Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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09 Mar, 2020 - 07:30

Hipotermia no cão: o que é, causas e consequências

Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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A hipotermia no cão é uma situação que pode colocar em risco a vida do seu melhor amigo. Saiba como identificar sinais e como proceder.

Hipotermia no cão: cachorro a aquecer-se no casaco do tutor

Os cães, tal como as pessoas, são seres capazes de regular a sua temperatura corporal. No entanto, por variadas razões, em determinadas situações, existe uma desregulação do organismo que pode levar a uma baixa de temperatura corporal, sem que o próprio organismo consiga reverter a situação. Esta situação denomina-se de hipotermia no cão.

Hipotermia no cão: o que é?

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A hipotermia no cão ocorre quando a perda de calor excede a produção de calor.

Nestas situações, por variadas razões, o organismo do animal deixa de conseguir efetuar a termorregulação e ocorre uma baixa de temperatura corporal relativamente ao valor normal – que nos cães é entre 38 a 39ºC, com variações entre 0,5ºC.   

A hipotermia no cão pode ser considerada ligeira, moderada ou severa, consoante a gravidade da baixa de temperatura corporal.

Hipotermia no cão: Causas

A hipotermia no cão pode ter várias origens, e ser classificada da seguinte forma:

  • Primária ou acidental: em que o animal é exposto por demasiado tempo a temperaturas muito inferiores ao que o seu organismo consegue aguentar
  • Secundária: pode dever-se a vários tipos de anomalias, doenças ou tóxicos

Hipotermia no cão primária

Este tipo de hipotermia pode acontecer em qualquer cão, pois em condições extremas de temperatura baixa, o organismo é incapaz de compensar as perdas de calor levando a que o animal fique gradualmente com a temperatura mais baixa.

No entanto, estas situações são mais frequentes em cachorrinhos e cães idosos, pois são mais sensíveis por terem menos reservas corporais e o seu sistema imunitário é também mais frágil. Assim, especialmente no inverno, é muito importante proteger estes cães mais frágeis do frio.

Hipotermia no cão secundária

Existem várias situações que podem levar a que o animal entre em hipotermia, sem necessariamente estar exposto a temperaturas baixas, podendo até ocorrer em pleno verão com temperaturas ambiente altas. Alguns exemplos:

  • Medicamentos como anestésicos, analgésicos, outros medicamentos que interfiram com o sistema nervoso central
  • Tóxicos como alguns venenos podem causar desregulação do sistema de termorregulação
  • Doenças graves em fase final, em que o animal se encontra extremamente debilitado ou em choque
  • Doenças endócrinas
  • Traumatismos cranianos
  • Tumores no cérebro ou sistema nervoso central

Hipotermia no cão: Fatores predisponentes

Existem vários fatores que podem levar a que uns cães estejam mais suscetíveis a sofrer de hipotermia do que outros. Como:

  1. Idade: cães mais jovens e mais velhos são mais propensos.
  2. Existência de doenças subjacentes.
  3. Presença de infeção grave.
  4. Peso e tamanho do cão: cães mais pequenos e mais magros têm maior probabilidade de sofrerem de hipotermia.
  5. Raça: algumas raças de pelo curto sofrem mais com o frio por estarem menos protegidos do frio e mais facilmente podem entrar em hipotermia.

Sinais de hipotermia no cão

A hipotermia no cão pode levar à morte, portanto é importante que qualquer pessoa consiga identificar sinais de baixa de temperatura, podendo fazer diferença na vida do animal. Em casos de hipotermia, a atuação ao nível de tratamento e reposição de temperatura corporal deve ser o mais rápida possível.

  • Extremidades frias
  • Postura encolhida
  • Tremores
  • Agitação
  • Apatia e letargia, podendo levar a síncope (desmaio)
  • Respiração ofegante
  • Pulso fraco
  • Mucosas azuladas (cianosadas)

O que fazer em caso de hipotermia no cão

Se o seu cão entrar em hipotermia ou começar a exibir sinais de que a sua temperatura corporal a começar a ficar abaixo do normal, a primeira coisa é tentar aquecê-lo. No entanto, a forma como procede é muito importante e pode ser determinante para a vida do cão.

Leve-o de imediato para um local quente

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Se o seu cão estiver na rua ou num local sem aquecimento, a primeira coisa a fazer é recolhê-lo num local abrigado e quente e se possível ligar o aquecimento, para manter o ar quente.

Nunca coloque o animal demasiado próximo de aquecedores, lareiras, nem permita que o ar quente seja direcionado diretamente para o animal. O importante é manter o ar quente para que a temperatura do animal comece a subir gradualmente.

Meça-lhe a temperatura

Para perceber a gravidade da situação deve procurar medir a temperatura corporal do cão, enquanto o aquece. O método mais convencional para a medicação de temperatura em cães é retal, através da introdução de um termómetro lubrificado no reto do animal.

Aqueça o seu corpo

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Se o organismo do animal não estiver a conseguir recuperar as perdas de calor por si só, é importante que seja auxiliado. Para aquecer o cão pode utilizar mantas quentes e botijas de água quente.

Cuidado com a utilização de botijas de água quente, devem sempre ser protegidas para evitar queimaduras. Coloque a botija primeiro perto da sua pele e confirme se a temperatura está aceitável caso contrário pode provocar queimaduras graves no cão.

Alimente-o

Se o animal estiver consciente pode dar-lhe um pouco de água e alimento aquecidos. Este passo só pode ser realizado com o animal consciente, pois em alguns casos de hipotermia em cães estes podem perder a consciência, e, forçar-lhes alimentação ou água pode provocar pneumonia por aspiração.

Leve-o ao médico veterinário

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Depois do cão estar minimamente estabilizado transporte-o até ao médico veterinário para que possa ser avaliado e receber tratamento caso seja necessário.

Por vezes é necessário o recurso a fluidoterapia (soro) aquecido e permanecer numa incubadora, entre outros cuidados que apenas um profissional médico veterinário habilitado o pode fazer.

Caso as tentativas para aquecer o cão sejam infrutíferas, transporte-o de imediato para o veterinário, pois pode estar perante uma situação em que haja alguma doença subjacente, e dessa forma, o aquecimento convencional não será suficiente para estabilizar o animal.

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Fontes

Hypothermia – Jeffrey Todd DVM , Lisa Leigh Powell DVM, DACVECC , em Medicina de Pequenos Animais em Cuidados Críticos , 2009. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/topics/veterinary-science-and-veterinary-medicine/hypothermia

Hypothermia and Frostbite in the Canine – Lori E. Gordon. Disponível em: http://www.usarveterinarygroup.org/docs/HypothermiaAndFrostbiteInTheCanine.pdf

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