O que está na origem da dor de pescoço? Costuma tê-la e não percebe sempre a razão? Este artigo é para si.
O pescoço é formado por vértebras cervicais que articulam com o crânio, com as clavículas e com a coluna vertebral.
Esta parte tão fundamental da nossa estrutura é suportada por vários músculos que dão os movimentos e o peso à cabeça. Encontra-se menos protegida do que o resto da coluna, sendo vulnerável a diversos tipos de lesões que podem causar dor e limitação de movimentos.
Dor de pescoço: principais causas
A dor de pescoço pode envolver lesões nos ossos, músculos, discos ou ligamentos, mas também pode ser causada por lesão nos nervos ou medula espinhal.
Causas mais comuns
- Stresse muscular
- Entorse de ligamentos
- Espasmos musculares
- Artrite (geralmente osteoartrite)
- Espondilose cervical
- Estenose da coluna cervical
- Hérnia
- Espondilolistese
- Fratura por compressão (geralmente torácica ou lombar)
- Fibromialgia
Causas menos comuns
- Rompimento no revestimento de uma artéria do pescoço (dissecção)
- Meningite
- Tumor ou infeção na coluna vertebral
- Torcicolo espasmódico (espasmo grave que faz a cabeça inclinar-se e ter uma rotação, adotando uma posição anormal e em alguns casos os espasmos são rítmicos fazendo com que a cabeça se sacuda)
- Distúrbios gastrointestinais (colescistite, diverticulite, abscessos, pancreatite, úlcera péptica)
- Doenças pélvicas (gestação ectópica, cancro nos ovários, Doença inflamatória pélvica)
- Distúrbios pulmonares pleurite, pneumonia)
- Distúrbios do trato urinário (prostatite, pielonefrite, nefrolitíase)
- Tumores vertebrais metastáticos (mama, pulmão ou próstata)
Quando consultar o médico?
A dor de pescoço, na maioria dos casos, é temporária. Contudo, em algumas situações é necessário um tratamento médico sendo importante dar relevo a sinais de alerta como:
- perda de força ou sensibilidade nos braços e pernas;
- febre ou calafrios;
- dor de cabeça intensa;
- letargia ou confusão mental;
- desconforto no tórax;
- sudorese repentina ou dificuldade em respirar;
- dor que é desencadeada pelo esforço ou que piora durante o esforço;
- alterações gastrointestinais (dor à palpação abdominal, sinais de irritação peritoneal, melenas ou hematoquezia);
- fatores de risco de infeção (imunossupressão, uso de drogas, cirurgia recente, trauma penetrante ou infeção bacteriana);
- dor noturna grave ou incapacitante;
- perda de peso inexplicável.
Como realizar o diagnóstico?
O diagnóstico das dores de pescoço passa pelo exame médico, pela história clínica do utente e pela avaliação da região do pescoço. O estudo radiográfico, por tomografia computorizada ou por ressonância magnética complementa essa avaliação e deve ser solicitado sempre que a dor no pescoço não melhore ao fim de algumas semanas; ou quando existe um traumatismo associado ou a presença dos sinais de alerta.
O exame físico foca a coluna vertebral e o sistema nervoso (exame neurológico), procurando sinais de compressão da medula espinhal ou das raízes nervosas. Com informações acerca da dor, o histórico clínico da pessoa, e os resultados do exame físico, os médicos podem ser capazes de determinar as causas mais prováveis.
A ressonância magnética fornece imagens mais claras dos tecidos moles (incluindo discos e nervos) do que a tomografia computorizada.
A tomografia computorizada fornece melhores imagens dos ossos do que a radiografia simples. A radiografia pode identificar anomalias comuns no osso, como artrite.
Ocasionalmente, a eletromiografia e os estudos de condução nervosa são realizados para avaliar a possível compressão da raiz nervosa.
Qual o tratamento para a dor de pescoço?
A dor músculo-esquelética aguda, com ou sem lesão ou comprometimento de um ou mais nervos e raízes nervosas que passam pela coluna vertebral (radiculopatia) é tratada com:
- medicação (Analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares e/ou corticoides);
- estabilização lombar e exercícios;
- calor ou frio;
- modificação das atividades e do repouso, conforme necessário.
Nos indivíduos com dor de pescoço aguda inespecífica (não radicular), pode-se iniciar o tratamento sem uma avaliação exaustiva para identificar a etiologia. Dor no pescoço, com radiculopatia, por exemplo, se a medula espinhal ou nervo espinhal estiver comprimido, pode ser necessária uma cirurgia.
O médico deve tranquilizar o paciente com dor no pescoço aguda não específica que o prognóstico é positivo e que a atividade e exercício são seguros mesmo quando causam algum desconforto.
Dicas para aliviar a dor de pescoço
- Mexer o pescoço, frequentemente, tentando aumentar a variação de movimentos gradualmente.
- Evitar permanecer sentado por muito tempo, mantendo atividades diárias normais, conforme possível.
- Aplicar calor sobre os músculos da região do pescoço também pode ajudar no relaxamento da musculatura cervical, facilitando alongamentos e diminuindo a inflamação local.
- Se conduzir distâncias longas ou se o tipo de trabalho for maioritariamente sentado, recomenda-se parar e alongar, diminuindo a tensão muscular na zona do pescoço. O banco ou cadeira deve ser regulado de modo a manter as costas direitas.
- Manter a cabeça para trás em direção à coluna, em vez de debruçada para a frente.
- Se possível, dormir de costas e evitar dormir de barriga para baixo. Usar almofada firme e que se adapte à sua curvatura natural do pescoço.
- Usar cinto de segurança e capacete nos desportos motorizados reduz o risco de lesões da coluna cervical.
- Modificar, sempre que possível, as atividades quotidianas que podem contribuir para a dor de pescoço, tais como a posição durante o sono ou quando se está sentado.