Share the post "Cancro do colo do útero: tudo o que precisa de saber sobre a patologia"
O cancro do colo do útero apesar de afetar maioritariamente as mulheres, também se manifesta nos homens. Estatisticamente, este aparece no top 3 de cancros mais frequentes nas mulheres, juntamente com o cancro da mama e o cancro do intestino ou colón-retal.
Este consiste numa lesão no útero maioritariamente causada pelo HPV, um vírus humano. Cerca de 291 milhões de mulheres em todo o mundo são portadoras do HPV, e 32% estão infetadas pela estirpe 16 ou 18, ou ambas, sendo estas as mais preocupantes e prevalentes.
Em Portugal, todos os anos são diagnosticados 1000 novos casos de cancro do colo do útero sendo este o país da Europa Ocidental com a taxa incidente mais elevada.
Precisamente devido a estes dados, é importante conhecermos esta doença, perceber quais os fatores de risco e quais os sintomas associados, e ainda a melhor forma de o evitarmos.
Sobre o cancro do colo do útero
![cancro do colo do utero HPV](https://cdn.vidaativa.pt/uploads/2019/11/765_360_121578-papilloma-virus-hpv_1554721188.jpg)
As células epiteliais do colo do útero são as responsáveis pela constituição do epitélio que recobre o colo do útero. Estas crescem, dividem-se e, quando envelhecem, morrem, num fenómeno que se chama regeneração celular, fenómeno este que ocorre em quase todas as células do nosso organismo.
Quando as células perdem este mecanismo de auto-controlo e sofrem alterações no DNA, desenvolvem-se células cancerígenas que dão lugar a cancro.
O cancro do colo do útero é, então, um tumor de crescimento lento, podendo levar muitos anos até se manifestar. O tecido do colo do útero começa por sofrer alterações celulares chamadas displasia, onde aparecem células alteradas.
Por esta razão, o exame de Papanicolau, realizado nas consultas de ginecologia, é uma forma muito útil de detetar precocemente o cancro do colo do útero. Na maioria das situações, as células atípicas detetadas neste exame não indicam a presença de cancro. No entanto, com o passar do tempo e sem tratamento adequado, estas células podem vir a transformar-se em células cancerígenas.
A forma mais frequente deste tipo de cancro é o carcinoma pavimentoso ou epidermóide.
Os quatro principais sintomas de cancro do colo do útero:
- Hemorragia vaginal;
- Corrimento vaginal anormal;
- Dor pélvica;
- Dor durante a relação sexual.
Quais são os fatores de risco associados ao cancro do colo do útero?
![cancro do colo do utero toma da pilula](https://cdn.vidaativa.pt/uploads/2019/11/765_360_121585-850-400-109943-worried-woman-reading-contraceptive-pills-leaflet-1544744761_155472127.jpg)
Ainda não foi possível encontrar as causas para o cancro do colo do útero, mas são conhecidos alguns fatores de risco associados e quando presentes em simultâneo, aumentam ainda mais o risco de desenvolver esta doença. Os principais são os seguintes:
1. Infeção pelo vírus Papiloma Humano (HPV)
É o maior fator de risco do cancro do colo do útero. Esta infeção está altamente relacionada com a alteração das célula do útero e que se pode traduzir no desenvolvimento de cancro.
O HPV transmite-se por via sexual com um parceiro já infetado e existem mais de 15 tipos diferentes, sendo os subtipos causados pela estirpe 16 e 18 os mais graves e comuns. É extremamente comum em mulheres jovens na primeira década de atividade sexual.
2. Não fazer exames de rastreio
o cancro do colo do útero é mais frequente em mulheres que não realizam periodicamente o rastreio. Estes rastreio baseia-se no exame de Papanicolau, que é fundamental para detetar esta infecção e a presença de células anormais no colo do útero.
3. Sistema imunitário enfraquecido (o sistema de defesa natural do organismo)
As mulheres com o sistema imunitário mais sensível, em casos de infeção pelo HIV (o vírus da SIDA) apresentam risco aumentado de desenvolver cancro do colo do útero.
4. História sexual
O risco nas mulheres aumenta com o número de parceiros sexuais, ou no caso de os parceiros sexuais terem tido igualmente muitas parceiras sexuais.
5. Ter muitos filhos
Estudos dizem que as mulheres com HPV e que tenham em simultâneo muitos filhos, podem apresentar risco acrescido para o desenvolvimento de cancro do colo do útero.
6. Tabaco
As mulheres fumadoras e com o vírus HPV têm maior risco de desenvolver a doença.
7. Idade
Com o avançar da idade, maior é o risco de desenvolver cancro do colo do útero, principalmente a partir dos 40 anos.
8. Tomar a pílula durante longos períodos de tempo
Em mulheres com HPV, tomar a pílula durante 5 anos ou mais anos pode aumentar o risco de desenvolver cancro do colo do útero.
Formas de prevenção do cancro do colo do útero
![cancro do colo do utero vacinacao](https://cdn.vidaativa.pt/uploads/2019/11/765_360_118644-medicine-and-health-care-concept-doctor-giving-patient-vaccine-insulin-or-vaccination1.jpg)
Hoje em dia já existe uma vacina que protege as mulheres dos subtipos de HPV 16 e 18, os subtipos mais graves. Esta vacina, que até já está implementada no sistema nacional de vacinação em Portugal, está a ser administrada a jovens antes de iniciarem a sua atividade sexual. No entanto, pode também ser administrada depois desta idade, mas terá que ser através do acompanhamento médico.
Além da vacinação contra o HPV, a realização de exames é uma forma muito importante de prevenção. O exame mais comum é o Papanicolau, que deve ser realizado periodicamente pois, este indica a presença desta infeção e a existência de células anormais, bem antes da mulher apresentar sintomas.
Importante salientar que o diagnóstico precoce desta doença é possível e muito importante no crescimento e desenvolvimento deste cancro.
Normalmente as recomendações para a realização deste exame incluem:
- Nas mulheres que já iniciaram a atividade sexual, deve ser feito de 2 em 2 anos e em todas as mulheres a partir dos 21 anos;
- De 3 em 3 anos para mulheres com idade a partir dos 30 anos e com baixo risco, ou seja, com 3 resultados negativos consecutivos em exames para o cancro do colo do útero;
- No caso das mulheres com idade entre os 65 e os 70 anos e que nos últimos 10 anos apresentem 3 resultados consecutivos sem alterações, o médico assistente poderá acordar a suspensão do exame de rastreio do cancro do colo do útero.