Enfermeira Bárbara Andrade
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14 Nov, 2018 - 17:47

Microcefalia: quais as consequências desta doença?

Enfermeira Bárbara Andrade

A microcefalia é uma doença detetada durante a gravidez ou após o parto imediato ou tardio, em que se verifica o encerramento precoce dos ossos do crânio.

Microcefalia: quais as consequências desta doença?

Diz-se que estamos perante uma criança com microcefalia quando se verifica que o tamanho da sua cabeça e cérebro são menores do que o esperado para a sua idade, podendo existir como consequência, alterações no seu desenvolvimento mental.

Uma criança com microcefalia pode precisar de cuidados para toda a vida, situação que é normalmente confirmada depois do primeiro ano de vida e irá depender muito do quanto o cérebro se conseguiu desenvolver e que partes do mesmo estão mais comprometidas.

Microcefalia: o que é?

microcefalia e tamanho normal de cabeca

A microcefalia é uma condição neurológica rara, que pode ser classificada da seguinte forma:

  • Primária: quando os ossos do crânio se fecham até aos 7 meses de gravidez;
  • Secundária: quando os ossos se fecham após os 7 meses de gravidez ou após o nascimento do bebé.

Geralmente diz-se que uma criança tem microcefalia quando o recém-nascido nasce com um perímetro cefálico < do que 33 cm ou quando apresenta menos de 42 centímetros de circunferência da cabeça, com um ano e três meses de idade.

Microcefalia: como surge esta doença?

microcefalia e exposicao ao tabaco

A microcefalia pode ser causada por uma série de problemas genéticos ou ambientais, no entanto existem outras possíveis causas, tais como:

  • Malformações do sistema nervoso central;
  • Diminuição do nível de oxigénio no cérebro do feto;
  • Exposição por parte da mãe a cigarros, drogas, álcool e certos produtos químicos na gravidez;
  • Desnutrição grave na gestação;
  • Fenilcetonúria materna (consiste numa doença genética rara, que leva à acumulação de fenilalanina no sangue, sendo que em grandes quantidades se torna tóxica ao organismo);
  • Infeções como a rubéola, toxoplasmose ou citamegalovírus congénito na gravidez;
  • Envenenamento por mercúrio ou cobre;
  • Meningite;
  • HIV por parte da mãe;
  • Exposição à radiação durante a gestação;
  • Uso de medicamentos contra epilepsia, hepatite ou cancro, nos primeiros 3 meses de gravidez;
  • Síndrome de Down.

A doença pode manifestar-se também quando o bebé fica exposto a agentes nocivos no primeiro ano de vida.

Microcefalia: como é realizado o diagnóstico

medico a medir perimetro da cabeca do bebe

A microcefalia normalmente é detectada durante as consultas e exames de rotina pré-natal, ou durante os primeiros exames após o nascimento do bebé.

Frequentemente o médico colocará uma fita métrica em torno da cabeça do bebé para medir o seu tamanho. Esta medida será avaliada várias vezes durante os primeiros anos de vida e comparadas com uma tabela padrão, com o objetivo de determinar se a criança tem microcefalia, ou outros problemas de crescimento.

Microcefalia: quais as possíveis consequências

menina hiperativa

Além do tamanho anormal do perímetro cefálico, o bebé com microcefalia pode apresentar:

  • Dificuldade em aumentar de peso;
  • Deficit intelectual e/ou atraso mental;
  • Atraso nas funções motoras (dificuldades de movimentação e de equilíbrio) e de fala;
  • Deficiência visual ou auditiva;
  • Distorções faciais, devido a paralisia;
  • Nanismo ou baixa estatura;
  • Hiperatividade;
  • Epilepsia;
  • Dificuldades de coordenação e equilíbrio;
  • Alterações neurológicas, como rigidez dos músculos (espasticidade);
  • Autismo.

Microcefalia: tratamento da doenças

fisioterapia para reabilitacao

Não existe um tratamento específico para esta situação, uma vez que a microcefalia não tem cura, pois não se consegue remover o fator que impede o desenvolvimento cerebral.

Se esta união precoce dos ossos acontecer ainda durante a gestação, as consequências são mais graves porque o cérebro pouco se desenvolveu.

No entanto, podem ser tomadas algumas medidas para reduzir os sintomas da doença, tais como:

  1. Fazer uma cirurgia para separar ligeiramente os ossos do crânio (craniossinostose), de forma a evitar a compressão do cérebro, idealmente deve de ser realizada até aos 2 meses de vida;
  2. Ter apoio de uma equipa de fisioterapia para reabilitação ao longo de toda a sua vida, com o objetivo de promover um aumento da sua autonomia física, prevenir complicações respiratórias e úlceras de pressão, bem como melhorar a qualidade de vida da criança;
  3. Toma diária de medicação que ajuda a diminuir/controlar os espasmos musculares;
  4. Como alternativa, se o seu médico concordar, pode ser administrado injeções com botox nos músculos para evitar as contrações musculares involuntárias.

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