Farmacêutica Rita Teixeira
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08 Out, 2019 - 15:01

Acromegalia: sintomas, diagnóstico e tratamento

Farmacêutica Rita Teixeira

Com sintomas muito especiais, a acromegalia é uma síndrome que está relacionado com o crescimento anormal de algumas partes do corpo. Venha saber mais.

Em que consiste a acromegalia

Provavelmente nunca ouviu falar de acromegalia, mas de certeza que conhece esta síndrome, pelo menos pelos sintomas que causa.

Quando ocorre em crianças, ao longo do seu crescimento, tem o nome de gigantismo, nos adultos os sinais são um pouco diferentes e tem o nome de acromegalia.

Independentemente da etapa da vida em que ocorre, a essência da síndrome é a mesma: uma exagerada produção e consequente secreção de hormona do crescimento (GH e IGF-1), hormona que, tal como o nome indica, faz o nosso corpo crescer.

É uma doença rara, tendo uma incidência de cerca de quatro casos novos por milhão de habitantes por ano. No entanto devemos conhecê-la e saber reconhecer os seus sinais.

Num caso de acromegalia, o que acontece fisiologicamente?

Médica a ver radiografia de paciente que sofre com acromegalia

Existem duas hormonas que são produzidas em quantidades anormais e que levam a este problema. São elas:

1. Excesso de secreção de hormona de crescimento (GH):

  • Na hipófise – adenoma (98% dos casos)
  • Fora da hipófise – tumor do pâncreas, pulmão, ovário e mama

2. Excesso de secreção do fator estimulante de hormona de crescimento (GHRH):

  • Tumores do sistema nervoso central
  • Tumores do sistema nervosa periférico – carcinoma brônquico, pulmonar e pancreático

Geralmente o intervalo entre o início da doença e o seu diagnóstico é de 12 anos, pois o crescimento anormal demora para ficar claramente distinto do normal. Também tem um índice de mortalidade duas a três vezes maior que a população normal, e as causas de morte são, na sequência cardiovascular, respiratórias e neoplasias.

Sinais típicos da acromegalia

São os sintomas deste problema que o torna tão peculiar uma vez que, muitas vezes, torna-se evidente ao ver um doente que este tem esta doença.

Apesar de ser raro, se houver uma produção excessiva de hormona do crescimento durante a infância, ou seja, antes das placas de crescimento estarem fechadas, o quadro clínico é de gigantismo.

Os ossos do corpo crescem de uma forma excessiva, levando a criança a atingir uma altura exagerada, com braços e pernas muito longos e, como consequência a puberdade é retardada.

No entanto, na maior parte dos casos, ocorre entre os 30 e os 50 anos de idade, muito depois do crescimento ser dado por terminado. O excesso de hormona do crescimento vai causar, em vez de alongamento:

  • Deformações nos ossos de uma forma lenta, o que torna difícil o diagnóstico precoce.
  • Os pés e as mãos tornam-se grandes e inchados e as caraterísticas faciais da pessoa também se tornam ásperas
  • Há um crescimento excessivo do osso do maxilar, podendo levar ao prognatismo que é a protuberância da mandíbula
  • Também a laringe pode tornar-se mais espessa o que faz com que a voz fique mais grossa
  • Verifica-se muitas vezes um aumento da língua, cifose e o crescimento de pelo escuro por todo o corpo

Nas mulheres, é comum que os ciclos menstruais fiquem irregulares e existir a produção de leite materno mesmo quando não estão a amamentar, devido ao aumento da prolactina.

Com o passar dos anos, é também possível que se desenvolva artrite degenerativa incapacitante, diabetes mellitus, hipertensão, insuficiência cardíaca e apneia do sono.

Como é feito o diagnóstico para a acromegalia?

Inicialmente, nas crianças, um rápido crescimento pode parecer normal, mas com o passar do tempo torna-se evidente que algo de errado se passa.

Nos adultos, as mudanças vão sendo induzidas lentamente o que atrasa o diagnóstico da doença. Além das análises ao sangue, muitas vezes o médico também estabelece o diagnóstico com a comparação de fotografias tiradas ao longo dos anos, onde se tornam evidentes alguns sinais característicos da acromegalia.

A radiografia a certas partes do corpo é o passo seguinte, onde se irá verificar espessamento dos ossos e um alargamento dos seios nasais, na radiografia ao crânio, e um alargamento e espessamento dos ossos nos dedos.

Mas a única forma de realmente diagnosticar este problema é com exames ao sangue. Nestes exames, são encontrados níveis muito altos de hormona do crescimento e do fator de crescimento semelhante á insulina 1 (IGF-1).

Para completar este diagnóstico, em adultos, deve também ser realizada uma ressonância magnética para verificar a existência de crescimento anormais na hipófise, como por exemplo tumores, muito típicos em doentes com acromegalia.

A acromegalia tem tratamento?

Cirurgia de hemorroidas: o tratamento definitivo

A interrupção da produção exagerada da hormona de crescimento não é fácil de resolver, apesar de ser possível. O tratamento passa pela realização de uma cirurgia e, na maior parte das vezes, por tratamento farmacológico ou mesmo radioterapia.

1. Tratamento cirúrgico

É considerado o tratamento inicial e mais indicado para a resolução completa deste problema.

É feita a remoção do tumor que causa esta super-produção de GH, sem provocar deficiências ou alterações noutras hormonas da hipófise. No entanto, nem sempre é possível remover completamente o tumor, uma vez que na maior parte dos casos este já apresenta dimensões muito elevadas quando é diagnosticado.

2. Radioterapia

Como tratamento complementar recorre-se à radioterapia. Esta envolve o uso de radiação por supertensão, que acaba por ser menos invasiva para o corpo do que uma cirurgia. Mas o tempo de duração é longo, podendo levar vários anos até ter um efeito completo.

3. Tratamento farmacológico

Por último, existe o tratamento farmacológico que é um recurso quase sempre utilizado, independentemente dos tratamento anteriores serem ou não realizados.

Os medicamentos mais eficazes são aqueles que atuam inibindo a secreção e/ou produção da hormona de crescimento, como por exemplo o octreotido octrayne, administrado numa forma injetável 1 vez por mês.

Este medicamento deve ser receito pelo médico que acompanha o doente e não é um medicamento com ação curativa, terá que ser usado de uma forma contínua.

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