflamação da mucosa nasal e ocular. É frequentemente acompanhada por conjuntivite, neste caso conhecida como rinoconjuntivite alérgica, e pode muitas vezes coexistir com asma, o que leva ao agravamento da condição clínica da pessoa alérgica.

Os sintomas podem ser avaliados com base na sua gravidade (leve ou moderada-grave) e no impacto da qualidade de vida. Os mais característicos são:

  • obstrução nasal (com corrimento);
  • espirros;
  • prurido nasal;
  • lacrimejamento ocular;
  • pálpebras inflamadas.
2.

Asma alérgica

É uma forma de asma provocada pela exposição da mucosa brônquica a um alergénio inalado.

A asma é uma doença de ocorrência comum e potencialmente fatal, quando não controlada, em que as vias respiratórias ficam inflamadas.

A sintomatologia está normalmente associada à limitação, de forma variável, do fluxo de ar, podendo ser reversível através de medicação, assumindo assim uma forma controlada, o que se traduz no aumento de qualidade de vida da pessoa. Os principais sintomas são:

  • dificuldade respiratória;
  • dor ou aperto no peito;
  • tosse seca;
  • pieira;
  • respiração ofegante;
  • fadiga.

Alergias respiratórias: diagnóstico

Médico a fazer prick test a paciente

O diagnóstico das doenças alérgicas deve ser realizado o mais precocemente possível, orientado por um médico especialista, a fim de garantir a gestão e controlo adequados e eficazes, evitando assim pioras da condição clínica.

Os profissionais habilitados recorrem predominantemente ao histórico clínico do paciente, podendo ser confirmado por testes cutâneos (como prick test) e/ou doseamento, em amostra de sangue, de anticorpos IgE específicos para uma mistura de vários alergénios num único teste.

Os testes para quantificação de IgE são considerados mais sensíveis e específicos do que os testes cutâneos, e posteriormente podem ser prescritos para o doseamento de IgE específica isolada para o alergénio em estudo.

Sintomas das alergias e tratamentos

Mulher a tomar anti-histamínico

No que concerne ao tratamento e sobretudo na prevenção/controlo deste tipo de alergias, são normalmente implementadas medidas de evicção, isto é diminuir ao máximo o contacto com os alergénios, de modo a reduzir os sintomas associados.

De modo geral as estratégias preventivas de acordo com as causas anteriormente descritas (ácaros, pólen, pelos de animais domésticos e fungos) podem passar pela:

  1. higienização doméstica mais frequente;
  2. utilização de aspiradores com filtros de ar de alta eficiência (HEPA);
  3. utilização de desumidificadores, especialmente em ambientes húmidos ou pouco arejados;
  4. remoção ou lavagem frequente de tapetes e mobiliário de estofo;
  5. limitação de animais domésticos em determinadas áreas.

Outros estímulos não alérgicos também devem ser evitados ou controlados, essencialmente o tabagismo e poluição atmosférica excessiva.

Os sintomas das alergias podem ser atenuados com a utilização de fármacos prescritos, tais como anti-histamínicos, descongestionantes e corticoides nasais.

Em casos mais graves, com indicação médica, quando o alergénio não pode ser evitado e com tratamento farmacológico de fraca resposta, é possível tratamento com vacina antialérgica (imunoterapia específica com extratos alergénicos).

A SPAIC disponibiliza através da Rede Portuguesa de Aerobiologia (RPA) o boletim polínico, cujo objetivo é divulgar de forma contínua, quer a nível local e nacional, informação sobre a previsão os alergénios mais comuns, de modo a auxiliar na prevenção e tratamento da doença alérgica respiratória em doentes com sensibilidade ao pólen.

Tipos de pólen mais comuns

Segundo a Direção-Geral de Saúde (DGS) existem vários tipos de pólen clinicamente significativos, no entanto o que é utilizado com mais frequência como objeto de estudos é o pólen de gramíneas (Poaceae), sendo um dos mais frequentes na zona mediterrânica.

De acordo com um estudo publicado pela Revista Portuguesa de Imunoalergologia, onde foi doseada a concentração intradiária de pólen atmosférico de gramíneas, conclui-se que as zonas litorais, especialmente a região do Porto, possuem menor concentração do que as zonas do interior continental, nomeadamente a região de Évora.

Isto verifica-se porque estas regiões litorais sendo próximas ao oceano Atlântico e rio, fazem com que o aumento da humidade relativa do ar juntamente com os ventos desprovidos de pólen, exerçam um efeito negativo nas concentrações de pólen atmosférico.

Artigo originalmente publicado em Julho de 2020. Atualizado em Outubro de 2022.

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A não esquecer

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