Farmacêutica Cátia Rocha
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10 Set, 2018 - 11:00

Gastroenterite aguda: sintomas, tratamento e prevenção

Farmacêutica Cátia Rocha

A gastroenterite aguda é uma inflamação do estômago e intestino, causada mais frequentemente por um vírus, mas também por bactérias e por vezes, parasitas.

Gastroenterite aguda: sintomas, tratamento e prevenção

A gastroenterite aguda define-se como a diminuição de consistência das fezes (líquidas ou semilíquidas) e/ou aumento na frequência das dejeções para mais de 3 em cada 24 horas, com ou sem febre ou vómitos. A diarreia habitualmente dura menos de 7 dias.

A gastroenterite aguda é problema bastante comum na infância e em crianças pequenas.

Crianças até aos 3 anos têm em média 1 a 2 episódios por ano, com um pico de incidência entre os 6 e os 23 meses. A diarreia tem habitualmente duração média de 5 dias.

COMO SE MANIFESTA A GASTROENTERITE AGUDA?

gastroenterite aguda

A doença manifesta-se por diarreia líquida, por vezes com sangue, após período de incubação de 1 a 7 dias.

Os vómitos e a febre podem estar ausentes, suceder ou preceder a diarreia. Quando presentes, habitualmente terminam em poucas horas após hidratação adequada e, no máximo, em 48 horas.

Alguns sintomas podem dar indicação do agente que causa a gastroenterite aguda. A febre elevada (acima dos 40ºC) e a presença de sangue nas fezes são comuns na infeção bacteriana.

A associação de sintomas respiratórios com as infeções víricas está provavelmente relacionada com a época sazonal.

GASTROENTERITE AGUDA NAS CRIANÇAS: PROBLEMA COMUM

crianca com dores

Chama-se rotavírus e é a principal causa de gastroenterite, uma infeção do sistema digestivo com elevada incidência nas crianças, sobretudo até aos cinco anos.

É um vírus que se caracteriza por uma grande facilidade de contágio, o que explica que se propague, com frequência, em espaços onde há muitas crianças concentradas, como escolas e infantários.

Este vírus viaja à boleia das mãos, o que explica o fácil contágio entre as crianças. Afinal, elas levam tudo à boca. Por isso é tão importante incentivá-las a lavar as mãos frequentemente.

A alimentação também tem um papel importante neste ponto: não deve ser interrompida, mas deve ser ligeira, em pequenas quantidades e sem forçar a criança a comer. Durante a diarreia são boas opções:

  • Papa de arroz (não láctea);
  • Arroz, peru, frango ou peixe cozido;
  • Banana e maçã.

Já durante episódios de vómito, as sopas são mais indicadas do que os alimentos sólidos. Alimentos doces e com gordura deverão ser evitados.

Vacinar é prevenir!

Para além das medidas de higiene referidas, a prevenção de diarreia por rotavírus em bebés passa pela vacinação.

A vacina deve ser dada entre as 12 semanas e os 6 meses – informe-se junto do médico pediatra.

COMO TRATAR A GASTROENTERITE AGUDA?

1. Ingestão de líquidos

beber agua de copo

Como há perdas de fluidos, através dos vómitos e diarreia, é necessário compensar com aumento da ingestão de água ou até infusões. Poderá também recorrer-se a soluções de reidratação oral, sobretudo em crianças e idosos, que, para além de água, também contêm sais minerais e açúcar.

2. Consumir alimentos de fácil digestão

pao simples

Carnes de aves (cozida ou grelhada), arroz ou batata cozida, tostas/pão torrado simples, fruta cozida ou banana.

3. Aplicação clínica dos probióticos

probioticos

O uso de probióticos demonstrou ser eficaz na redução do número de dejeções diarreicas, quando associados a gastroenterites agudas virais, bem como na redução de aproximadamente um dia na duração da diarreia.

Isto para sublinhar que os probióticos parecem ser eficazes quando administrados no início da diarreia, como adjuvantes do tratamento da gastroenterite aguda viral.

PREVENÇÃO DA GASTROENTERITE AGUDA

vacina

Estão disponíveis duas vacinas contra o Rotavirus.

A eficácia contra a doença severa por Rotavírus está demonstrada ser superior a 95%. A vacinação é recomendada pelas Sociedades Europeias de Infeciologia e Gastrenterologia Pediátrica.

Do mesmo modo, a Sociedade de Infeciologia Pediátrica e a Secção de Gastrenterologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria recomendam que devem ser levadas em conta as recomendações das Sociedades Europeias, no entanto, a decisão sobre a vacinação deve ser feita em conjunto com os pais tendo em consideração a segurança e eficácia.

Além da vacinação, a prevenção passa essencialmente por medidas de higiene.

  • Higienização adequada das mãos, após idas à casa-de-banho e antes e após a preparação dos alimentos e, também, após a mudança das fraldas dos bebés;
  • Desinfeção (por exemplo com lixívia) das superfícies/objetos que possam estar contaminados.

Deverá ainda ser procurado aconselhamento na consulta do viajante no caso de viajar para países com fracas condições higieno-sanitárias.

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