Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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24 Set, 2019 - 15:46

Cardiomiopatia hipertrófica felina: conhece esta doença?

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A cardiomiopatia hipertrófica felina é a doença cardíaca mais frequente em gatos. Saiba tudo sobre esta doença que afeta o coração dos felinos.

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A cardiomiopatia hipertrófica felina é uma doença que pode afetar o coração dos felinos, causando sinais de insuficiência cardíaca. É importante que esta doença seja diagnosticada precocemente de forma a iniciar o tratamento e conseguir melhorar a qualidade de vida do gato aumentado também a sua esperança de vida.

O que é a cardiomiopatia hipertrófica felina?

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A cardiomiopatia hipertrófica felina é uma condição que causa um espessamento das paredes do coração do gato, mais propriamente o ventrículo esquerdo, que é o principal músculo cardíaco com função de bomba. Este espessamento vai provocar um relaxamento anormal do músculo cardíaco e um volume menor da câmara cardíaca.

Por norma, os sinais clínicos surgem entre os 4 e os 7 anos de idade, sendo que até essa altura, apesar de já sofrerem alterações no músculo cardíaco, os gatos são assintomáticos, não apresentam sintomas.

A genética é a principal causa identificada nesta doença, sendo que existe predisposição de algumas raças para o desenvolvimento desta patologia, como Maine Coon, British Shorthair, Ragdoll, Persas e Sphynx. Também é possível que esta doença surja associada a outras como hipertensão arterial sistémica e hipertiroidismo.

Sinais de cardiomiopatia hipertrófica felina

A maioria dos gatos não apresenta qualquer sinal de doença, o que atrasa o diagnóstico e consequentemente o tratamento. Muitas vezes alguns fatores como o stress, cirurgias, doenças sistémicas ou anestesias podem desencadear a doença ou piorar os sintomas.

Os gatos com cardiomiopatia hipertrófica felina podem apresentar os seguintes sintomas:

  • Anorexia
  • Prostração
  • Emagrecimento
  • Dispneia, ou seja, dificuldade respiratória, que pode surgir quando ocorre acumulação de liquido nos pulmões devido à insuficiência cardíaca
  • Intolerância ao exercício físico
  • Síncope, desmaio
  • Tosse
  • Coágulos
  • Morte súbita

É muito frequente que ocorra tromboembolismo aórtico felino derivado a cardiomiopatia hipertrófica felina. Esta condição carateriza-se pela formação de coágulos no coração que circulam nos vasos mais grossos e largos sem problema até perto das artérias, que ramificam para as patas posteriores. Nesse local é comum que provoquem uma obstrução levando à paralisia de ambos ou um dos membros posteriores, fraqueza muscular, dor aguda e também se pode sentir o membro frio, arroxeado e sem sensibilidade.

Trata-se de uma situação muito grave que muitas vezes leva à eutanásia do animal, e deve ser tratado como uma emergência médica, pois quanto mais tempo o gato passar sem auxilio, menor a probabilidade de recuperação.

Diagnóstico de cardiomiopatia hipertrófica felina

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Uma vez que a maioria dos gatos numa fase inicial da doença não manifestam qualquer sintoma, o diagnóstico torna-se complicado. Muitas vezes o diagnóstico é feito devido à deteção de um sopro durante as consultas de rotina, daí a importância de realizar consultas de check-up no médico veterinário.

No entanto, mesmo em casos avançados da doença, pode não ser possível detetar nenhum sopro associado, o que dificulta ainda mais o diagnóstico precoce da doença, ou seja, antes de surgirem sinais clínicos.

Quando há suspeita de cardiomiopatia hipertrófica felina o médico veterinário pode realizar vários exames para confirmar a suspeita, como radiografias, ecocardiografia, ecocardiograma. Também pode ser necessário a realização de exames ao sangue e urina de forma a perceber se existe alguma doença associada que possa ser a causa desta doença cardíaca.

Tratamento de cardiomiopatia hipertrófica felina

O tratamento desta doença cardíaca tem como objetivo diminuir os sinais clínicos no animal, facilitar o enchimento ventricular e prevenir a formação de trombos, ou seja, coágulos. A cardiomiopatia hipertrófica propriamente dita não tem cura, pelo que o tratamento visa melhor a qualidade de vida do animal e aumentar a sua esperança de vida.

Vários medicamentos podem ser utilizados, consoante os sinais clínicos apresentados pelo animal. Caso o animal esteja estável e seja fácil a administração de comprimidos, o médico veterinário pode prescrever medicamentos orais e o tutor pode administrar a medicação em casa diariamente.

Caso o animal esteja num estado de descompensação da doença, pode ser necessária hospitalização e medicamentos intra-venosos. A medicação para gatos com cardiomiopatia hipertrófica felina é uma medicação crónica, ou seja, que na maioria das vezes necessita de ser administrada sempre ao felino, para garantir que este não sofre nenhum desequilíbrio e a doença se mantém controlada.

Caso o animal manifeste mais algum sintoma como por exemplo dispneia, pode ser necessário colocar o gato com oxigénio e medicação para o auxiliar a respirar.

Pode ser necessário realizar várias consultas de controlo, numa fase inicial após o diagnóstico mais regular e, caso o gato esteja estável, poderá começar a ser mais espaçada, no entanto o gato deve ser sempre acompanhado pelo médico veterinário.

Em casos de gatos que sofram uma crise de tromboembolismo aórtico felino, devem ser hospitalizados de imediato pois trata-se de uma emergência médica. O prognóstico para estes casos é mau, e a medicação baseia-se em administração de medicamentos anticoagulantes e analgésicos. Mesmo que os animais reajam bem à medicação, nesta situação devem manter-se hospitalizados e sob vigilância pois há riscos de intoxicação devido a substâncias libertadas aquando a morte dos tecidos.

Fontes

1. Kittleson, M. D. (n.d.).Acquired Heart and Blood Vessel Disorders in Cats. Disponível em: https://www.msdvetmanual.com/cat-owners/heart-and-blood-vessel-disorders-of-cats/acquired-heart-and-blood-vessel-disorders-in-cats?query=feline%20hypertrophic%20cardiomyopathy
2. Fuentes, V. L. (2018). Speckle tracking echocardiography in cats with preclinical hypertrophic cardiomyopathy. Disponível em: https://ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6524080/pdf/JVIM-33-1232.pdf

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