Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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20 Nov, 2019 - 10:48

Luxação da rótula em cães: o que é este problema?

Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária

A luxação da rótula em cães é um problema ortopédico bastante frequente, especialmente em raças de porte pequeno. Saiba tudo sobre este problema.

Cão no veterinário a tratar de luxação na rótula

A luxação da rótula em cães é um problema que afeta o joelho e é uma das doenças ortopédicas mais comuns em pequenos animais, podendo afetar gatos e cães, especialmente de pequeno porte.

O que é a luxação da rótula em cães?

Cão com luxação na rótula

A luxação da rótula, ou luxação da patela, em cães é uma condição, geralmente, hereditária, que pode ser transmitida à descendência, sendo por isso que certas raças raças estão mais predispostas para desenvolverem este problema, como os pug, pequinês, Chihuahua. Estes cães não devem ser reproduzidos para evitar a transmissão destas caraterísticas à descendência, pelo que se aconselha a sua castração.

Este problema consiste na ocorrência de deslocamento da rótula, um osso móvel na articulação do joelho. Existem diferentes graus da doença, com sintomatologia mais ou menos intensa, no entanto, quando a rotula se desloca provoca grande dor no cão.

Este deslocamento pode ser de dois tipos diferentes: lateral ou medial. O deslocamento medial é o mais comum, e ocorre deslocamento da rótula para a parte interna no membro, enquanto na lateral, a rótula se desloca para a parte exterior.

Luxação da rótula em cães: causas

Geralmente, este é um problema ortopédico genético e hereditário, no entanto, é possível que possa ocorrer por trauma na região do joelho, em animais mais velhos.

Na maioria das vezes, não é possível detetar o problema ao nascimento, no entanto, já nessa altura é possível observar algumas anomalias conformacionais que depois levam a que esta condição se manifeste.

Luxação da rótula em cães: sintomas

O sinal clínico mais comum e que carateriza este problema é a dor intensa que ocorre quando há deslocamento da rótula. No entanto, de acordo com os sinais clínicos apresentados e deformidades anatómicas presentes, é possível classificar a luxação da rótula em cães em 4 graus.

Estabelecer o grau da luxação da rótula em cães é essencial para estabelecer um diagnóstico e também para a escolha do tratamento de eleição.

Grau 1

No grau 1, por norma o cão não apresenta sintomatologia, e é normalmente detetado através de exame físico numa consulta de rotina. Neste grau o cão na apresenta deformidades ósseas nem claudicação.

O médico veterinário consegue deslocar a rótula manualmente mas esta retorna de imediato quando é largada.

Grau 2

Num grau 2 o cão apresenta claudicação intermitente, ou seja, só manca algumas vezes, o que muitas vezes, leva os tutores a desvalorizar a situação. O que acontece é que ocorre uma luxação patelar espontânea, ou seja, com alguns movimentos a rótula sai do sítio, fazendo com que o animal apresente claudicação, e depois volta espontaneamente.

Um cão com grau 2 de luxação da rótula também não apresenta dor, pois não apresenta, nesta altura, deformidades ósseas. Porém, pode evoluir parra um grau 3 à medida que ocorre erosão das cartilagens ou rutura dos ligamentos.

Grau 3

Neste grau de doença a rótula encontra-se sempre fora do sítio. Todavia, é possível que o médico veterinário a consiga recolocar. Neste caso, as deformidades ósseas são severas e os sinais clínicos também, sendo os mais comuns a claudicação e uma marcha anormal.

Grau 4

Este é o grau mais severo da doença, e consequentemente com sinais clínicos mais graves. Tal como no grau 3, a rótula permanece sempre luxada, ou seja, sempre fora do sítio. No entanto, neste grau, não é possível recoloca-la no local correto.

É costume começar com uma claudicação aguda ou então um agravamento de uma claudicação crónica, que pode ser sinal de ter ocorrido rutura do ligamento cruzado cranial.

Luxação da rótula em cães: diagnóstico

Luxação da rótula em cães: radiografia

O diagnóstico deste problema baseia-se na historia clínica, sintomas apresentados e exame ortopédico, onde o medico veterinário manipula o membro para verificar se existe luxação e qual o grau.

Radiografias aos membros podem ser necessárias de forma a avaliar alterações da conformação óssea e desgaste da cartilagem. A TAC pode também ser um exame complementar útil para verificar as lesões e avaliar o grau da luxação,

Tratamento

O tratamento desta patologia depende do grau, daí que seja extremamente importante classificar o grau da luxação.

Em casos de luxação da rótula em cães de grau 1 e 2 sem sinais clínicos ou sinais clínicos ligeiros está indicado o tratamento conservativo, à base de analgesia e anti-inflamatórios para aliviar a dor do animal. Condroprotetores também pode auxiliar a que ocorra menor desgaste das cartilagens e articulações.

Em situações de grau 2 em que o animal apresente sinais clínicos severos é aconselhável a correção cirúrgica. Tal como em luxações de grau 3 e 4.

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