As tendências no que há conjugalidade diz respeito são bem conhecidas e os números não mentem: redução de 70% na realização de casamentos nos últimos 20 anos. Tem aumentado o número de pessoas que diz “não quero casar”, a idade média para o primeiro casamento tem igualmente aumentado e os números de divórcio, re-casamento e pessoas a viver sós têm também crescido.
Apesar destas tendências estarem já bastante divulgadas, pouco se sabe acerca dos motivos que as justificam. Vamos tentar compreender o que é que as investigações mais recentes nos têm a ensinar acerca desta realidade!
Divórcio e casamento: a realidade portuguesa
As mudanças e as transformações que têm ocorrido no campo das relações familiares são bastante evidentes. O número de casamentos em Portugal tem vindo a diminuir desde a segunda metade da década de 70. Esta tendência acentua-se cada vez mais à medida que nos aproximamos do presente (em 2014, apenas 3,1 portugueses em cada 1.000 casaram).
Este decréscimo verifica-se no primeiro casamento, já que o número de re-casamentos tem vindo a aumentar. Por sua vez, os divórcios registam um aumento bastante significativo (no ano de 2013, em cada 100 casamentos realizados, houve 70 divórcios). Outro dado importante prende-se com a idade do casamento. Em 1990, as mulheres casavam-se, em média, aos 24,6 anos e os homens portugueses casavam-se, em média, aos 26,6 anos. Já em 2014, a idade de matrimónio rondava os 29,4 e os 31,1, respetivamente.
Assim sendo, no nosso país é evidente a tendência de retardamento na entrada na vida conjugal e na parentalidade. Os jovens casam cada vez mais tarde, muito optam por dizer “ não quero casar ” e preferem também ser pais mais tarde.
“Não quero casar!”: a ciência por detrás desta vontade
Ao contrário do que aconteceu durante muitos anos, atualmente a população mais jovem acredita que o casamento não é o único estatuto conjugal nem o mais legítimo.
Casar, sair de casa dos pais, ter filhos e aspirar à felicidade eterna deixou de ser tradição. O casamento perdeu muito do significado que tinha, deixou de ser encarado como garantia de felicidade e deixou de ser visto como objetivo de vida por muitas pessoas. O casamento é cada vez menos encarado como um contrato e a sua natureza vitalícia perdeu a validade que teve outrora. Resume-se a uma relação, com direitos e deveres de ambas as partes, que se deve manter apenas enquanto a vontade das partes assim o entender.
A esta mudança social associa-se o facto de existir uma cada vez maior aceitação quer do divórcio, quer da coabitação, o que reforça que cada vez mais casais optem por apenas viver juntos, ao invés de dizer o “sim”.
As investigações mostram que estas mudanças sociais e a cada vez maior liberdade para escolher como cada pessoa quer viver o amor e a coabitação levou a que as uniões de facto quase duplicassem em dez anos e cada vez mais pessoas optem por não casar.
Podemos dizer que a instituição casamento está cada vez mais em desuso e que a tendência passa pelo emergir de novos tipos de famílias. Os estudos mostram que o facto de cada vez mais a vontade individual se sobrepor aos comportamentos impostos pelas instituições, como o casamento, justifica que haja cada vez mais gente a não querer casar.
Assim sendo, as investigações mostram que atualmente se valoriza, acima de tudo, o projeto familiar e o projeto amoroso. O casamento, enquanto instituição e tradição, perdeu grande parte da representação social que teve outrora.