Psicóloga Ana Graça
Psicóloga Ana Graça
31 Mai, 2023 - 11:00

Crianças com necessidades especiais: vamos falar deste tema?

Psicóloga Ana Graça

Todos somos diferentes nas nossas características, mas crianças com necessidades especiais precisam de serviços de educação especial.

A maioria das pessoas não imagina o quanto podemos aprender com as crianças com necessidades especiais. Estamos tão presos à perfeição e aos aspetos materiais da vida que nos esquecemos de observar a riqueza oculta em cada pessoa e de apreciar o quanto a diversidade é enriquecedora.

Naturalmente que nem tudo é um mar de rosas e que as famílias com crianças com necessidades especiais têm intensos desafios pela frente, mas o importante é nunca esquecer que é possível ser feliz na diferença.

Crianças com necessidades especiais

Todas as crianças são diferentes e especiais. Cada criança tem o seu próprio ritmo de desenvolvimento e as suas próprias necessidades educativas, que devem ser respeitadas. O que acontece é que algumas delas, dadas as características que apresentam, se tornam muito diferentes dos seus pares.

O termo necessidades educativas especiais refere-se ao desfasamento entre o nível de comportamento ou de realização que a criança apresenta e o que dela seria esperado em função da idade.

Este conceito aplica-se a todas as crianças que apresentam risco de défice cognitivo (por exemplo, deficiência mental), motor (por exemplo, paralisia cerebral), emocional (por exemplo, psicoses), comportamental ou do desenvolvimento, bem como a todas as crianças que necessitam de serviços de saúde específicos por tempo indeterminado.

São consideradas crianças com necessidades especiais todas as que apresentam as seguintes necessidades:

  • problemas motores;
  • dificuldades de aprendizagem;
  • cegos-surdos;
  • deficiência mental;
  • deficiência auditiva;
  • perturbações emocionais graves;
  • problemas de comunicação;
  • deficiência visual;
  • multideficiência;
  • dotados e sobredotados;
  • autismo;
  • traumatismo craniano;
  • outros problemas de saúde.

Crianças com necessidades especiais: desafio para toda a família

Em algum momento, todas as famílias estão sujeitas a algum tipo de alteração na sua dinâmica. De repente pode ocorrer uma crise inesperada, como por exemplo o nascimento de uma criança portadora de um qualquer tipo de necessidade especial.

Receber a notícia de que um filho é portador de necessidades educativas especiais não é fácil. É preciso enfrentar a realidade da perda do bebé idealizado e a existência de um bebé diferente. É uma tarefa árdua e dolorosa para a família.

A família precisa de tempo para fazer o luto da criança idealizada e exteriorizar os seus sentimentos. É através deste processo que a família vai ganhar maior consciência da realidade e aceitar a condição da criança.

Após a fase inicial de impacto vivido pela família, a existência de uma criança com necessidades especiais irá continuar a exigir novas organizações no sistema familiar, para que este consiga responder eficazmente às necessidades da criança. Assim, estas famílias deparam-se diariamente com um sem número de situações e desafios com os quais podem ter grandes dificuldades em lidar.

Muitas vezes, estes pais não têm qualquer tipo de apoio psicológico e, à medida que a criança cresce, outras preocupações surgem, nomeadamente quando se aproxima a idade escolar. Os pais procuram as melhores creches e as melhores escolas mas veem-se confrontados com novas dificuldades: nem sempre a organização escolar está preparada para receber adequadamente crianças com necessidades especiais.

Apesar de todas estas contrariedades e desafios, os pais de crianças com necessidades especiais podem encontrar dentro de si habilidades para reaprenderem a ser uma família feliz.

Escola e Família: trabalho de equipa

O trabalho colaborativo entre os docentes, as famílias, os psicólogos e os restantes elementos da equipa que acompanha a criança é essencial. Cada técnico, com a sua especialidade, ajudará a família e a criança nas seguintes áreas de intervenção:

  • estimulação sensorial (por exemplo, reagir a estímulos visuais);
  • motricidade (por exemplo, controlar a postura);
  • atividades da vida diária (por exemplo, alimentação; vestir; higiene);
  • comunicação;
  • relações interpessoais (por exemplo, reagir ao contacto físico com outra pessoa);
  • cognição (por exemplo, adquirir noções de tamanho, cor e forma);
  • ocupação (por exemplo, realizar trabalhos em madeira);
  • tempos livres.
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