Share the post "Síndrome de Tourette: viver com tiques motores incontroláveis"
A síndrome de Tourette, descrita pela primeira vez em 1825, é uma patologia neuropsiquiátrica que habitualmente tem início na infância. Esta perturbação tem um grave impacto na vida de quem dela padece e dos seus familiares, pelo que importa conhecê-la.
Compreender a síndrome de Tourette
Até há bem pouco tempo esta síndrome era considerada rara, no entanto, dados recentes têm vindo a mostrar outra realidade. Estas investigações indicam que a taxa de prevalência da síndrome de Gilles de La Tourette pode variar de 1% a 2,9% em alguns grupos.
Foi em 1825 que foi descrito o primeiro caso desta síndrome. O paciente em questão apresentava tiques múltiplos e comportamentos fora do comum, tais como uso involuntário ou inapropriado de palavras obscenas e repetição involuntária de um som, palavra ou frase proferida por outra pessoa.
Esta síndrome ocorre em todo o mundo e a prevalência nos indivíduos do sexo masculino é três a quatro vezes maior do que no sexo feminino. Surge frequentemente associada a outras patologias do foro mental, tais como hiperatividade com défice de atenção e transtorno obsessivo compulsivo.
Causas e sintomas da síndrome de Tourette
A síndrome de Tourette é um distúrbio genético, de natureza neuropsiquiátrica, associada a alterações neurofisiológicas e neuroanatómicas.
As suas causas ainda não estão totalmente explicadas e inúmeras investigações continuam a ser feitas, inclusive no sentido de perceber qual a influência de fatores ambientais como o tabagismo, o stress, infeções e disfunção auto-imune, que podem surgir no período pré, peri ou pós-nata.
Caracteriza-se pela presença de comportamentos compulsivos, que resultam numa série repentina de múltiplos tiques motores e um ou mais tiques vocais. Geralmente, os portadores desta síndrome apresentam, inicialmente, tiques simples, que vão evoluindo para tiques mais complexos, no entanto, o quadro clínico pode variar de pessoa para pessoa.
Estes tiques são movimentos anormais, rápidos, súbitos, sem propósitos e irresistíveis, que tendem a agravar em quantidade e exuberância nas situações de ansiedade e tensão emocional. Pelo contrário, tendem a atenuar em situações de repouso e em situações que exigem concentração.
A. Tiques motores
- Piscar os olhos.
- Realizar movimentos de torção de nariz e boca.
- Imitação de gestos realizados por outras pessoas.
- Gestos obscenos.
- Caretas faciais.
- Estalar a mandíbula.
- Trincar os dentes.
- Movimento dos dedos das mãos.
- Sacudidelas de cabeça, pescoço, ou outras partes do corpo.
- Manutenção de certos olhares.
- Bater palmas.
- Saltitar, rodar ou rodopiar.
B. Tiques verbais
- Emissão de sons (pigarrear; fungar; gritar).
- Palavras obscenas.
- Repetição de palavras ou frases.
- Repetição involuntária de frases proferidas por outras pessoas.
- Uso repetido de palavras aleatórias.
C. Tique sensitivo
- Sensação somática nas articulações, nos ossos e nos músculos que obrigam o portador da síndrome de Tourette a executar um movimento voluntário para obter alívio. Este tique nem sempre está presente.
Tratamento da síndrome de Tourette
A síndrome de Gilles de La Tourette não tem cura e o tratamento é estritamente sintomático e muitas vezes desnecessário nas formas leves da doença. No entanto, é importante que quando pertinente, este se inicie o mais rápido possível, de forma a minimizar os danos que a patologia pode causar ao paciente.
O tipo de tratamento a implementar deve ser sempre adaptado a cada portador da síndrome e discutido com a equipa clínica que o acompanha. Habitualmente inclui a combinação das abordagens farmacológica e psicológica.
A abordagem farmacológica permite aliviar e controlar os sintomas. Já a abordagem psicológica é útil para não só para o paciente mas também para orientar as pessoas que lhe são próximas, ajudando-as a obter um maior entendido acerca da patologia e da melhor forma de lidar com o portador da síndrome de Tourette.