Enfermeira Bárbara Andrade
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08 Mai, 2017 - 16:41

Retinoblastoma: um cancro ocular bastante comum nas crianças

Enfermeira Bárbara Andrade

O retinoblastoma é considerado um tipo de cancro ocular maligno, muito frequente na idade pré-escolar, que se inicia na retina, desenvolvendo-se a partir dos retinoblastos.

Retinoblastoma: um cancro ocular bastante comum nas crianças

O retinoblastoma é um tipo de cancro ocular bastante comum, originário das células da retina, sendo muito comum na idade pediátrica (pode ser detetado logo ao nascimento ou pode aparecer até os 5 anos de idade). É considerado um tumor maligno embrionário, que afeta a parte do olho responsável pela visão.

Este tipo de tumor pode ser unilateral ou bilateral, sendo que este último é agressivo podendo-se tornar fatal quando invade o nervo ótico e posteriormente o sistema nervoso central. Tal como outras formas de cancro, pode iniciar metástases, dando origem a tumores secundários.

Quando o diagnóstico é realizado precocemente, é uma patologia altamente curável e, na maior parte dos casos, com preservação da vida e da visão da criança.

Vários estudos defendem que o retinoblastoma afeta 80% das crianças abaixo dos 3-4 anos, sendo que o diagnóstico em crianças maiores de 6 anos é raro, não existindo uma predisposição especifica para sexo ou raça.

Desta forma, é fundamental, que os pais, pediatras e médicos de medicina geral e familiar, estejam atentos a qualquer sinal de alteração ocular na criança, pois a deteção precoce é essencial.

A patologia pode ser hereditária ou não, sendo que no primeiro caso, existe um acometimento dos dois olhos.

Tipos de Retinoblastoma

tipos de retinoblastoma

Existem duas formas diferentes desta patologia:

  • Unilateral – o tumor afeta apenas um olho;
  • Bilateral – os dois olhos são afetados. Neste caso, a causa do tumor é sempre hereditária.

Causas do Retinoblastoma

As causas exatas desta patologia ainda não são completamente conhecidas, no entanto verificam-se as seguintes:

  • A idade infantil (até aos 6 anos de idade) surge como um fator de risco, principalmente as crianças com até 4 anos de idade, já que 90% dos casos ocorrem nessa faixa etária;
  • Ter um pai com o diagnóstico de retinoblastoma na infância, pois a probabilidade de transmitir o gene mutante (gene RB1) para o filho, é de 50%.
  • Alguns autores falam de uma relação ainda não comprovada, com a presença do vírus do Papiloma Vírus Humano (HPV), causador do cancro do colo do útero.

No caso do retinoblastoma não hereditário, não existe nada que a criança ou pais possam fazer para evitar a patologia, uma vez que não está relacionado com o estilo de vida ou causas ambientais.

Sintomas do Retinoblastoma

estrabismo e retinoblastoma

Os sinais e sintomas deste tipo de tumor dependem do seu tamanho e localização. Entre eles podemos contar com:

  • Leucocoria, que consiste num “reflexo branco” na pupila ou “reflexo de olho de gato”, presente em 90% dos casos diagnosticados. Essa mancha indica que uma fonte de luz está a incidir sobre a superfície do tumor e impede a passagem de luz;
  • Dificuldade visual;
  • Estrabismo;
  • Aparência anormal do olho;
  • Fotofobia (sensibilidade à luz);
  • Inflamações;
  • Conjuntivite;
  • Heterocromia (um olho de cada cor);
  • Sangramento em alguma parte do olho;
  • Glaucoma secundário;
  • Em estados mais avançados, pode-se manifestar como uma massa em órbita e proptose (globo ocular deslocado para fora), ou com acometimento do sistema nervoso central.

Diagnóstico do Retinoblastoma

diagnostico de retinoblastoma

O diagnóstico é realizado através de um exame oftalmológico, no entanto é de extrema importância que, no caso de qualquer anormalidade nos olhos, os pais procurem o médico o mais cedo possível.

Em alguns casos, é necessário a realização de tomografia/ressonância magnética ao crânio e órbita, para avaliar a extensão do tumor.

Quando é estabelecido o diagnóstico, é necessário encaminhar o paciente para um local especializado em oncologia pediátrica e oncologia ocular, de forma a iniciar um tratamento complexo, que envolve uma equipa multidisciplinar, altamente especializada e diferenciada.

Salienta-se novamente que, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, maior são as probabilidades em preservar a visão e vida do paciente.

Tratamento do Retinoblastoma

tratamento retinoblastoma

O tratamento vai ser determinado de acordo com a extensão da doença, ou seja, se o tumor está apenas dentro de um olho (intra-ocular) ou atinge o nervo óptico, se acomete os dois olhos, se tem ou não metástases. Logo, quanto mais precoce a deteção, menos agressivo será o tratamento.

Formas de tratamento disponíveis para este tipo de tumor:

  • Termoterapia transpupilar (TTT), que consiste na aplicação de radiação infravermelha que conduz a hipertermia do tecido do tumor;
  • Crioterapia, reduzindo a temperatura do tecido;
  • Laser;
  • Braquiterapia;
  • Quimioterapia intravítrea ou intra-arterial (quimioterápicos injetados diretamente na artéria oftálmica);
  • Enucleação, ou seja, remoção do globo ocular;
  • Quando há a disseminação (metástase) para o sistema nervoso central ou para outras partes do organismo, utiliza-se a quimioterapia em associação com a radioterapia.

Os objetivos do tratamento desta patologia consistem na preservação da vida e visão da criança.

Prevenção do Retinoblastoma

Não existe maneira de prevenir esta patologia, no entanto um diagnóstico precoce da doença aumenta a probabilidade de se conseguir salvar a visão da criança. Por isso, é fundamental que os pais estejam atentos para qualquer alteração no comportamento ocular do filho e levem-no regularmente ao médico para realizar exames de rotina.

A realização do “teste do olho”, logo após o nascimento e periodicamente até aos 5 anos, é de extrema importância para detetar qualquer alteração no eixo visual, que pode ser confirmada através do exame do fundo de olho.

Como consequência do fator hereditário, os filhos e irmãos de pacientes diagnosticados com retinoblastoma, devem realizar exames periódicos, juntamente com terapia genética para quantificar o risco de desenvolvimento da neoplasia.

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