A Síndrome dos ovários policísticos, é uma das alterações endocrinológicas mais comuns na população feminina em idade fértil. No entanto, muitos casos ficam por diagnosticar. Conheça aqui quais os sintomas mais comuns, causas e tratamento desta patologia.
O QUE É A SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS?

A Síndrome dos ovários policísticos (SOP), caracteriza-se pela presença de quistos nos ovários, e é uma alteração endocrinológica que atinge um grande número de mulheres em idade fértil (1). Esta condição é associada frequentemente a um maior risco de desenvolver diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e a maior prevalência de cancro do endométrio em idade precoce. Assim, o diagnóstico atempado e tratamento adequado assumem um papel fundamental.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
Os sintomas da Síndrome dos ovários policísticos são:
- Ciclos menstruais irregulares: amenorreia (falta de menstruação), menstruação frequente ou imprevisível.
- Hirsutismo (Excesso de pelos corporais): lábio superior, queixo, costas, polegares e dedos dos pés, ao redor dos mamilos e ao longo da linha alba.
- Queda de cabelo: geralmente na zona temporal (acima das orelhas).
- Acne
- Obesidade
- Hipertensão arterial
- Alteração do metabolismo da glicose
- Infertilidade
- Depressão e ansiedade
De salientar que estes sintomas podem aparecer aquando da primeira menstruação (menarca). Dado que, nesta fase, o ciclo menstrual ainda está em regulação, é muito fácil que esta síndrome passe despercebida. No entanto, caso dois a três anos após a menarca, a menstruação continuar muito irregular, deverá consultar o ginecologista (2).
E AS CAUSAS da SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS?
A Síndrome dos ovários policísticos é uma desordem do sistema endócrino. Este sistema é responsável pela regulação de inúmeras funções essenciais à vida, como o metabolismo, sono, funções reprodutivas entre outras. A causa da Síndrome dos ovários policísticos não é conhecida, mas sabe-se que fatores genéticos e hormonais associados a um estilo de vida menos saudável, aumentam a probabilidade da sua ocorrência.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico da Síndrome dos ovários policísticos é efetuado através de:
- Avaliação completa da história clinica e sintomas
- Exame físico
- Análises sanguíneas (Níveis de testosterona, FSH, prolactina e TSH)
- Ecografia pélvica para confirmar o diagnóstico
O diagnóstico de Síndrome dos ovários policísticos é feito quando se está na presença de pelo menos duas das seguintes condições:
- Oligomenorreia (menstruação com frequência anormal), amenorreia (falta de menstruação) ou anovulação (falta de ovulação)
- Hiperandrogenismo (Excesso de hormonas masculinas)
- Ovários poliquísticos identificados por ecografia
QUAL O TRATAMENTO?
O tratamento deve ser adequado a cada mulher de acordo com os sintomas e intuito terapêutico. As formas mais comuns de tratamento da Síndrome dos ovários policísticos são (3):
- Uso de pílula anticoncecional específica para SOP
- Exercício físico regular
- Controlo adequado do peso
- Uso de hipoglicemiantes orais ou outros fármacos que estejam indicados para o quadro clínico metabólico em causa
- Uso de fármacos específicos para limitar o excesso de testosterona ou a ação da testosterona existente
- Uso de estimulantes da menstruação
- Redução do stress e ansiedade
Mulheres com síndrome dos ovários policísticos têm maior risco de complicações na gravidez como diabetes gestacional, parto prematuro e pré-eclâmpsia, que são exacerbados pela obesidade. A avaliação pré-concecional é por isso fundamental.
É POSSÍVEL PREVENIR A SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS?
Até ao momento, não é conhecida a prevenção da Síndrome dos ovários policísticos. No entanto, através do controlo adequado do peso e um estilo de vida saudável é possível evitar o desenvolvimento de diabetes e doenças cardiovasculares.
- Sivayoganathan, D., et al. (2017). Polycystic ovary syndrome (PCOS). The Obstetrician & Gynaecologist. 9:119–29 Disponível em: https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/tog.12345
- Christensen, SB., et al. (2013). Prevalence of polycystic ovary syndrome in adolescents. Fertil Steril. 100(2):470-7. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0015-0282(13)00495-0
- Legro, RS., et al. (2013). Diagnosis and treatment of polycystic ovary syndrome: An Endocrine Society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab. 98(12):4565–92. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5399492/